Indústria láctea gaúcha é ética e séria, afirma Guerra

Depois de oito etapas da Operação Leite Compensado nos últimos dois anos, a semana passada marcou a chegada, também, dos derivados lácteos às fraudes descobertas na cadeia láctea gaúcha. O esquema de adulteração e sonegação fiscal na produção de queijos pela Laticínios Progresso, de Três de Maio, desmantelado na última terça-feira (16/06) pelo Ministério Público (MP) e que se soma ao cenário de desconfiança dos consumidores com o segmento, também repercute mal, evidentemente, com os representantes do setor.[...]

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Depois de oito etapas da Operação Leite Compensado nos últimos dois anos, a semana passada marcou a chegada, também, dos derivados lácteos às fraudes descobertas na cadeia láctea gaúcha. O esquema de adulteração e sonegação fiscal na produção de queijos pela Laticínios Progresso, de Três de Maio, desmantelado na última terça-feira (16/06) pelo Ministério Público (MP) e que se soma ao cenário de desconfiança dos consumidores com o segmento, também repercute mal, evidentemente, com os representantes do setor.

Para o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat/RS), Alexandre Guerra, a indústria gaúcha segue princípios éticos, investe em tecnologia para barrar falhas. "São fatos isolados e que devem ser tratados, também, de maneira isolada, sem generalizar", argumenta o dirigente da entidade que responde, por meio das médias e grandes indústrias, a quase 90% da produção de laticínios do estado.

Guerra não nega que os problemas repercutem mal com o consumidor, porém ressalta que o estado tem o leite mais monitorado e controlado – o índice de conformidade nas amostras é de 97,4%, acima da média nacional. “Para nós, é prejudicial, é ruim, mas a expectativa que temos é de que o consumidor saiba reconhecer a indústria séria, que investe muito em sistemas de qualidade para que possa oferecer um produto diferenciado (...) Nós, enquanto sindicato, somos defensores dessas ações, até porque isso, além de tudo, cria uma concorrência desleal com a indústria ética, séria e tradicional. Especula-se que vá interferir no consumo de queijos, mas esperamos que o consumidor possa separar e saber medir quem está nesse mercado com história, ética”, relata o presidente.

Quando questionado sobre o que tem sido feito, Guerra conta que a indústria investiu muito em setores de qualidade, laboratórios, equipamentos e ampliou o número de testes – se protegendo, assim, de casos que pudessem vir via transporte, como ocorreu anteriormente. “Estamos fazendo testes, com a Embrapa e uma cooperativa parceira, de medidores de vazão instalados nos tanques de coleta de leite. Eles dão a hora, o local e fazem a separação da amostra de forma automática, sem ter mais acesso do transportador, o que nos dá a rastreabilidade. Muitas empresas já determinaram também que só recolherão leite de quem tem resfriador de expansão direta, ou que só receberá leite de animais controlados de tuberculose e brucelose, por exemplo. As indústrias tem se antecipado à lei e fortalecido cada vez mais a questão de controles e da própria remuneração aos produtores pela qualidade”.

O presidente do Sindilat também mostra não aceitar que as desconfianças repercutam sobre todo o setor – “temos indústrias com profissionais éticos e sérios, que tem de ser valorizados. E a indústria vem fazendo investimentos muito grandes”. Segundo ele a indústria tem consciência de que quem constrói a marca é a própria empresa e que o princípio ético tem de estar acima de tudo.

“O Rio Grande do Sul é exemplo para diversos estados por tudo aquilo que faz na questão do leite. Nossa produtividade por vaca é maior, nossa conformidade é maior. É muito importante o trabalho que tem sido feito pelo MP, mas não se pode generalizar. Temos empresas tradicionais, multinacionais, todo o sistema cooperativo. Vendemos hoje 60% para outros estados e até países, porque temos essa qualidade”, argumenta.

Quando questionado sobre o que mais pode ser feito em contraponto às fraudes ele afirma que a solução é continuar produzindo de forma diferenciada e ofertando produtos dentro dos padrões da IN62. Guerra comenta: “Somos totalmente favoráveis a essas ações do MP, porque não queremos que haja empresas com essa postura. Não podemos aceitar que pessoas sem o princípio ético estejam no meio de um segmento com grande maioria séria, que constrói e valoriza sua marca. Temos fortalecido ainda mais os processos e procedimentos para não ficarmos reféns de nenhum tipo de problema, como acontecia até então, por exemplo, do transporte do leite”.

“Nós também não aceitamos [o cenário da fraude do queijo e consequente concorrência desleal em tais casos], e continuamos apoiando que haja esse tipo de ação, até para proteger a nossa indústria, que tem trabalhado muito para não ter nenhum tipo de problema. Tudo o que fazemos é justamente valorizando qualidade de nossos produtos. Quem tem maior interesse em ter tudo nos padrões é a própria empresa”, finaliza.

As informações são do Jornal do Comércio.
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