Indústria de lácteos enfrenta "tempestade" de excesso de oferta, alerta ministro das Finanças neozelandês

O ministro das Finanças da Nova Zelândia, Bill English, disse que a China está sentada sobre “montanhas” de excesso de produtos lácteos, parte do excedente global, mas que ele continua confiante de que os preços se recuperarão neste ano.

Os preços dos lácteos alcançaram seu menor valor em seis anos em julho, em meio à oferta excessiva global, fazendo com que o dólar neozelandês caia para seu menor nível em seis anos com relação ao dólar americano.

English, que acabou de voltar de uma viagem de uma semana para a China, maior mercado de exportação da Nova Zelândia, disse que havia um cenário de excedente internacional de produtos lácteos que manteria os preços menores durante alguns meses ainda.

Nas últimas semanas, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) destacou um aumento nos estoques de lácteos sendo armazenados na China. “Parece que há quase que literalmente uma montanha de leite em pó nos armazéns da China, mais do que as pessoas pensavam, de forma que pode demorar um pouco mais para resolver isso. Pela forma que isso está sendo descrito para mim, parece que há uma tempestade perfeita de excesso de oferta de leite, influenciada por eventos na Rússia, Europa, China, Nova Zelândia, Austrália e isso levou a esses preços que eu acho que todos consideram, todos acreditam, que são muito baixos para a saúde da indústria de lácteos, seja aqui, seja na China ou na Europa, mas vai levar algum tempo para os preços aumentarem”.

English permaneceu confiante de que haverá uma recuperação nos preços dos lácteos em algum momento em 2015. “Eu não acho que haja muitas dúvidas de que eles aumentarão, é só uma questão de quando e em quanto tempo”.

Estimativas vão de aumento em poucos meses ou de permanência em baixa até o Natal, disse English. “Eu não vi nenhuma estimativa de que levaria anos para resolver”.

Apesar da queda nos preços English disse que não há planos para o Governo fornecer suporte financeiro direto aos produtores, ou passos ativos para diversificar a economia, preferindo deixar isso ao mercado. “O mercado está enviando alguns sinais fortes. Seria difícil para o governo fazer melhor, eu acho. Quando você tem produtos com preços altos, não surpreende que as pessoas produzam um pouco mais desses produtos, mas eu acho que a indústria de lácteos tem sido bastante realista de que os preços mito altos que estavam tendo não durarão”.

O porta-voz das Finanças do Trabalho, Grant Robertson, disse que a posição de English é “imprudentemente complacente” e que deveriam ser tomadas medidas para reduzir a dependência da economia neozelandesa dos lácteos.

“O governo teve seis anos e meio para diversificar a economia e falharam em fazer isso. Eles alertaram que haveria um excedente global de lácteos há pelo menos 18 meses e falharam em responder a isso. Não se trata apenas dos produtores de leite que estão tendo dificuldades, mas sim, de cidades, regiões e comunidades ao redor desses produtores que estão vendo bilhões de dólares saindo de sua economia”.

A reportagem é do NZ Farmer, traduzida pela Equipe MilkPoint.