“Em meados de 2012, o leite em pó tinha um valor no mercado internacional de US$ 2.300 a tonelada e hoje está entre US$ 3.600 e US$ 4.000. Isso obrigou os produtores a reajustar os modelos produtivos para se adequar ao preço da matéria-prima, reduzindo a intensificação. Removeu-se o concentrado da dieta dos animais, que foi responsável por 50% da redução na produção. A outra metade deve-se às condições climáticas desfavoráveis em novembro e dezembro, principalmente com relação quantidade de chuva, que reduz a qualidade das pastagens gerando uma deficiência nutricional nos animais, que hoje estão fornecendo entre 8% e 9% menos leite do que se poderia alcançar nessa época do ano”.
No entanto, Paulón disse que esta baixa será atenuada no segundo semestre, de forma que a produção em 2013 terminará apenas 1% menor do que a de 2012, ano em que a média foi de11,4 bilhões de litros. Por outro lado, ele disse que, graças aos investimentos que estão sendo feitos, principalmente para melhoramento nos processos de fabricação de queijos, até o final desse ano, a capacidade instalada aumentará em 10% e, em 2015, a produção deverá atingir 40 milhões de litros diários.
Fonte: Ministerio de Agricultura, Ganadería y Pesca
Paulón disse que a fraqueza do mercado interno atua contra a cadeia, alegando que dos 1000 operadores que existem, 800 trabalham nesse mercado. Por outro lado, em sua análise sobre o mercado externo, ele disse que esse ano a Venezuela demandará mais leite da Argentina, não porque a Nova Zelândia não pode satisfazer sua demanda, mas sim, porque o sistema de pagamento da Venezuela não convence os neozelandeses.
Ainda que esse ano a relação com o Brasil esteja complexa, ele disse que o novo acordo entre ambos países estabelece que 50% das compras do Brasil ao Mercosul deve vir da Argentina. Do contrário, a cota estabelecida hoje em 3.600 toneladas passaria automaticamente a 4.000 toneladas.
“O fato de que a Nova Zelândia reduziu, no último ano, seu crescimento por causa da seca, está dando oportunidades a outros exportadores como os Estados Unidos e países da América do Sul, como Uruguai, Argentina e Chile”, disse Paulón.
Paulón também destacou o mercado do Chile, que está aumentando muito seu consumo de queijos, e da África, em particular, porque a Argentina está tendo um bom desempenho e está mais interessante por causa do preço de US$ 4.000/tonelada. A China, por sua vez, seguirá comprando ingredientes (proteínas concentradas de leite e proteínas do soro) e leite desnatado para fórmulas infantis. Um dado importante é que, anualmente, a China está importando cerca de 700 mil toneladas de leite em pó.
Sem o embargo, a volatilidade do mercado internacional continua sendo uma debilidade muito importante. “Lembro-me quando estava saindo da SanCor, em 1991, que vendíamos leite em pó a menos de US$ 1.100 a tonelada e até tivemos que fazer operações por necessidades financeiras de US$ 1.050/tonelada, que foi o primeiro embarque à Venezuela. Se pegarmos o valor histórico que, até 2010 é de US$ 2.000 a tonelada, vemos que hoje estamos falando de quase o dobro. Quer dizer que isso realmente ocorreu com a demanda de alimentos do mundo, e, com a aparição de outras alternativas de uso da agricultura, gera-se esse novo cenário de preços”.
Ele disse que uma forma de paliar o impacto da volatilidade do mercado internacional seria a criação de um fundo anticíclico que permitiria ajudar os produtores em um cenário como o do ano passado e que funcionaria como o a Cooperativa Nacional de Produtores de Leite do Uruguai (Conaprole) já existente no país.
A reportagem é do Infortambo, traduzida e adaptada pela Equipe MilkPoint