A ONG SerTãoBRás, que defende os produtores de queijo de leite cru no Brasil, divulgou uma foto em sua página no Facebook mostrando a apreensão: “Mais um ataque aos direitos humanos e aos nossos direitos de comermos o que quisermos”, diz a mensagem. “Foi uma ação da Polícia Federal em cumplicidade com o MAPA e o IMA, que nem exames fizeram para averiguar a sanidade dos queijos. Até quando vamos ficar calados e imobilizados diante dessas injustiças?”
Segundo a diretora da Organização, Débora de Carvalho Pereira, os funcionários do MAPA e a Polícia Federal recolheram os queijos por falta de certificação de origem dos alimentos, o que, na prática, mostra a falta de cadastro dos produtores e a ausência de notas fiscais na venda dos produtos. De acordo com Pereira, o prejuízo foi de aproximadamente R$ 120 mil.
A economia da cidade de São Roque de Minas, que tem cerca de sete mil habitantes, gira em torno da produção de queijos de leite cru. De acordo com a SerTãoBrás, são produzidos entre cinco e sete mil quilos de queijo semanalmente pelos produtores da região. No entanto, de acordo com Pereira, muitos queijeiros têm deixado a atividade pelo receio de apreensões fiscais. “Ações como essa acontecem frequentemente e isso gera um clima de medo na cidade. Muitos já estão curtidos nesse medo”, diz.
Para que um produtor possa se cadastrar, é preciso cumprir uma série de requisitos normativos, como o uso de água clorada e leite fermentado, além de questões técnicas como a criação de vestuários nas queijeiras e o azulejamento de todo o local de produção. As exigências vão de encontro ao modo tradicional de fazer queijo da região, com leite cru. Para Débora Pereira, as mais de 900 exigências do MAPA para o cadastro são um empecilho para o produtor artesanal. “Para adaptar o processo de fabricação, seriam necessários mais de 30 mil reais de investimento”, explica.
As informações são do jornal "O Estado de São Paulo".
