Os preços futuros do leite nos Estados Unidos deverão por um fim à sua longa queda desde 2008 em Chicago à medida que a seca reduz a produção na Nova Zelândia, maior exportador do mundo, forçando a China e outros compradores a importarem mais produtos dos Estados Unidos. As exportações norte-americanas poderão aumentar em 5% nesse ano com relação aos altos níveis de 2012, previu o Conselho de Exportações de Lácteos dos Estados Unidos (USDEC). Os futuros na Chicago Mercantile Exchange (CME) aumentarão em 18%, para US$ 20,50 por 100 libras (US$ 45,19/100 kg), de acordo com a média das estimativas de 10 analistas de uma pesquisa do Bloomberg.
À medida que a demanda global por importações de lácteos está expandindo, a produção está caindo em todos os principais exportadores, exceto Brasil e Estados Unidos, estimou o Rabobank. A pior seca em três décadas já levou os preços do leite em pó a alcançarem recordes na Nova Zelândia, onde a produção pode ser 20% menor do que no ano anterior nos próximos seis meses, disse o banco. Os custos dos lácteos acompanhados pelas Nações Unidas alcançaram seu maior valor em 13 meses em fevereiro, mesmo com o índice de 55 alimentos recuando para seu menor valor em oito meses.
“Se a Nova Zelândia não tiver o produto, e eles são os maiores exportadores à Ásia, eles terão que comprar de nós”, disse o presidente do Hackett Financial Advisers Inc., na Flórida, Shawn Hackett, prevendo preços de até US$ 25 até o final do ano. “É a criação de uma situação de oferta exportável muito escassa”.
O leite Classe III, usado para fazer queijos, aumentou em 1,8%, para US$ 17,29 por 100 libras (US$ 38,11/100 kg) desde 28 de fevereiro, após cair por quatro meses consecutivos. O GSCI Agriculture Index do Standard & Poor de oito commodities caiu em 2,2% nesse mês, enquanto o MSCI All-Country World Index (MXWD) aumentou em 1,4%.
A Nova Zelândia declarou seca em toda a Ilha do Norte, que representa 61% da produção da nação, em 15 de março. A seca poderá custar à economia NZ$ 2 bilhões (US$ 1,67 bilhões), estimou o Governo. O leite em pó no leilão na plataforma GlobalDairyTrade na Nova Zelândia aumentou para um recorde de US$ 5.313 a tonelada em 19 de março. A captação de leite terminará no mesmo nível da estação anterior, disse a Fonterra em 27 de março, reduzindo sua previsão de aumento de 1%.
A China importará 12% mais leite em pó integral e 18% mais de leite em pó desnatado nesse ano, estimou o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Embora a Nova Zelândia deva ser a principal beneficiada desse crescimento, os Estados Unidos têm um “forte posicionamento” na Ásia, disse o USDA. Da última vez que uma seca ameaçou reduzir as ofertas da Nova Zelândia e da Austrália em 2007, os preços futuros em Chicago alcançaram um recorde de US$ 22,45 por 100 libras (US$ 49,49/100 kg).
O impacto da seca na Nova Zelândia nesse ano poderá ser menor do que o previsto, porque a seca veio tarde nessa estação, disse o vice-presidente sênior da divisão de ingredientes da Darigold Inc., Dermot Carey. Para ter um impacto maior, a seca precisaria durar até a próxima estação, disse ele. Isso significaria se estender até junho.
A desaceleração do crescimento econômico também poderá limitar a demanda por leite. O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse, em 28 de fevereiro, que os cortes de gastos do Governo conterão a expansão nos Estados Unidos, onde dados do Dairy Management Inc. e do Symphony IRI Group mostram que as vendas varejistas de leite caíram quase 3% nas últimas 52 semanas. O diretor executivo do Dairy Management, Tom Gallagher, disse que as vendas em alguns varejistas caíram de 8% a 10%.
O aumento das exportações e dos preços é incentivo para os produtores dos Estados Unidos aumentarem a produção, disse o vice-presidente do Commodity & Ingredient Hedging LLC, que aconselha clientes, incluindo produtores de leite, sobre o controle das margens, Chip Whalen.
A produção doméstica aumentará em 0,8%, para 91,57 bilhões de quilos nesse ano, com cada vaca produzindo 9.960 quilos, ou 1,2% a mais, estimou o USDA. A tecnologia e técnicas de reprodução aumentaram o número de bezerras fêmeas e os produtores mantêm os rebanhos jovens abatendo as vacas mais velhas quando sua produção cai.
A indústria de lácteos dos Estados Unidos vendeu mais de 13% de sua produção no ano passado para o exterior, de 3,7% em 1996, de acordo com o USDEC. As exportações de lácteos alcançaram um recorde de US$ 5,21 bilhões em 2012.
“Sem esse mercado de exportação estaríamos nadando em leite”, disse o produtor, Ed Schoen, que cria 180 vacas em sua fazenda perto de Phelps, Nova York. “Destinamos cerca de 13 a 14 quilos em cada 100 quilos de nosso leite ao exterior”.
A reportagem é do Bloomberg, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint.
EUA: Preços futuros do leite aumentarão 18% até o final do ano
Os preços futuros do leite nos Estados Unidos deverão por um fim à sua longa queda desde 2008 à medida que a seca reduz a produção na Nova Zelândia, maior exportador do mundo, forçando a China e outros compradores a importarem mais produtos dos Estados Unidos.
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