Dívidas de produtores de leite da Nova Zelândia quase triplicaram em 10 anos
A dívida do setor de lácteos da Nova Zelândia triplicou para NZ$ 34,5 bilhões (US$ 23,01 bilhões) nos últimos 10 anos, à medida que os produtores tomaram muito mais empréstimos. Em 2003, esse valor era de NZ$ 11,3 bilhões (US$ 7,53 bilhões), de acordo com dados do Reserve Bank.[...]
Publicado por: MilkPoint
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Depois do primeiro dos grandes pagamentos pelo leite – de NZ$ 7,59 (US$ 5,06) por quilo de sólidos do leite [equivalente a NZ$ 0,63 (US$ 0,42) por quilo de leite] em 2008 – a dívida da indústria aumentou para NZ$ 28 bilhões (US$ 18,68 bilhões) em 2009, de NZ$ 18 bilhões (US$ 12 bilhões) dois anos antes, em parte devido a uma grande quantidade de compras de terras.
Apesar de as dívidas terem apertado o orçamento dos produtores de leite, outros desafios estão aumentando os custos de produção leiteira.
O economista chefe do ANZ, Cameron Bagrie, disse que à medida que os preços da terra aumentam, os produtores de leite emprestam mais para converter a terra em produção leiteira e para expandir e desenvolver as fazendas.
O custo operacional das fazendas também aumentou, como salários, tarifas locais, custos com veterinário, preços da energia, entre outros.
“Porém, uma enorme quantidade disso é dívida”, disse Bagrie.”Eu acho que uma das lições aqui, particularmente quando você está no setor de commodities ou negócios, é que você precisa aprender a viver com a volatilidade”. A queda nos preços globais dos lácteos foi um evento extremo, disse ele.
Nenhum analista do setor estava preparado para dizer que os produtores estavam sendo autores de sua própria desgraça através de pesados empréstimos nos últimos dez anos. O Reserve Bank disse em seu relatório sobre estabilidade financeira de maio que cerca de 11% das dívidas rurais foram assumidas pelos produtores com fluxo de caixa negativo e altos níveis de dívidas.
Analistas disseram que o setor é muito grande para falir e que os bancos não excluirão a maioria dos produtores rurais, porque têm muito a perder com isso.
O professor de agricultura, Keith Woodford, disse que os bancos apoiariam um produtor de leite médio, cujos custos de serviço de dívidas fosse de cerca de NZ$ 1,20 (US$ 0,80) por quilo.
“Haverá definitivamente um grupo de produtores que está em algum nível de conflito, porque a dívida estará muito alta, mas o produtor médio em longo prazo deverá estar ok”.
Os produtores fizeram um “investimento enorme” em terras. Uma vantagem para a indústria de lácteos foi que esse era tão grande que afetou a taxa de câmbio e forneceu um efeito tampão.
Nas extremidades, os produtores que estão altamente endividados vão falir. “Não há como todos falirem, porque não há mais nada em que a terra possa ser usada que pudesse dar um retorno como o que os lácteos dão”.
Os acionistas serão os mais afetados, porque não estão selecionados para receber os empréstimos sem juros que a Fonterra vem oferecendo por dois anos.
O economista independente, Shamubeel Eaqub, disse que as novas fazendas eram maiores, requeriam mais capitais para plantas e equipamentos e em algumas regiões, como Canterbury, requeriam que os produtores gastassem em esquemas de irrigação. Ele disse que não estava preparado para dizer que a crise foi provocada pelos produtores por assumirem muitas dívidas. Esse é o caso de alguns que estão muito endividados, disse ele. “Não devemos esperar ver falências disseminadas de fazendas ou nada parecido com isso, porque a maioria das dívidas está nas mãos de um número muito pequeno de fazendas. É muito raro que o setor de lácteos como um todo tenha perdas, mas esse ano está sendo um desses anos”.
Vendas forçadas não interessam aos bancos. “Sem dúvida, a indústria de lácteos em nossa economia é muito grande para falir”, disse ele.
A reportagem é do Stuff NZ, traduzida pela Equipe MilkPoint.
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