China: demanda por fórmulas infantis deverá dobrar nos próximos 4 anos

O desejo dos chineses por bolsas de grife, casacos e até mesmo uísque escocês pode estar aumentando, mas a demanda por fórmulas infantis está em níveis de bolha. O mercado de US$ 12,5 bilhões em 2012 deverá dobrar nos próximos quatro anos, de acordo com o Euromonitor, quando será responsável por metade das vendas globais. Isso ocorrerá, em parte, devido às crescentes rendas, bem como à melhor distribuição no varejo.

Publicado por: MilkPoint

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O desejo dos chineses por bolsas de grife, casacos e até mesmo uísque escocês pode estar aumentando, mas a demanda por fórmulas infantis está em níveis de bolha. O mercado de US$ 12,5 bilhões em 2012 deverá dobrar nos próximos quatro anos, de acordo com o Euromonitor, quando será responsável por metade das vendas globais. Isso ocorrerá, em parte, devido às crescentes rendas, bem como à melhor distribuição no varejo.

Grande parte do crescimento será de produtos estrangeiros. Os escândalos envolvendo alimentos, começando com o leite contaminado com melamina em 2008 que matou seis bebês e deixou milhares de crianças doentes, fez com que muitos chineses deixassem de consumir marcas locais, apesar dos esforços do Governo para melhorar a indústria doméstica.

Essas dinâmicas atraíram vários processadores e impulsionaram uma guerra de ofertas envolvendo muito dinheiro pela compra da divisão global de nutrição infantil da Pfizer no ano passado, que terminou com o triunfo da Nestlé sobre a francesa Danone com uma oferta de US$ 11,8 bilhões.

Porém, não são só as multinacionais estão entrando no mercado. Estudantes empreendedores, empresários e famílias estão comprando fórmulas em supermercados estrangeiros e enviando por correio ou dentro de malas para a China.
Esse comércio reflete a crescente desconfiança das fórmulas feitas na China, independentemente de o processador ser chinês ou estrangeiro. Esses medos aumentam com as fraudes, como suposta adulteração do leite feita pela Hero Group, da Suíça. A polícia chinesa na semana passada deteve um distribuidor que era suspeito de re-embalar e vender leite em pó sem licença feito pelo grupo suíço.

Isso está forçando os processadores a repensar seus modelos de negócios. A Danone, no mês passado, começou a vender online a fórmula Nutrilon feita na Holanda – essencialmente reconhecendo a demanda de suplementar seu leite produzido localmente. A empresa fez uma parceria com a Tmall, uma loja online pertencente ao grupo Alibaba, para dar aos clientes chineses acesso ao leite oficialmente importado.

O gerente geral da Danone Baby Nutrition em Hong Kong, Brunot Chevot, disse que a medida visa “garantir que os bebês na China tenham acesso à nutrição com a mesma qualidade que qualquer criança na Europa ou na Nova Zelândia”. A ação também garante que parte das margens desviadas por comerciantes não oficiais voltem para a Danone.

As restrições do Governo às vendas de leite em Hong Kong – onde as prateleiras são regularmente esvaziadas durante o Ano Novo Chinês por visitantes – foram introduzidas em fevereiro, impulsionando empresários a olhar mais longe. Aqueles que forem pegos levando mais de duas latas (1,8 quilos) nas alfândegas enfrentarão até dois anos de prisão e uma multa de HK $ 500.000 (US$ 64.398).

A Taobao, uma loja virtual também da Alibaba, ilustra esse ponto. Suas páginas estão cheias de leites para bebês holandeses, alemães ou britânicos para venda a clientes chineses. A autenticidade vem na forma de fotos tiradas nas lojas europeias, como Boots e Tesco.

Na semana após as restrições de Hong Kong entrarem em ação, as vendas de fórmulas lácteas importadas na Taobao aumentaram em 12 vezes com relação ao ano anterior, de acordo com informações do site. As restrições introduzidas nessa semana nas vendas do Reino Unido – com supermercados racionando as compras a duas latas por vez – não passaram despercebidas. Em Norwich, cidade universitária no leste da Inglaterra, os funcionários das lojas disseram que os clientes chineses tentam comprar várias latas de leite em pó para bebês.

“Pessoalmente, conheço cinco ou seis pessoas que estão fazendo isso, mas tenho certeza que há muito mais. Tenho um colega que foi à Nova Zelândia e começou um negócio lá, importando contêineres de fórmulas infantis”, cita Tony Zhang, em Londres. No Reino Unido, ele disse que essas pessoas compram uma lata a preço de varejo, de cerca de £8 (US$ 12,24), e vendem por Rmb 160 (US$ 25,50), tendo um bom lucro.

Porém, alguns de seus conhecidos são ainda mais ambiciosos. “Conheco algumas pessoas que fizeram uma fortuna – com vendas de £30.000 a £50.000 (US$ 45.917 a US$ 76.528,50) por mês. Eles empregam pessoas para comprar e embalar, gerenciando uma loja online. “Eles fazem £3-£5 (US$ 4,6-US$ 7,6) por lata evendem uma quantidade incrível de fórmulas”.

A reportagem é do The Financial Times, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint.
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