O diretor gerente da Murray Goulburn, Gary Helou, disse que a China definirá o comércio global de lácteos pelos próximos 20 anos à medida que as companhias de lácteos australianas se preparam para uma onda de consolidação antecipando o boom de exportação à Ásia.
A batalha acirrada pela compra de A$ 500 milhões (US$ 463,99 milhões) do grupo Warrnambool Cheese & Butter (WCB), de Victoria, na Austrália, colocou a indústria de lácteos no cenário mundial no começo desse ano e levantou o perfil do setor como um potencial exportador para a Austrália.
Porém, assim que a gigante canadense Saputo entrou no mercado australiano com sua compra da WCB – após uma longa e difícil batalha com a Murray Goulburn e Bega Cheese -, ainda existem nove processadores na Austrália e Helou disse que isso tem que mudar. “Existem nove processadores nesse mercado e a maioria deles está focada no mercado doméstico, que é bastante dominado pelo poder do varejo”, disse Helou. Ele disse que nos próximos anos, o número de processadores cairá pela metade e o que, para ele, é uma “revelação inevitável”.
A Murray Goulburn, que comercializa seus produtos sob a marca Devondale, é a terceira maior exportadora de lácteos da Austrália, coletando e processando mais de um terço dos nove bilhões de litros produzidos na Austrália a partir de seus 2.500 produtores acionistas.
Helou disse que, após a batalha pela Warrnambool, está agora focado em pagar aos produtores um preço melhor pelo leite. “É estimulante para os produtores investir em suas próprias fazendas e direcionar a produção. A Austrália deveria estar produzindo mais de nove a 10 bilhões de litros de leite. Nós deveríamos estar produzindo 15 bilhões a 20 bilhões e litros”.
Processadores como Saputo e Murray Goulburn querem que o leite extra se transforme em leite em pó, fórmulas infantis, queijos e outros produtos para alimentar o crescente apetite dos asiáticos por produtos lácteos.
Helou disse que a China “veio do nada” há 10 anos para se tornar o maior importador mundial de lácteos, com o valor anual de suas importações de lácteos aumentando de cerca de A$ 300 milhões (US$ 278,39 milhões) para A$ 6 bilhões (US$ 5,56 bilhões) hoje.
“A China definirá os alimentos lácteos globalmente pelos próximos 10 a 20 anos. O país será dependente das importações e a Austrália tem um papel real a fazer. Isso poderia ser muito próspero”.
A Parmalat Austrália, quinta maior processadora do país e totalmente subsidiária da francesa Lactalis, também está de olho na Ásia. O diretor executivo da Parmalat, Craig Garvin, disse que a reputação da Austrália como um produtor limpo e verde significa que o produto australiano é altamente valorizado nos mercados asiáticos. “Sabemos pelas pesquisas que fizemos que a Ásia valoriza muito a qualidade dos produtos australianos”.
Garvin também acha que a consolidação é inevitável, à medida que os membros do setor constroem escala para maximizar as oportunidades de exportação da Austrália. “Veremos mais consolidação. Na Austrália, domesticamente, você precisará ter escala para competir. O número de competidores que temos agora é insustentável”.
Uma empresa que todos estão de olho é a Lion, que pertence ao grupo japonês de alimentos e bebidas, Kirin. A Lion amortizou centenas de milhões de dólares de seus ativos de lácteos na Austrália e recentemente perdeu uma série de grandes contratos para abastecer importantes supermercados. O novo gerente de lácteos e bebidas da Lion, Peter West, dará suas primeiras entrevistas nessa semana para falar sobre sua visão para um negócio que precisa de uma mudança dramática.
A reportagem é do The Australian Financial Review, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint Brasil.
Em 21/05/14 – 1 Dólar Australiano = US$ 0,92798
1,07744 Dólar Australiano = US$ 1 (Fonte: Oanda.com)
Australiana Murray Goulburn disse que China definirá comércio de lácteos "por 20 anos"
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