Para ela, num cenário como o atual é essencial que o governo brasileiro incentive a assinatura de acordos comerciais com grandes importadores de alimentos e manufaturados. O principal deles, neste momento, é a União Europeia, destino de 23% das exportações do agronegócio brasileiro, totalizando, em 2012, cerca de US$ 22 bilhões. Os principais produtos da pauta de exportação foram os do complexo soja (36%), café (23%) e carnes (13%).
A negociação entre o Mercosul e os europeus começou há quase 15 anos. As discussões, porém, não têm prosperado, dentre outros motivos, em função de divergências internas do bloco sul-americano, especialmente a Argentina.
“Essas restrições nos levam ao isolamento no comércio mundial, posição danosa especialmente para o agronegócio brasileiro”, afirma a presidente da CNA. “Todos os mercados são importantes, mas os acordos menores não resultam em ampliação significativa das vendas”, completa. Cita como exemplo o acordo firmado pelo Mercosul com a Palestina e com Israel, que implicou o acesso do Brasil a apenas 0,4% do mercado mundial.
Em contrapartida, um acordo com a União Europeia facilitaria o acesso do Brasil a um importante mercado consumidor, que, historicamente, é o principal destino das exportações brasileiras do setor agropecuário. Concluído o processo negociador com os europeus, os produtos brasileiros teriam preferências comerciais significativas. Mas os ganhos não seriam só tarifários. “Acordos promissores, como a parceria com os europeus, trazem inúmeros benefícios, e interferem na economia dos países, principalmente no que diz respeito aos índices de renda, emprego e consumo”, afirma a presidente da CNA.
GRAVIDADE – Além das dificuldades internas que dificultam o avanço das negociações comerciais com a União Europeia, a CNA alerta para o fato de o Brasil ser excluído, a partir de janeiro de 2014, do Sistema Geral de Preferências (SGP) do bloco. Esse sistema permite a redução das tarifas de importação. “A perda das preferências tarifárias atualmente concedidas a cerca de 10% das exportações brasileiras, afetará, principalmente, a venda de frutas, óleo de soja e fumo”, alerta a senadora Kátia Abreu. A União Europeia recebe aproximadamente 70% das exportações brasileiras de frutas.
Segundo a presidente da CNA, outro agravante é que um dos principais concorrentes do Brasil no mercado agrícola, os Estados Unidos, está em plena negociação com a União Europeia. Eles negociam um acordo bilateral que vai contemplar mais de 1/3 do comércio mundial, zerando tarifas de produtos americanos que poderão substituir os brasileiros nas prateleiras da Europa.
As informações são da Assessoria de Comunicação CNA, adaptadas pela Equipe AgriPoint.