Embargo da Rússia abre grande janela para exportações brasileiras
O anúncio de embargo da Rússia à importação de produtos agropecuários dos Estados Unidos e de países da Europa abre "uma grande janela para o Brasil" entrar no mercado russo, na avaliação do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento [...]
Publicado por: MilkPoint
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Ontem (7), a Rússia proibiu a importação de produtos alimentícios de países europeus e dos Estados Unidos, em resposta às sanções ocidentais contra Moscou. Essa proibição inclui carne bovina, suína, aves, peixe, queijo, leite, legumes e frutos provenientes dos Estados Unidos, da União Europeia e também da Austrália, do Canadá e da Noruega. Estados Unidos e Europa decretaram sanções econômicas à Rússia pelo envolvimento na guerra da Ucrânia e apoio aos rebeldes pró-russos no Leste do país.
“Do ponto de vista da política agrícola, é positivo”, disse o secretário. Paludo acrescentou que a Rússia é um grande consumidor não somente de grãos, mas também de carnes.
Para Paludo, a medida do governo russo pode levar a uma “revolução” nas exportações brasileiras de carne, milho e soja. O secretário também avaliou que essa decisão pode ter efeito parecido com a entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2001, quando houve um “abalo sísmico” no mercado de commodities (produtos primários com cotação internacional).
Embargo
A decisão de aumentar as importações brasileiras vem no momento da imposição de sanções contra americanos e europeus, depois que Europa e EUA se uniram para estabelecer o maior embargo contra a Rússia desde o final da Guerra Fria e por conta do comportamento do Kremlin no conflito no Leste da Ucrânia.
"As restrições foram impostas por um ano", declarou o primeiro-ministro Dmitri Medvedev em seu comunicado. "Mas se os nossos parceiros demonstrarem uma atitude construtiva, o governo está disposto a rever os tempos dessas restrições", declarou.
Medvedev também alertou quase imediatamente ao setor privado russo que vai reagir se empresas locais optarem por aumentar preços de seus produtos aos consumidores, tentando lucrar com a situação. "Alerto que isso será tratado de forma severa", indicou. O presidente americano, Barack Obama, alertou que as sanções russas afetariam acima de tudo a população russa.
A Rússia importa US$ 43 bilhões por ano em alimentos e se tornou no maior destino das exportações de produtos agrícolas da UE, além de ser o segundo maior importador de frango americano. Para o governo russo, os europeus podem perder até 12 bilhões de euros com a medida, 10% de tudo o que o bloco exporta ao mundo em alimentos.
Se europeus podem perder bilhões de euros em vendas para o mercado russo, a medida pode favorecer as exportações brasileiras que concorrerem diretamente com a UE pelo mercado de carnes de Moscou.
Nos últimos dias, russos já indicaram que, depois de anos de debates, passaram a reconhecer os certificados sanitários de frigoríficos brasileiros. O governo de Dilma Rousseff ainda recebeu Vladimir Putin e a diplomacia brasileira deixou claro que não pretendia aplicar sanções contra os russos.
Nos últimos anos, o comércio entre Brasil e Rússia sofreu um abalo depois de atingir seu momento máximo em 2011. Naquele ano, as exportações brasileiras atingiram US$ 4,2 bilhões. Mas, no ano seguinte, uma queda de 25% foi registrada. Em 2013, mais uma contração e o volume chegava a apenas US$ 2,9 bilhões.
Embargos contra a carne brasileira, uma economia russa deteriorada e um cenário internacional complicado acabaram afetando as vendas nacionais para o mercado russo. Em 2014, porém, o fluxo voltou a dar sinais de uma retomada. Até junho deste ano, as vendas brasileiras no mercado da Rússia tinham chegado a US$ 1,6 bilhão, um incremento de quase 10% em comparação aos volumes do primeiro semestre de 2013.
No mesmo período, as exportações russas para o Brasil ganharam fôlego. Entre 2010 e 2011, as vendas russas ao mercado brasileiro aumentaram em 54% em grande parte graças à elevação do preço de energia. O ano terminaria com vendas de US$ 2.9 bilhões.
2012 e 2013 registraram uma queda também nas vendas russas ao Brasil, mas em uma proporção menor, de 5% e 4% respectivamente. Já em 2014, as exportações russas voltaram a aumentar e num ritmo superior às vendas brasileiras, atingindo uma alta de 17%. Hoje a vantagem comercial do Brasil que chegou a ser de mais de US$ 1,3 bilhão não passa de US$ 300 milhões.
As informações são do O Estado de São Paulo e da Agência Brasil, adaptadas pela equipe MilkPoint Brasil.
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