Falta mão de obra qualificada para o agronegócio, dizem Embrapa e SNA

O agronegócio brasileiro se tornou um dos mais produtivos do mundo, mas a formação de profissionais não acompanhou a evolução, afirmaram especialistas que participaram ontem (08) do 14º Congresso Agribusiness, promovido pela Sociedade Nacional da Agricultura (SNA). Para o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Lopes, a solução passa pela adequação dos cursos universitários.

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O agronegócio brasileiro se tornou um dos mais produtivos do mundo, mas a formação de profissionais não acompanhou a evolução, afirmaram especialistas que participaram ontem (08) do 14º Congresso Agribusiness, promovido pela Sociedade Nacional da Agricultura (SNA). Para o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Lopes, a solução passa pela adequação dos cursos universitários.


"A complexidade vai marcar a agricultura no futuro. Teremos uma agricultura cada vez mais integrada, com sistemas como lavoura-pecuária e lavoura-pecuária-floresta, exigindo mais cuidado com questões como o meio ambiente. Vamos precisar de pessoas cada vez mais capacitadas e com uma visão ampla do processo. É preciso trabalhar com as universidades para que ajustem seus currículos e sejam adequados à realidade que vivemos e aos novos desafios que estão vindo".

Para Lopes, no entanto, o país tem uma posição privilegiada: "Temos mais de 70 universidades agrárias e institutos que formam técnicos. Só temos que cada vez mais modelar a formação para que tenhamos oferta de profissionais que atendam a um agronegócio tão complexo e tão diverso como é o brasileiro".

O presidente da SNA, Antonio Alvarenga, concordou que a adequação de currículos é um ponto de partida, mas argumentou que é preciso também convencer os jovens de que o campo pode ser promissor. "Nossas instituições de ensino formam profissionais para os centros urbanos. É preciso desenvolver nos alunos, nos universitários, uma consciência de que o setor rural tem mercado, bons salários e grandes oportunidades, e que ele não precisa ficar apenas nos centros urbanos para ser um profissional de sucesso".

Alvarenga destacou a necessidade de profissionais de gestão, como economistas agrícolas. "Hoje o produtor precisa acompanhar o mercado de commodities, a cotação do dólar, os mercados internacionais e conhecer logística. Tem que gerir bem a produção, ganhar produtividade, conhecer técnicas modernas. É um profissional que está sendo muito demandado e que não existe", diz o presidente. Ele recomenda especialização a quem esteja interessado nesse mercado, com bons cursos universitários e cursos de qualificação em órgãos como o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e o Sebrae.

O principal tema do congresso foi a segurança alimentar global e nacional, e o representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Alan Bojanic, afirmou que em um cenário em que a produção de alimentos precisará crescer 20% até 2020, o Brasil poderia contribuir com até 40% dessa expansão.

"Países árabes, do Sul da Ásia e da África não têm possibilidade de aumentar a produção, e a principal fonte, a mais fácil, é a que vai vir do Brasil. Para isso são necessários acordos comerciais para fazer disso uma realidade. Os Estados Unidos e a Ucrânia também são grandes produtores, mas a cota para o Brasil pode chegar a 40%. Estamos falando de daqui a seis anos".

De acordo com a FAO, será preciso aumentar a produção mundial de grãos em 1 bilhão de toneladas até 2050, em um quadro em que as mudanças climáticas e catástrofes naturais podem causar perdas de até 30% da produção. Atualmente, quase 900 milhões de pessoas sofrem com insegurança alimentar no mundo, e, por outro lado, 2 bilhões têm obesidade ou sobrepeso, o que também exige do setor alimentos mais saudáveis para prevenir doenças e gastos com saúde.

As informações são da Agência Brasil, adaptadas pela Equipe AgriPoint.
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LORAINE GOMES RODRIGUES
LORAINE GOMES RODRIGUES

SÃO MIGUEL DO OESTE - SANTA CATARINA - PESQUISA/ENSINO

EM 17/11/2013

Destaco que, existem dezenas de profissionais formados, os  "Bacharéis em Agronegócio", que encontram muitas dificuldades porque, instituições/órgãos governamentais estaduais e federais, não contemplam em seus concursos, profissionais com essa formação. Isso é uma incoerência... profissionais que ficaram aproximadamente 5 anos estudando especificamente temas relacionados ao agronegócio, são discriminados... está mais que na hora de ampliar a visão sobre área de atuação dos profissionais e acabar com corporativismos!
Otavio Cabral Neto
OTAVIO CABRAL NETO

ITAGUAÍ - RIO DE JANEIRO - PESQUISA/ENSINO

EM 11/11/2013

Concordo com os demais comentários acima, principalmente quanto a reformulação da grade curricular dos cursos de Zootecnia, Med. Veterinária e Agronomia onde vejo que nossos alunos saem, muita das vezes, com muito embasamento teórico e muito pouca habilidade e competência prática. Algumas universidades já adotaram o estágio supervisionado ao final do curso para tentar diminuir esse problema. Tudo isso é pertinente....só o que não é pertinente é o Dr. Antônio Alvarenga ficar com esse discurso  de "adequação de currículo, que o campo pode ser promissor, que o setor rural tem mercado, bons salários com grandes oportunidades e que é um profissional que está sendo muito demandado e que não existe" por que ele mesmo decretou o enceramento das atividades do único curso de Zootecnia que existia na cidade do Rio de Janeiro, na extinta Fagram (Faculdade de Ciências Agro-Ambientais) que tinha suas atividades na APA (àrea de preservação ambiental) da SNA no bairro da Penha e era mantida pela SNA a qual hoje ele este senhor é presidente após o falecimento de seu pai Dr. Octavio Alvarenga..... este sim um grande entusiasta do Agribusiness no Brasil.



Abraço a todos
Helder de Arruda Córdova
HELDER DE ARRUDA CÓRDOVA

CASTRO - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 08/11/2013

Carmen,



Quando me refiro a assistência técnica, não é só a prestação de serviços, mas também a assistência dentro do próprio empreendimento, como acontece na agricultura familiar. Aqui no sul alguns produtores tradicionais estão deixando a atividade por não ter sucessor para dar continuidade ao trabalho de vários anos. São propriedades que bem administradas permite renda mensal considerável com qualidade de vida. Portanto a continuidade depende da sucessão familiar que passa pela melhor qualificação da novas gerações papel esse que em parte compete as instituições de ensino.
Carmen Ceres
CARMEN CERES

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAPRINOS DE LEITE

EM 08/11/2013

Pode até ser que as grades curriculares dos curos de graduação precisem de atualização, mas também é fato que existem muitos profissionais da área que têm plena capacidade de ocupar tais cargos. O problema é que o salário no campo, na maioria dos casos, NÃO é atrativo, por isso temos que procurar por grandes empresas da área que se concentram próximas aos centros urbanos, ou então trabalhar como representantes de vendas - que é o trabalho mais perto do campo que conseguimos - em vez de estarmos dentro da propriedade fazendo as coisas acontecerem.
Helder de Arruda Córdova
HELDER DE ARRUDA CÓRDOVA

CASTRO - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 08/11/2013

As grades curriculares dos cursos superiores das Ciências Agrárias precisam ser revistos para mudar o perfil dos futuros técnicos, assim como dos cursos técnicos do ensino médio. Essa mudança passa pelo corpo docente das instituições de ensino  através da contratação e/ou da mudança de atitude dos professores priorizando a formação de técnicos voltados para assistência aos produtores dotando-os de habilidades e competência mais prática do que teóricas.
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