China desequilibra mercado internacional de lácteos
Os preços do leite em pó voltam a registrar baixas históricas no mercado internacional. Neste momento, segundo analistas, a grande responsável pelo recuo dos preços do leite em pó é a China, que tem reduzido as compras em decorrência de seus estoques elevados mas desconhecidos e do ritmo mais lento de crescimento.[...]
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Os leilões da plataforma acontecem quinzenalmente e são referência para as negociações de lácteos no mercado internacional. Neste momento, segundo analistas, a grande responsável pelo recuo dos preços do leite em pó é a China, que tem reduzido as compras em decorrência de seus estoques elevados mas desconhecidos e do ritmo mais lento de crescimento de sua economia.
"A China está desequilibrando o mundo", diz Laércio Barbosa, diretor do Laticínios Jussara.
De acordo com Valter Galan, do MilkPoint, consultoria especializada em lácteos, a China tem reduzido as importações na comparação com o ano passado. Dados estatísticos da alfândega do país, compilados pela consultoria, mostram que a China importou entre março e maio deste ano, cerca de 190 mil toneladas entre leite em pó integral e desnatado. No mesmo período de 2014, haviam sido 368 mil toneladas.
Mas o volume de produção nas regiões exportadoras de lácteos também pressiona o mercado, segundo Galan. Esperava-se que a queda das cotações desestimulasse a produção nessas regiões. Isso, no entanto, ainda não ocorre. Esse é o caso da Nova Zelândia, maior exportadora mundial de lácteos. Além disso, o fim do regime de cotas para o segmento na Europa tem incentivado a produção de leite na Irlanda. Outro fator são os estoques elevados, tanto de leite em pó desnatado quanto de integral, nos Estados Unidos e na Europa.
O "derretimento" dos preços internacionais tem impacto sobre o Brasil, já que acaba estimulando as importações de lácteos. As compras já tiveram crescimento expressivo no primeiro semestre e devem continuar avançando, estimam analistas. Isso porque o produto importado está competitivo em relação ao nacional, mesmo com o dólar nos atuais patamares.
De acordo com dados da Secex compilados pelo MilkPoint, entre janeiro e junho deste ano, o Brasil importou 65.916 toneladas de produtos lácteos, 35,1% acima das 48.794 toneladas de igual intervalo de 2014.
O ingresso de lácteos importados no mercado brasileiro pode pressionar os produtos nacionais. Conforme cálculos do MilkPoint, transformados em equivalente leite, entraram no país em lácteos importados entre janeiro e junho deste ano cerca de 522,3 milhões de litros. A produção formal de leite no Brasil em 2014 somou 24,741 bilhões de litros, segundo o IBGE.
Por enquanto, o efeito das importações no mercado doméstico não é significativo, já que a oferta de matéria-prima no Brasil ainda é restrita por causa da entressafra, avalia Laércio Barbosa, da Jussara. Ele avalia, ainda, que o consumo de leite deve estar estável atualmente, uma vez que os preços não têm tido grandes alterações, apesar da importação.
Segundo Barbosa, o leite longa vida no atacado saiu de R$ 2,30 o litro no começo de junho passado para R$ 2,20, preço que se mantém há três semanas.
Para Valter Galan, o "fundo do poço" para o leite no mercado internacional ainda não chegou. "A demanda está muito pequena e não há perspectiva de aumento no curto prazo. Além disso, não vejo recuo expressivo na produção", afirma ele.
A reportagem é do Jornal Valor Econômico.
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