A partir desta agenda de futuro e com a presença de especialistas e empresários do Brasil e de fora, o 1º Latin America Dairy Congress, uma parceira da Zenith com a AgriPoint, discutiu os principais gargalos, oportunidades e insights do setor no Continente e no mundo. Abaixo, confira o resumo das palestras do painel “Segurança alimentar e controle de qualidade”.
Daniela Coco, Gerente da Agribusiness da PwC Brazil, falou sobre “O conceito Food Trust: minimizando riscos em toda a cadeia de valor”. Coco pontuou que a busca pela confiança na cadeia alimentar e a transmissão das principais informações para os consumidores é uma tendência e deve ser constantemente priorizada pelas empresas. “Escândalos abalam a confiança do consumidor e alguns riscos estão associados às tendências de consumo e qualidade como, a segurança dos fornecedores, os riscos com regulamentações, os riscos comerciais, entre outros. As empresas devem lembrar que o que é visível para o cliente final é a sua marca”.
Daniela Coco, Gerente da Agribusiness da PwC Brazil.
Daniela frisou que desde antes da porteira há riscos, como por exemplo, o não cumprimento do período de carência dos antibióticos, uso de ração com aflatoxina, mão de obra não capacitada, falta de higiene, etc, fatores que contribuem para a perda de qualidade do produto final. “O transporte de leite no Brasil está sujeito a uma série de fraudes. As indústrias também devem ter alguns cuidados para que os produtos cheguem refrigerados no varejo”, explica.
Em cima disso, a palestrante fez algumas sugestões para melhor gerenciar os riscos na cadeia de fornecimento, como: o mapeamento de processos, identificação de riscos, estabelecimento de pontos de controle, revisão dos fornecedores, acesso a informação financeira dos terceiros, abordagem sistemática com revisões e atualizações periódicas e análise dos dados coletados. “Uma estratégia adequada de gerenciamento de riscos é uma tarefa complexa. Nesse contexto, as certificações e regulamentações são apenas parte da resposta. Vários segmentos do agronegócio estão indo além das certificações e regulamentações”.
Ainda de acordo com ela, a confiança alimentar deve fazer parte da estratégia corporativa da empresa. “O setor lácteo ainda precisa responder a muitos desafios, como uma base genética ruim, baixa produtividade, cadeia produtiva fragmentada, informalidade, ambiente tributário complexo e ausência de estratégias coordenadas. O que podemos destacar de positivo é a voz das associações junto aos governantes e o investimento das empresas em inovações”, finalizou.
Em seguida, Ana Lemos, Suporte técnico global da DSM, discorreu sobre o tema “Resíduos de antibióticos no leite: Como abordar essa questão?”. “Precisamos garantir ao consumidor segurança alimentar, prevenir perdas financeiras e perdas de produção. O Brasil está entre os países que mais utiliza antibióticos a nível de tratamento para doenças”.
Ana Lemos, Suporte técnico global da DSM.
Nessa linha, Ana citou fatores que são afetados devido ao antibiótico encontrado no leite. Para exemplificar, ela apresentou o resultado de uma pesquisa comprovando que quanto maior a quantidade de antibióticos no leite, mais tempo se leva para atingir o pH ideal para a produção de queijo prato.
“O primeiro controle de antibiótico no leite deve ser feito na fazenda. Muitos produtores não o utilizam de forma correta, prolongando a sua utilização, fazendo junções de vários antibióticos e não seguindo as recomendações da bula. Todos os laticínios são obrigados a fazer um teste para saber se o leite está contaminado ou não. Na maior parte dos casos, é um teste enzimático. No entanto, é importante fazer o uso do teste de amplo espectro”, pontuou.
Ana encerrou o painel comentando que a DSM possui um teste rápido, que livra os produtores de multas. O teste é altamente sensível a vários antibióticos. A palestra gerou um bom debate envolvendo empresas de saúde animal e laticínios. Questionou-se a respeito da dos kits de detecção acusarem presença de antibióticos, porém ao se checar o teor, o valor está bem abaixo do máximo permitido, resultando em incertezas a respeito do destino do leite e de quem arca com o prejuízo. Este é certamente um tema que o setor deve discutir mais a fundo.
