Inversão na gangorra. Poucos meses atrás eram os consumidores que chiavam com o preço do leite, alçado à condição de vilão da inflação. Agora, com o produto puxando os índices para baixo, são os produtores que reclamam da queda na remuneração.
Para quem vai ao supermercado e comemora a possibilidade de comprar uma caixa de UHT bem mais barata, uma lembrança: o leite caro de poucos meses atrás também foi resultado de um período de remuneração insatisfatória para a atividade, que levou a diminuição do rebanho, menores investimentos e queda da produção. Ou seja, há o risco de esse novo desequilíbrio, hoje a favor do consumidor, voltar a se inverter.
Levantamento da Associação Gaúcha de Supermercados mostrava, na última semana de julho, o preço médio do litro do longa vida no Estado em R$ 3,79, alta de 80% no ano. Na semana passada, o valor era de R$ 2,57. Divulgado nesta quinta-feira pela Fundação Getulio Vargas, o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) de Porto Alegre teve variação de 0,32% na segunda semana do mês, e o item com a maior contribuição para segurar o indicador foi justamente o leite longa vida, com queda de 11,83%.
– Com pouca rentabilidade, a tendência é o produtor diminuir investimentos, refletindo-se em menor produção depois – alerta Marcio Langer, assessor de política agrícola da Federação dos Trabalhadores na Agricultura.
Langer lembra que, de acordo com os valores de referência do Conseleite, o preço pago ao produtor em julho foi de R$ 1,32. Em novembro, caiu para R$ 0,95. Uma das principais razões é o aumento das importações, principalmente leite em pó, avalia o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat), Alexandre Guerra. De janeiro a outubro, as compras de lácteos do Exterior, principalmente do Uruguai, alcançaram US$ 520,2 milhões, 49% acima de igual período de 2015. Em volume, a importação brasileira cresceu 78% no acumulado do ano.
– A indústria também está trabalhando no vermelho – diz Guerra, referindo-se à redução de preços do longa vida para concorrer com o importado.
Mas há sinais que podem levar a uma reação. Primeiro, a queda de 10% na captação no Estado em novembro devido à sazonalidade e desestímulo à produção. Podem influenciar ainda a recente alta do dólar, desestimulando importações, e o aumento do preço do leite em pó no mercado internacional.
As informações são do Zero Hora.
Leite na gangorra de preços mostra desequilíbrio do mercado no RS
Inversão na gangorra. Poucos meses atrás eram os consumidores que chiavam com o preço do leite, alçado à condição de vilão da inflação. Agora, com o produto puxando os índices para baixo, são os produtores que reclamam da queda na remuneração.
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