Embaixador da ONU defende projeto de lei de SC para queijos artesanais

Carlo Petrini, presidente global do movimento Slow Food e embaixador especial da ONU contra a fome é um dos maiores defensores dos queijos de leite cru.

Publicado por: MilkPoint

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O italiano Carlo Petrini, presidente global do movimento Slow Food e embaixador especial da ONU contra a fome é um dos maiores defensores dos queijos de leite cru no mundo. Em entrevista exclusiva ao Diário Catarinense, ele comenta como é a legislação na União Europeia e a sua visão sobre a importância da preservação desses queijos.

slow food - queijos artesanais
Carlo Petrini na Assembleia Legislativa de SC em novembro, quando defendeu os queijos de leite cru. Foto: Agência AL / Karina Ferreira. 

Quais são as regras para a produção de queijo artesanal de leite cru na União Europeia? O que ainda é proibido? Há polêmica lá como há aqui quanto à comercialização desse tipo de queijo?

A União Europeia desenvolveu uma legislação muito aberta que permite a utilização de leite não pasteurizado, mas nem todas as leis reconheceram adequadamente as diretrizes. Se analisarmos o estado das DOP (denominações de origem protegidas, indicação geográfica definida em lei que protege determinados alimentos regionais e a forma tradicional como são feitos) europeias, percebemos que apenas 8% dos protocolos de produção realmente requerem pasteurização.

39% das DOP obrigam os produtores a usar leite cru, enquanto há 53% das DOP que não contêm indicações específicas sobre o leite cru ou pasteurizado, para que os produtores possam fazer o que quiserem. Felizmente, na Europa, a produção de queijo com leite cru ainda é generalizada entre artesãos e caseiros. Há, naturalmente, pessoas que demonizam o leite cru como sendo não saudável, mas, por sorte, temos uma enorme rede de produtores e consumidores conscientes que consideram os queijos de leite cru uma herança a ser preservada.

Por que é importante que esse tipo de produto seja preservado no Brasil?

Os queijos de leite cru são alimentos extremamente importantes para milhares de famílias de produtores no Brasil e em todo o mundo. Eles sintetizam a relação entre as pessoas, os animais, o ambiente e a bagagem de saberes e técnicas transmitidas de geração em geração em cada território. São também a principal fonte de renda da maioria destes produtores, além de um produto identitário da cultura e central no cotidiano e nas celebrações de várias comunidades. O Brasil, com a diversidade de territórios, climas e técnicas particulares, possui uma diversidade imensa de queijos artesanais ainda pouco conhecida. São produtos excelentes, com características próprias e sabores únicos. Preservar e defender o queijo artesanal de leite cru é garantir a dignidade e a renda dessas famílias, a permanência e a produção sustentável do homem no campo e o nosso direito de escolher, de comer e de compartilhar alimentos especiais.

Qual a expectativa do Slow Food sobre o projeto de lei em defesa dos queijos de leite cru de Santa Catarina?

A expectativa de que esse projeto consiga o máximo de apoio dos deputados para ser aprovado. A população tem que se envolver para não permitir que a indústria faça lobby negativo e para pressionar os seus representantes. Cabe aos interessados participarem. E quando se fala de alimento bom, limpo e justo, os interessados são todas as pessoas.

As informações são do Diário Catarinense.
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Octávio Rossi de Morais
OCTÁVIO ROSSI DE MORAIS

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PESQUISA/ENSINO

EM 13/12/2017

Que boa essa onda dos queijos artesanais e especialmente de leite cru. Espero que possamos aproveitá-la e aprovar leis condizentes com a produção artesanal e que se vise mais o produto final que o processo. A cura e a maturação em prateleiras de madeira, o uso do pingo quando for o caso, entre outras práticas adotadas na produção artesanal fazem toda a diferença e, com boas práticas na produção e armazenamento, não representam riscos para os consumidores.
Qual a sua dúvida hoje?