O município de Congonhas do Norte, na região Central de Minas, agora integra a microrregião produtora do Queijo Minas Artesanal (QMA) do Serro. A inclusão, oficializada na terça-feira (11/11) pelo Governo de Minas, reconhece o modo de fazer dos produtores locais e reforça o valor cultural e econômico do queijo artesanal mineiro.
"Esta inclusão é um reconhecimento do trabalho destes produtores e vai beneficiar o município, a região e o estado. A iniciativa agrega valor ao queijo, divulga o município, estimula a organização dos produtores e incentiva a regularização", destacou o subsecretário de Política e Economia Agropecuária da Secretaria de Agricultura (Seapa-MG), Gilson Sales.
O subsecretário ressaltou ainda os benefícios culturais e o estímulo ao turismo na cidade, conhecida por suas belezas naturais.
Sonho antigo
A diretora de Agroindústria e Cooperativismo da Seapa-MG, Isabela Gruppioni, explicou que a inclusão era uma antiga reivindicação da comunidade queijeira e envolveu produtores, a administração municipal e o Sistema Agricultura do Estado, formado pela Seapa-MG, Emater-MG, Epamig e IMA.
O processo teve início há quatro anos, quando a prefeitura elaborou um dossiê, baseado em pesquisas históricas, sobre o modo de fazer do queijo local. A Associação dos Produtores Artesanais de Queijo do Serro (Apaqs), detentora da Indicação Geográfica do QMA do Serro, aprovou o documento.
Em seguida, o Sistema Agricultura deu continuidade ao processo. Técnicos da Emater-MG realizaram pesquisas de campo que comprovaram a semelhança entre o relevo, o solo, o clima e as receitas dos queijos produzidos em Congonhas do Norte e na microrregião do Serro.
O IMA validou o estudo da Emater-MG e elaborou a portaria publicada no Diário Oficial do Estado, oficializando a inclusão.
“Estou feliz com mais essa entrega. Esse ato de reconhecimento e caracterização do IMA possibilitará aos produtores do município a inclusão do nome da região em seu produto, possibilitando a agregação de valor não só em mercados, mas também em concursos estaduais e nacionais”, celebrou o diretor técnico do IMA, André Almeida Duch.
Ofício passado de geração em geração
O produtor José Tadeu aprendeu a fazer queijo aos cinco anos com o pai, que também começou na infância. Ele lembra que o patriarca tirava o leite, fazia o pingo, espremia a massa em um pano e moldava em formas de madeira. Hoje, aos 49 anos, José produz 28 peças por dia, mantendo viva a receita tradicional da família.
“As vacas é que cuidam da gente. Graças a elas, eu e minha mulher educamos três filhos”, relata ele, acrescentando que ter o selo do famoso QMA do Serro, representa esperança de vender seu queijo para fora da cidade e até outros estados.
“A inserção vai agregar valor ao produto, garantindo mais possibilidades de comercialização porque, hoje, os consumidores querem saber a origem do alimento”, comentou Isabella Gruppioni.
Onze municípios integram microrregião
A microrregião produtora do QMA do Serro agora é composta por Alvorada de Minas, Coluna, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim, Materlândia, Paulistas, Rio Vermelho, Sabinópolis, Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de Minas, Serro e, agora, Congonhas do Norte. A região tem Indicação Geográfica (IG) desde 2011.
“Ter mais um município é um acréscimo gigantesco. São 80 produtores em Congonhas do Norte que fazem um queijo de qualidade excepcional. É muito importante que esses produtores estejam conosco para desenvolvermos juntos nossos projetos”, destacou José Ricardo, presidente da Apaqs.
Em 2002, o modo de fazer do queijo Minas artesanal foi reconhecido na região do Serro pelo Iepha-MG, sendo o primeiro bem cultural registrado em Minas como patrimônio imaterial. Em 2008, o Iphan reconheceu nacionalmente o Modo Artesanal de Fazer o QMA, contemplando as regiões do Serro, da Serra da Canastra e da Serra do Salitre.
As informações são da Agência Minas.