Hoje (29/10), realizamos o quarto encontro do MilkPoint Experts Feras da Consultoria. Nesta manhã, nossa temática foram os programas bem-sucedidos de assistência em laticínios e cooperativas, abordando pontos como a dinâmica, aprendizados, ferramentas utilizadas e perspectivas futuras.
Iniciando a discussão sobre o tema, contamos com a palestra do Rene Machado, Diretor de Compra de Leite na Nestlé. Para ele, os consultores precisam de um entendimento do cenário macro do leite. “Quando trabalhamos no campo com pecuária leiteira, o primeiro ponto é saber onde estamos. Então, quanto leite produz? Existem indústrias compradoras? Existe competição por matéria-prima?”
Neste cenário, nos últimos dez anos, segundo Machado, o setor lácteo está vivendo um jogo de rouba monte. “Se um produtor cresce a produção, o outro precisa diminuir. Se uma indústria compra mais leite, outra tem que deixar de comprar. Se um consumidor bebeu um copo de leite a mais hoje, outro consumidor deixou de beber esse leite. Então, esse é um cenário que precisamos entender onde estamos pisando.”
Além disso, Rene destacou outro detalhe que acredita ser importante: “os indicadores técnicos sempre devem estar juntos dos indicadores econômicos.” Por fim, Machado ressaltou as oportunidades para os consultores e técnicos, pontuando que a grande janela de oportunidade para os próximos anos é a sustentabilidade.
Fomentando o assunto, Jair da Silva Mello, Gerente de Suprimento de Leite na Cooperativa Central Gaúcha LTDA (CCGL), também trouxe sua visão e experiências sobre os programas bem-sucedidos de assistência em laticínios e cooperativas.
Ressaltando a importância dos programas de assistência técnica, Jair disse que a CCGL entende que “o produtor de leite não cresce, não se profissionaliza e não tem lucro sozinho, sem uma assistência técnica e/ou consultoria profissional, capacitada e comprometida com o resultado.”
Mello também apontou que, atualmente, os produtores gerenciados pela cooperativa crescem 15% ao ano acima dos demais. “Esse é um diferencial do resultado de gerenciamento com aumento de produtividade da terra e vaca, com redução de custos e aumento da margem líquida de lucro. Então, a gestão das propriedades é fundamental.”
Além disso, Jair abordou as ferramentas utilizadas pela assistência técnica. “O perfil do técnico mudou. O técnico/consultor não basta mais ser um excelente especialista em nutrição, reprodução e pastagens. Ele tem que entender do negócio de leite, saber gerir o processo dentro e fora da porteira.”
Neste sentindo, para Jair, os técnicos e consultores precisam saber utilizar programas de gestão, automação e plataformas digitais. “A digitalização e informatização das propriedades é um processo que não tem volta,” ressaltou Jair. Por outro lado, ponderou que “mesmo assim [com a digitalização e informatização] a assistência técnica não deixará de existir. Sistemas e máquinas precisam de pessoas habilitadas.”
Gustavo Rollo, Médico Veterinário formando pela Universidade Federal de Viçosa e Coordenador Fomento da Vigor também trouxe sua contribuição neste quarto encontro do MilkPoint Experts Feras da Consultoria.
Rollo elencou as etapas para a elaboração de um bom programa de assistência técnica: bom diagnóstico, metodologia, indicadores de monitoramento,,objetivos e metas. “A maioria dos projetos [da Vigor] é auditada pelo Ministério da Agricultura pelo Programa Mais Leite Saudável,” apontou.
O palestrante também pontuou os benefícios para os laticínios dos programas de assistência técnica. Primeiramente, ressaltou a “melhoria da qualidade do leite,” com redução na Contagem de Células Somáticas e Contagem Bacteriana.
Em segundo, destacou “a melhoria no crescimento do volume de leite.” Além disso, citou a fidelização do produtor, “é um ponto muito interessante e positivo nos bons projetos de assistência.”
Sobre as perspectivas futuras, Rollo destacou o ESG, eficiência na compra de insumos, uso da tecnologia para aumentar os ganhos da eficiência de processos e o investimento em pessoas. “Investir em pessoas e em conhecimento é o que precisamos para melhorar os processos nas fazendas.”
Também contamos com a participação do Leandro Sampaio, Gerente de Suprimento de leite na Cooperativa Central dos Produtores Rurais (CCPR), que compartilhou sua opinião e vivências.
Em sua palestra, Leandro abordou o case de sucesso da CCPR, em 2018, de implementação de boas práticas no campo. “O principal desafio que nós tínhamos era o tempo. Então, como forma de superá-lo, resolvemos ampliar o poder de ação por meio dos integrantes do nosso time,” explicou.
Sampaio destacou que o programa de boas práticas foi realizado com clareza (aspecto visual), funcionalidade (como criar algo que gere valor para os cooperados com diferentes perfis?) e atratividade (ações que engajassem os produtores e os colaboradores da fazenda).
“Para eles [produtores e colaboradores] estarem engajados, nós precisamos valorizar o trabalho deles, a contribuição de cada um para que a fazenda pudesse ser certificada com a bandeira de nota dez.” Então, “nós fizemos uma capacitação dos ordenhadores e produtores rurais da fazenda, e entregamos para eles um certificado.”
Além disso, Leandro pontuou a importância de desenvolver o produtor, “de modo que ele seja o melhor gestor de sua propriedade; que entenda a fazenda de leite como uma empresa; consiga melhora os números, principalmente de qualidade do leite e produtividade, para que ele seja recompensado em uma maior rentabilidade da atividade,” disse.
Vinícius Nardy, Economista e Analista do MilkPoint Mercado, encerrou a manhã de palestras abordando o fluxo de informações de mercado e o novo perfil do produtor de leite brasileiro. Nardy apontou que neste século, a produção de leite brasileira aumentou consideravelmente, acompanhada de um aumento no volume de leite diário produzido por produtor, ou seja, houve um ganho na produtividade.
“Nós estamos passando a lidar com produtores que são cada vez mais profissionais, cada vez mais especialistas. Então, nós temos cada vez menos a produção de leite como um meio de subsistência. Temos muitos produtores tratando a produção de leite como um negócio,” disse Nardy.
O economista apontou que o campo está cada vez mais conectado, expondo dados de uma pesquisa recente da AMBRA, que mostrou que 74% dos produtores rurais utilizam a internet atualmente.
“Isso acaba sendo muito refletido nas redes sociais. Atualmente, Facebook, Instagram e WhatsApp fazem parte da rotina dos produtores.” Dessa maneira, Vinícius disse que “atualmente, os produtores consumem um volume elevado de informações, que circulam de maneira rápida.”
De acordo com ele, para aquele que enxerga a produção de leite um negócio, o planejamento é parte essencial do processo. Além disso, Nardy também citou exemplos do que o produtor de leite pode fazer com informações de mercado como ajustes da estrutura do rebanho, compra estratégica de insumos (principalmente milho e soja) e ajustes das dietas das diferentes classes de animais.
Este quarto encontro do Feras da Consultoria realmente trouxe insights importantíssimos para o setor leiteiro e os profissionais envolvidos com a produção de leite. Se interessou? O Feras da Consultoria está só começando, ainda dá tempo de participar! Clique aqui e se inscreva agora, todas as palestras ficarão disponíveis na plataforma do evento por 90 dias, você não perde nada!