“Minha menina está parando de beber fórmulas lácteas, de forma que tenho que comprar a ela algum leite de boa qualidade”, disse a mãe de 30 anos, Liu Ying, levando um carrinho cheio de vários tipos de leite importado. “Eu não sei qual marca pegar. Talvez, eu pegue algumas de locais renomados na produção mundial de leite, como Holanda, Austrália ou Nova Zelândia”.
Liu disse que sabe que o leite importado, com seu prazo de validade de cinco meses e a longa distância que percorreu até chegar ao mercado, pode não ser tão bom quanto o leite fresco local, mas “a segurança é minha maior preocupação”, disse ela.
De acordo com a Tesco Plc, terceira maior varejista mundial em receita, o leite importado é uma das categorias de mais rápido crescimento em suas 132 lojas chinesas, com os ganhos de vendas nesse ano em cerca de 30%. A varejista com sede no Reino Unido disse que os chineses têm preferência pelo leite da Nova Zelândia e muitos pais compram várias caixas por vez.
O leite importado também é a escolha favorita dos compradores chineses pela internet. Na página da Yihaodian, principal loja online de alimentos, o leite importado está em terceiro lugar entre as principais categorias. Há vários anúncios em flash anunciando a venda de leite, no estilo compre um e leve o segundo grátis.
“Leite importado em temperatura ambiente está disponível no Yihaodian.com desde 2012”, disse a executiva de relações públicas do site que é apoiado pelo Wal-Mart Stores Inc., dos Estados Unidos, Viki Yang. “Vendíamos cerca de um contêiner (aproximadamente 30 toneladas) por mês no começo e agora vendemos mais de quatro contêineres por dia”.
Yang disse que o site Yihaodian tem 74 marcas de leite de 21 países estrangeiros. Os produtos de melhor venda são Oldenburger, da Alemanha, e Devondale, da Austrália. O varejista de e-commerce disse que expandirá seus fornecedores de leite importado para uma ampla gama de países, incluindo o Uruguai, por exemplo, para suprir diferentes demandas de sabores.
De acordo com a Associação da Indústria de Lácteos da China, nos primeiros quatro meses do ano, a China importou 596.200 toneladas em produtos lácteos, 24,6% a mais que no ano anterior. As importações estão sendo direcionadas pelas fórmulas lácteas infantis, que totalizaram 38.900 toneladas nos primeiros quatro meses, 37,2% a mais que no ano anterior, bem como de leite fluido, que foram de 63.700 toneladas nos primeiros quatro meses do ano, um aumento de 164,7% com relação ao ano anterior.
“O consumo doméstico de leite vem aumentando há anos, impulsionado pelo aumento na renda pessoal e na população consumidora de leite”, disse o consultor da Associação de Lácteos da Província de Guanddong, Wang Dingmian. Ele disse que, além do leite fluido, as bebidas a base de leite, queijos importados e iogurtes podem se tornar ainda mais populares.
O gerente geral e especialista da indústria da Mental Marketing Dairy Consulting, de Xangai, Lao Bing, disse: “O aumento do consumo de leite importado terá um impacto negativo na indústria doméstica de lácteos” diante dos preços supostamente competitivos e boas reputações. Porém, ele disse que as maiores vendas de importados são principalmente devido aos medos relacionados ao leite doméstico.
Uma série de escândalos de segurança alimentar envolvendo o leite e fórmulas infantis vem ocorrendo na China desde 2008. “A segurança alimentar não é simplesmente um problema de alimentos, tornando-se um problema social, ou até mesmo, um problema relacionado à imagem nacional”, disse o presidente da China National Cereals, Oils and Foodstuffs Corp, Ning Gaoning, furante o Quinto Fórum de Segurança Alimentar da China. “Grandes produtores de alimentos chineses devem ter um papel importante na segurança alimentar e na qualidade dos produtos, enquanto as companhias médias e pequenas precisam de autodisciplina”.
A reportagem é do China Daily, traduzida e adaptada pela equipe MilkPoint.