Por sua vez, quando se avaliam valores da cotação do dólar “blue” (paralelo), o leite mostra um exemplo e atraso cambial. Isso em meio às queixas dos produtores pelas diferenças enormes entre o que recebem pelo litro de leite e o preço pelo qual o produto é vendido no varejo.
Dentro do aumento do custo de vida na Argentina nos últimos anos, os preços dos alimentos foram os mais castigados pela inflação. Entre eles, o leite, outro paradoxo argentino. Em um levantamento feito pelo Âmbito Financeiro em diferentes supermercados do mundo, evidencia-se que pelo câmbio oficial, os preços do leite na Argentina, integral e em embalagem Tetra Brick de um litro, superam de longe os preços da Inglaterra, Estados Unidos e Espanha, entre outros.
Hoje, em Londres, uma das cidades mais caras do mundo, o litro de leite custa 0,80 libras esterlinas. Pelo câmbio oficial de 5,45 (5,45 pesos = US$ 1), esse preço equivale a 6,59 pesos (US$ 1,19), muito menos que na Argentina. No entanto, considerando-se o tipo de câmbio paralelo, o leite é vendido nesse país da Europa a 10,28 pesos (US$ 1,86), um pouco mais que a média do leite na Argentina, que está em 9,50 pesos (US$ 1,72).
Entre os países onde se fez o levantamento, evidencia-se que o litro de leite mais barato, em qualquer câmbio, é o da Espanha, um país em crise e onde na equivalência com a moeda oficial, o produto custa 4,38 pesos (US$ 0,79) e com o “blue”, custa 6,84 pesos (US$ 1,24).
Os dois países que têm uma diferença maior quanto ao preço do produto (nesse caso, em dólar paralelo) são Brasil e Israel, que se destacam por seus altos preços em diferentes moedas. Em ambos, paga-se 11,47 pesos (US$ 2,08) pelo litro de leite. No entanto, fica abaixo dos 9,50 pesos da Argentina comparando-se com o dólar oficial, já que se paga 7,35 pesos e 7,13 pesos (US$ 1,33 e US$ 1,29), respectivamente.
Em Miami, uma cidade que encanta os argentinos nas férias (e ultimamente na hora de investir), um litro de leite custa somente US$ 1.
A diferença entre o que sai o leite na Europa e o que custa na Argentina, país produtor de lácteos, evidencia que há um tipo de dólar atrasado. Com essa moeda a 5,45, dentro dos sete países avaliados, a Argentina encabeça o ranking dos mais caros. Por sua vez, quando se considera o dólar “blue”, o país ocupa o quinto posto, mas com uma diferença que diminui, considerando que se toma um preço médio do leite de 9,50 pesos. Algumas marcas chegam a vender o leite a 11 pesos (US$ 1,99) nas gôndolas
Apesar desses altos preços, a produção leiteira no país caiu em 7% no último semestre. O preço que se paga hoje ao consumidor não se reflete nos valores que o produtor recebe.
A reportagem é do http://www.ambito.com, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint.