O relaxamento da política que permite ter apenas um filho na China, que tem gerado expectativas de aumento na demanda por alimentos e, em particular, por lácteos, pode não se mostrar tão favorável como muitos acreditam, disse o Credit Suisse.
Muitos disseram que as taxas de natalidade na China aumentarão de forma significativa graças ao relaxamento das leis que limitam as famílias a ter somente um filho, com a Universidade da Califórnia prevendo um aumento de até 2 milhões de nascimentos por ano.
De fato, o impacto imediato no mercado do anúncio levou ao aumento das ações de grupos de lácteos chineses, como as fabricantes de leite em pó, Yashili International e China Mengniu Dairy. Entretanto, o Credit Suisse disse que o aumento nos nascimentos pode ser de menos de 1,2 milhão por ano, um fator que pode conter o aumento na demanda por lácteos.
De fato, quase dois terços das famílias chinesas já são isentas das políticas rígidas de apenas um filho, considerando as exceções que já são aplicadas em áreas rurais para aqueles cujo primeiro filho é uma menina, para algumas minorias étnicas e para casais em que ambos são filhos únicos.
De fato, a taxa de fertilidade chinesa, que o Banco Mundial vê como 1,7 filho por casa, já é relativamente alta e bem acima da taxa de 1,1 em Hong Kong e Taiwan.
Fatores econômicos “também terão um papel” em limitar a taxa de natalidade, com 68% das mulheres trabalhando, enquanto o potencial por uma burocracia enorme para obter a permissão para uma segunda criança também pode agir como impedimento, disse o Credit Suisse.
A previsão de um impacto limitado também foi apoiada por uma pesquisa que mostrou que poucos casais desejam mais um filho, e com precedentes em Ghangzhou e Nanjing, onde as leis foram relaxadas em 2000, mostrando somente um pequeno aumento nas taxas de natalidade a partir até 2009, de 1,4% e 0,7%, respectivamente.
Os comentários foram feitos depois que o banco reduziu em €3 (US$ 4,10) para €46 (US$ 62,88) seu preço alvo para ações da francesa Danone, importante fornecedor ao mercado de nutrição de bebês chinês, enquanto mantém uma classificação de “baixo desempenho” nas ações.
O grupo, que opera na China através da marca Dumex, também sofreu os efeitos do furor causado pela contaminação de leite em pó da Fonterra em agosto que, embora tenha se mostrado infundado, levantou preocupações de segurança alimentar sobre produtos de companhias como a Danone, que usam esse produto.
“A experiência das marcas locais que precisaram lutar para se recuperar do escândalo de contaminação com melamina em 2008 mostra o quão frágil essa confiança é e o quão difícil é recuperá-la”.
Além disso, os fornecedores de leite em pó estrangeiros enfrentam pressão das autoridades para limitar os preços – que custam duas vezes mais na China do que em mercados como França, Rússia e Reino Unido, de acordo com o Credit Suisse – e dos esforços para intensificar a concorrência doméstica.
De fato, o banco destacou a preferência pela China Mengniu, na qual a dinamarquesa Arla comprou 5% de ações no ano passado, como sua “favorita” no mercado de lácteos da China. “Ao alavancar o know how de produtos da Arla e com a extensiva rede de distribuição de Yashili, acreditamos que a Mengniu está bem posicionada para capitalizar sobre a demanda de rápido crescimento da China para fórmulas infantis e com a mudança da política de apenas um filho”.
A reportagem é do Agrimoney, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint.
Foto: my.theasianparent.com