“Este trabalho de diagnóstico de qualidade do leite é um dos componentes básicos para que possamos cumprir a nossa missão, que é ajudar a pecuária de leite a melhorar a produtividade e a qualidade, por meio de conceitos de gestão pela qualidade total. Sem dados e informação não é possível identificar os problemas e agir para corrigi-los”, aponta Paulo Fernando Machado, professor do Departamento de Zootecnia da Esalq e coordenador da clínica.
“O setor sempre demandou informações precisas sobre a situação atual da qualidade do leite e sua evolução nos últimos anos. Trabalhamos de forma intensa nos últimos 15 anos para que pudéssemos ter um banco de dados sólido e, a partir dele, gerar informações úteis para toda a cadeia”, aponta Laerte Dagher Cassoli, gerente técnico e pesquisador da Clínica do Leite. Hoje a Clínica do Leite analisa aproximadamente 30% do leite cru produzido no Brasil, e compõe a Rede Brasileira de Qualidade do Leite (RBQL) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), sendo também acreditado pelo Inmetro na ISO 17.025.
Em 2016 serão lançadas quatro edições. A primeira publicação trata da Contagem de Células Somáticas (CCS), que é o indicador de sanidade da glândula mamária e da incidência de mastite nos rebanhos. Nas três edições seguintes serão apresentadas informações sobre a composição do leite, contagem bacteriana e resíduos de antibióticos. “Cada uma das quatro edições será revisada e publicada anualmente, incorporando-se as informações do último ano. Além disso, o Mapa da Qualidade tem uma licença Creative Commons, que flexibiliza o uso da informação que está sendo disponibilizada, ou seja, permite que essas informações possam ser usadas de forma livre para que ela permeie toda a cadeia”, explica Henrique Zaparoli Marques, pesquisador da Clínica do Leite.
Apoio
O projeto Mapa da Qualidade conta com o apoio da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), da Viva Lácteos (maior associação da indústria de lácteos) e do MAPA. “O apoio destas instituições reforça a importância de um projeto como este para toda a cadeia”, reforça Cassoli.
Os dados utilizados para elaboração deste diagnóstico são provenientes de indústrias processadoras de leite, que coletam amostras de seus fornecedores, tanto para atendimento da IN-62 como para avaliação da qualidade do leite para programas de pagamento por qualidade. Em 2015 foram 446 indústrias. “Essas amostras são do leite cru, matéria-prima que o produtor vende para a indústria e não do produto final que vai para o consumidor”, explica Cassoli. Essas indústrias estão localizadas em importantes regiões produtoras de leite do Brasil.
A maior parte (46%) está localizada no Estado de Minas Gerais, 42% no Estado de São Paulo e, o restante, nos Estados de Goiás, Paraná, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Ceará e Bahia. Grande parte dessas indústrias está ligada ao Serviço de Inspeção Federal (SIF), seguido de inspeção pelo Serviço de Inspeção Estadual (SIE) e a menor parte delas responde ao Serviço de Inspeção Municipal (SIM). O aumento do número de indústrias atendidas ao longo dos dez anos refletiu diretamente no número de produtores monitorados. Em 2006 eram 17.275 produtores e, em 2015, chegou a 44.703.
Considerando os 44 mil produtores monitorados no ano de 2015, as médias aritmética e geométrica foram de 595 mil células somáticas/mL e 400 mil céls/mL, respectivamente. Isso indica que os rebanhos médios apresentam uma prevalência de cerca de 50%, ou seja, de cada duas vacas ordenhadas, uma está com mastite. Além disso, esses rebanhos estão perdendo em média 6% de sua produção de leite, além de eventuais perdas relacionadas à remuneração pela qualidade. A partir dos resultados de CCS apresentados fica evidente que a mastite é um problema que traz sérios prejuízos a produtores e indústrias. O Mapa da Qualidade estará disponível a partir de 5 de setembro, em formato digital, pelo site da Clínica do Leite.
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As informações são do Jornal USP.