Febre do ouro branco chegou ao fim, disseram produtores neozelandeses

A cooperativa neozelandesa de lácteos, Fonterra, reduziu sua previsão de pagamento pelo leite para para NZ$ 3,85 (US$ 2,54) por quilo de sólidos do leite - que equivale a NZ$ 0,32 (US$ 0,21) por quilo de leite e alguns economistas estão alertando que pode haver ainda mais queda, após os preços internacionais dos lácteos terem caído para seu menor valor em 12 anos.[...]

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A cooperativa neozelandesa de lácteos, Fonterra, reduziu sua previsão de pagamento pelo leite para para NZ$ 3,85 (US$ 2,54) por quilo de sólidos do leite – que equivale a NZ$ 0,32 (US$ 0,21) por quilo de leite e alguns economistas estão alertando que pode haver ainda mais queda, após os preços internacionais dos lácteos terem caído para seu menor valor em 12 anos.

O professor de agronegócios da Universidade Massey, Hamish Gow, disse que o mercado provavelmente cairá mais antes de começar a aumentar lentamente. “A febre e a corrida pelo ouro branco terminou e agora precisamos ver quais são nossas expectativas para o futuro, até onde compensa, o que precisamos e onde precisamos colocar nossos recursos e nossas capacidades”.

O produtor de Putaruru, Gray Baldwin, já está espalhando os riscos em suas fazendas e está criando bezerros machos para a produção de carne. “É muito tentador dizer: bem, deixe-me enviar um pouco menos de leite para a Fonterra, liberando alguns pastos e criando animais de corte, porque o mercado para carne bovina realmente está forte no momento”.

O produtor de North Canterbury, Cameron Henderson, disse que estava prendendo a respiração, esperando mais más notícias da Fonterra – que realmente se concretizaram. “Podemos estar enfrentando o pior pagamento em quase 20 anos. É muito desesperador – não há um único produtor que eu conheça que esteja conseguindo fazer dinheiro nesse ano”. Henderson já demitiu trabalhadores e abateu vacas para cortar custos e disse que está agora à mercê de seu banco. “Já estamos bem abaixo de nossos custos de produção e se estamos diante de um pagamento de NZ$ 3,50 (US$ 2,31) por quilo de sólidos do leite [NZ$ 0,29 (US$ 0,19)/kg de leite] para esta safra, já estamos próximos de perder algo entre um quarto e meio milhão de dólares. É realmente uma questão para os bancos sobre o quanto eles estão dispostos a nos apoiar”.

Alguns produtores estão rescindindo contratos de alimentação dos animais e vendendo instalações da fazenda. “Sucatas de aço, peças de tratores, utensílios e outros veículos que podem ser vendidos e que não são absolutamente necessários – isso poderia ajudar a cobrir essa queda”.

Os analistas estimaram que nove em cada dez produtores terão que fazer empréstimos para cobrir suas perdas nessa estação.

Os preços dos lácteos vêm caindo firmemente desde março e o avaliador, David Patterson, notou um efeito nas venda de fazendas. Patterson, que vem avaliando propriedades há 35 anos, disse que a queda nos preços dos lácteos no último mês criou sérias dúvidas.

Alguns compradores foram se afastando dos negócios imobiliários e outros estavam esperando por vendas desesperadas de produtores com problemas financeiros, disse ele. “Estamos ouvindo que há alguns produtores que estão muito tensos e que há uma probabilidade de que algumas dessas fazendas sejam vendidas. Estamos ouvindo outras coisas, como pessoas se retirando de negócios e bancos, onde tinham pré-aprovações, retirando-se dessa pré-aprovações”.

Havia 60 fazendas leiteiras no mercado somente em Southland, mas os compradores interessados eram limitados. Em um caso, uma fazenda leiteira não atraiu nenhuma oferta em leilão. “Há definitivamente uma mudança ocorrendo e eu acho que esperamos com ansiedade o que pode acontecer na primavera, quando as propriedades normalmente voltam ao mercado”.

Marc Elliott, que dirige grupos focados de produtores para o UMR Research, disse que à medida que os produtores enfrentam preços fracos dos lácteos e acumulam dívidas, há mais conversas sobre vendas. “Em que estágio você faz isso? Você espera até mais tarde na estação, quando há potencial de que o preço dos cordeiros possa cair – e então, você realmente estará com problemas – ou faz isso agora?”.

Os próximos meses serão momentos reveladores para muitos produtores, disse Elliott. “A primavera é muito difícil, porque é quando eles estão em parto e eles estão trabalhando bastante por longas horas, e então eles estão sob todo tipo de pressão somente para fazer a fazenda funcionar”. "Se os produtores não estão vendo nenhuma recompensa por seu esforço, é quando as coisas podem ficar realmente difíceis", disse ele.

A Fonterra mesma já está enfrentando um momento difícil, com pressão dos produtores para aumentar seu desempenho e cortar os custos. No mês passado, a Fonterra cortou 500 empregos como parte de uma importante mudança corporativa e anunciará mais redundâncias no próximo mês.

A reportagem é do Rádio NZ, traduzida pela Equipe MilkPoint.
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Ronaldo Marciano Gontijo
RONALDO MARCIANO GONTIJO

BOM DESPACHO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/08/2015

Caro Michel,



Vai depender da crise. Se for apenas do setor leiteiro e o restante da economia estiver aquecido vamos ver muita gente trocando de atividade procurando ganhar mais dinheiro, se for uma crise de toda a economia o pessoal vai continuar no leite. Os que serão menos afetados serão justamente os que estão fazendo tudo errado hoje, pois quando a coisa apertar vão se organizar, reduzir custos e em muitos casos terem uma maior rentabilidade que tem hoje. Já os que não tem nada de errado para concertar, vão ver sua alta rentabilidade ir embora junto com o preço.
Michel Kazanowski
MICHEL KAZANOWSKI

QUEDAS DO IGUAÇU - PARANÁ - OVINOS/CAPRINOS

EM 18/08/2015

E ainda tem brasileiro reclamando da queda de preço e do custo de produção aqui no Brasil.

Mesmo com uma taxa de alavancagem muito superior a brasileira e pagando juros superiores aos nossos (lá não há subsidio como aqui) os produtores ainda tomarão mais dinheiro dos bancos afim de manter seus negócios.

Eles já são muito mais eficientes que nós e terão que ser muito mais afim de manter-se na atividade e também manter a economia neozelandesa, já que o leite é o principal produto de exportação daquele país.

O que tomamos de lição com tudo isso é que não há certeza alguma quando estamos a mercê do mercado. Até agora a produção nacional acompanhou o crescimento da demanda dos brasileiros. Porém com o aumento de consumo per capita perdendo fôlego e a produção nacional crescendo a níveis constantes anualmente, em breve teremos uma oferta significante além da demanda. Assim como o neozelandeses estão sentindo o azedar de seus bolsos os brasileiros passarão pela mesma situação. Quando esse momento chegar e a maré dos preços baixar é que veremos quem está nadando pelado.
Qual a sua dúvida hoje?