Chuvas podem afetar pico de produção de leite no Sul
Em 24 horas - entre os dias 19 e 20 - choveu quase todo o volume esperado para o mês de julho em algumas cidades do Rio Grande do Sul, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), analisados pelo portal G1. Os números não consideram a enxurrada da última semana, que já havia superado o previsto para o mês. Segundo o Climatempo, de 1ª a 14 de julho ocorreu uma anomalia de chuva em grande parte do estado, com precipitações acima do esperado.[...]
Publicado por: MilkPoint
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Há pessoas desabrigadas por causa das chuvas não só no Rio Grande do Sul, como também no Oeste catarinense, devido à enxurrada que atingiu a região na última semana. Pelo relatório mais recente da Defesa Civil, divulgado na segunda-feira (20/07), subiu para 59 o número de municípios que comunicaram alguma ocorrência relacionada ao fenômeno. Ao menos 26 cidades decretaram situação de emergência.
O MilkPoint entrou em contato com representantes do setor no Sul do país, para obter um melhor panorama de como as chuvas afetam a cadeia leiteira.
A fonte contatada no Rio Grande do Sul ressaltou que as chuvas atrapalham mais especificamente as coletas de leite – devido a não pavimentação de algumas estradas no interior do estado.
“E também, logicamente, essa semana de chuva atrasa o desenvolvimento da pastagem”, complementa. “As chuvas acabam impedindo o crescimento das pastagens pela falta de luminosidade e também limitando, de certa forma, o acesso dos animais ao pasto”, explicou. “A partir do momento que as condições de clima se tornem normais, que haja alguns dias de luminosidade, a tendência é normalizar a situação”.
Quando questionada se as intempéries afetam o volume captado de leite, rebate: “afetado mais é o acesso, não há prejuízo de volume. Porém há uma paralização no crescimento de volume – sendo que agora é uma época que este estaria crescendo dia a dia”. “Essas semanas a produção não cresce, fica paralisada. Acho que pode se recuperar mais adiante, dependendo de como serão as condições”, finalizou.
Já quanto a Santa Catarina, Selvino Giesel, gerente de lácteos da Aurora Alimentos respondeu algumas perguntas para a comunidade MilkPoint.
MilkPoint: Quais os problemas que as chuvas vem ocasionando no setor lácteo?
Selvino Giesel: Essa chuva forte já afetou demais as pastagens. Levou à erosão, acabou com pastos, houve alagamento em muitas regiões e comunidades e produtores que tinham pastagens em beira de rio perderam tudo. Houve uma quantidade de chuvas grande em dias seguidos. Segunda-feira choveu de novo. No RS chove muito e não sabemos se vem para cá.
Havia uma previsão para julho, da produção subir 10%. Ao invés disso, teremos uma queda de 3% em relação a junho.
Além disso, muita gente perdeu leite em função do caminhão não poder chegar. Problemas com bueiros, pontes que caíram, trajetos mais longos: em média os caminhões estão levando uma hora a mais pra chegar ao laticínio, em função de estradas e desvios.
Não tem como quantificar e qualificar ao certo o prejuízo, mas o que está certo é a demora na logística e o volume que, ao invés de 10, 12% de aumento, se persistir o que está acontecendo, será 3% menor.
E o que preocupa é que essas pastagens detonadas agora dificilmente vão se recuperar. Um plantel de vacas numa pastagem com aveia e azevém, num lamaçal, sobra pouca coisa. Para o próximo pastejo está tudo detonado.
MP: Você acredita que isso irá afetar os preços no mercado?
SG: Acredito que as empresas vão ter que rever o próprio mercado como um todo. A safra abundante que normalmente temos aqui e que estava sendo projetada, está bastante comprometida.
MP: Há previsão para que a situação alivie?
SG: Estamos passando pelo fenômeno de El Niño. Já sabíamos que seria um ano chuvoso, mas até semana passada, até acontecerem as chuvas, tudo estava correndo normal. Teve mês que choveu um pouco menos que o previsto, mas agora que desandou a chover, temos uma previsão de ter um ano bastante chuvoso.
MP: Com todo esse problema das chuvas, o pico da produção de leite no Sul será comprometido ou há condições da produção retomar seus níveis normais?
SG: Já foi comprometido. Como vai ser agosto? Nossas pastagens estariam produzindo bem com tempo ‘normal’, teríamos pasto bom até 15, 20 de setembro.
Agora afetou, inclusive através de outros fatores: há comunidades em regiões de bacias irrigadas que foram afetadas, propriedades que ficaram sem o estábulo, sem energia, há propriedades que só estão recebendo de novo a ligação de energia nessa semana.
A previsão para esta semana, segundo a agência EBC, é que as temperaturas caiam em toda a região Sul do país, após os vários dias de chuvas intensas na região.
Equipe MilkPoint.
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EM 25/07/2015