Por sua vez, a menor captação reflete as dificuldades para o produtor manter os investimentos na atividade. Conforme pesquisadores do Cepea, insumos importantes como o concentrado e fertilizantes ficaram levemente mais baratos no início deste ano, mas, como esperado, o custo de produção aumentou com o reajuste do salário mínimo, que tem impacto direto nas despesas com mão de obra.
Além dos custos mais altos, outro problema apontado é o forte calor, que reduziu o desempenho produtivo dos animais na maioria das regiões pesquisadas. No Nordeste, em especial, pesa também a escassez de forragem para o rebanho devido à estiagem prolongada. Paralelamente, agentes consultados pelo Cepea relatam que o excesso de chuvas no Sudeste e em algumas regiões do Sul também prejudicou o transporte de leite da propriedade até a plataforma das indústrias.
No segmento de derivados lácteos, fevereiro tem sido um mês de estabilidade, conforme o Cepea. Tanto o preço do leite UHT como do queijo muçarela no atacado do estado de São Paulo seguem praticamente nos mesmos níveis de janeiro.
O leite UHT em fevereiro (cotação até o dia 27) tem média de R$ 1,90/litro e o queijo muçarela, de R$ 11,42/kg, ligeiras reduções de 0,9% e 0,15% em relação a janeiro, respectivamente. Colaboradores do Cepea acreditam que o consumo tenda a aumentar a partir de agora, com a retomada efetiva das aulas, e que os preços devam se recuperar.
Em fevereiro, os preços aumentaram em quase todos os estados da pesquisa Cepea; a exceção foi São Paulo, onde a média foi de R$ 0,9035/litro (preço bruto), com leve redução de 0,7% frente a janeiro. Já na Bahia aconteceu o maior aumento entre os estados da pesquisa, de 7,8% (ou 6,5 centavos por litro), com o litro cotado a R$ 0,8918. Em Goiás, o aumento foi de 1,9% (ou 1,7 centavo por litro), com a média bruta a R$ 0,9223. Logo em seguida esteve Santa Catarina, com alta de 1,54% e média de R$ 0,8772, o que significa 1,3 centavo a mais por litro.
No Paraná, o reajuste foi de 1,52% (1,3 centavo por litro), com a média a R$ 0,8972/litro. Em Minas Gerais, com o aumento de 1,2 centavo, o litro teve média de R$ 0,9050. Por fim, no Rio Grande do Sul, o aumento foi de 1,3% ou 1,1 centavo por litro, sendo média calculada em R$ 0,8364/litro.
Entre os estados que não compõem a “média nacional Cepea”, o maior aumento (1,2%) aconteceu no Espírito Santo, onde o litro foi cotado a R$ 0,8783 (valor bruto). No Rio de Janeiro, o preço do leite aumentou 1% (0,9 centavo), com a média indo a R$ 0,9601/litro. O preço no Ceará teve aumento de 0,8% (0,8 centavo), chegando a R$ 0,9611/litro. Em Mato Grosso do Sul, o preço ficou praticamente estável, com leve alta de 0,4%, com o litro a R$ 0,8039.
Para o mês de março (produção de fevereiro), a maior parte dos representantes de laticínios/cooperativas consultados pelo Cepea (56% dos entrevistados, que representam 52,1% do volume de leite amostrado) acredita em estabilidade nos preços. Já para 34% dos entrevistados (que representam 41,9% do volume de leite amostrado), a expectativa é de nova alta e 10% dos consultados (6% do volume amostrado) acreditam que deve haver queda nas cotações.
Tabela 1. Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquidos) em FEVEREIRO referentes ao leite entregue em JANEIRO
Fonte: Cepea-Esalq/USP.
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Tabela 2. Preços em estados que não estão incluídos na “média nacional” – RJ, MS, ES e CE
Fonte: Cepea-Esalq/USP.
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Gráfico 2: Série de preços médios pagos ao produtor - deflacionada pelo IPCA
(média de RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA)
Fonte: Cepea-Esalq/USP.
A matéria é do Cepea, resumida e adaptada pela Equipe MilkPoint.
