Diferente de mobilizações anteriores da categoria, desta vez o objetivo principal do movimento é provocar a saída da presidente Dilma Rousseff. "A pauta dos caminhoneiros existe, mas não é negociada com este governo podre, que já sinalizou que não vai atender (aos pedidos da classe) e aumentou o óleo diesel duas vezes este ano", falou.
Tradicionalmente, os caminhoneiros defendem, entre outras coisas, o tabelamento dos preços do frete, a redução do valor do diesel e a melhoria das condições das estradas. Roque é caminhoneiro da cidade de Santa Rosa, no noroeste do Rio Grande do Sul. Segundo ele, a paralisação é por tempo indeterminado e não tem volta. "Ou ela (Dilma) renuncia ou vai para o impeachment. Daí sim, quando o governo que está agora sair, vamos começar a tratar da nossa pauta", afirmou.
A declaração de Roque coincide com o discurso da principal liderança do Comando, o caminhoneiro Ivar Schmidt, de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Em mensagens postadas no Facebook, ele deixa claro que a principal reivindicação deste protesto é a saída da presidente Dilma. "Os caminhoneiros acordaram e vão acordar o País também. Não estamos mais fazendo paralisação por nós, agora é pelo Brasil", diz, em um dos vídeos disponíveis na página do movimento na rede social.
O Comando garante que não haverá interrupção no trânsito de ração animal, de cargas vivas (porcos, frangos e bois) e de leite a granel, bem como de remédios, oxigênio e alimentos para hospital.
Bloqueios
Três trechos de rodovias estão bloqueados em Santa Catarina por causa da greve de caminhoneiros. O km 122,8 da BR-280, em São Bento do Sul; o km 21 da SC-486, que liga Brusque a Itajaí; e diversos pontos de rodovias que cruzam Campos Novos, no meio oeste.
Até o momento, porém, a Confederação Nacional do Transporte não divulgou o número de caminhoneiros que aderiram à greve no Estado. Trata-se da terceira manifestação neste ano. Em fevereiro, a paralisação em Santa Catarina durou um mês. Os prejuízos apenas no setor leiteiro ultrapassaram os R$ 20 milhões. Já em março, a greve teve baixa adesão.
O protesto, iniciado nesta madrugada, tem cunho exclusivamente político também em Santa Catarina. Os manifestantes pedem a saída da presidente Dilma Rousseff, assim como a de Eduardo Cunha, presidente da Câmara, e de Renan Calheiros, presidente do Senado. De acordo com o Confederação, há dez reivindicações na pauta grevista, mas todas dependem da aprovação presidencial e legislativa.
Entre os pontos mais urgentes estão a redução do preço do diesel, a criação de uma tabela com valor mínimo de frete, aposentadoria com 25 anos de contribuição e anulação das multas relativas à greve de fevereiro.
A greve dos caminhoneiros afeta também vários trechos de estradas em Minas Gerais. Em João Monlevade (MG), a Rodovia Fernão Dias, BR-381, foi fechada no km 359 por volta das 0h30, segundo a Polícia Rodoviária Federal. Pela manhã, porém, o trânsito já fluía de forma parcial. Também foi fechado na madrugada o km 507 da BR-040, em Ribeirão das Neves (MG). No local, moradores do entorno aproveitaram para reivindicar a construção de uma passarela. No início da tarde, porém, o bloqueio já havia sido desfeito. Também na BR-040, mas em Barbacena (MG), no km 714, a rodovia chegou a ser fechada pelos caminhoneiros e já foi liberada.
Outros protestos de caminhoneiros no Estado são registrados na BR-262, em Igaratinga, e em Conselheiro Lafaiete, onde o bloqueio da pista é parcial.
Multa a caminhoneiro que bloquear estrada será de R$ 1,9 mil
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que trata-se de um “movimento político sem nenhum viés de reivindicação corporativa”. “Nós determinamos que sejam multados todos aqueles que queiram fechar estradas. As multas são altas, é mais de R$ 1.900 em cada multa, para que seja aplicado de pronto”, disse Cardozo.
Para o ministro, a punição é uma medida rigorosa que o governo precisa tomar. "Os sindicatos que representam os caminhoneiros deixam claro que esse é um movimento político. Esta é a razão pela qual, inclusive, além de dizermos que este movimento vai contra o interesse público, vai contra brasileiros e brasileiras, ele exige da parte da Polícia Rodoviária Federal e do Ministerio da Justiça uma ação rigorosa, como vem ocorrendo", declarou.
O movimento não tem adesão total dos caminhoneiros. A Confederação Nacional dos Transportes Autônomos afirmou, em nota, que não concorda com a mobilização, já que a pauta não tem relação com os problemas específicos da categoria. A União Nacional dos Caminhoneiros também informou que discorda dos bloqueios.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística da CUT (CNTTL) também informou, em nota, que o protesto é uma "manobra" de "grupo que tenta usar os caminhoneiros em prol de interesses políticos, que nada têm a ver com a pauta de reivindicações da categoria".
Em entrevista coletiva na manhã desta segunda, o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, afirmou que o movimento tem como objetivo desgastar o governo politicamente.
Entenda o caso: Caminhoneiros fazem protestos em rodovias do Brasil
As informações são do Estadão Conteúdo e do G1.
