Ana Lemos, da DSM: "Precisamos garantir ao consumidor segurança alimentar, prevenir perdas financeiras e perdas de produção"

"O primeiro controle de antibiótico no leite deve ser feito na fazenda. Muitos produtores não o utilizam de forma correta, prolongando a sua utilização, fazendo junções de vários antibióticos e não seguindo as recomendações da bula.

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Cerca de 200 líderes do setor, envolvendo 10 países, estiveram reunidos em Foz do Iguaçu nos dias 18 e 19 de novembro para discutir tendências, inovação, consumo, mercados, sustentabilidade e segurança alimentar em lácteos.

A partir desta agenda de futuro e com a presença de especialistas e empresários do Brasil e de fora, o 1º Latin America Dairy Congress, uma parceira da Zenith com a AgriPoint, discutiu os principais gargalos, oportunidades e insights do setor no Continente e no mundo. Abaixo, confira o resumo das palestras do painel “Segurança alimentar e controle de qualidade”.

Daniela Coco, Gerente da Agribusiness da PwC Brazil, falou sobre “O conceito Food Trust: minimizando riscos em toda a cadeia de valor”. Coco pontuou que a busca pela confiança na cadeia alimentar e a transmissão das principais informações para os consumidores é uma tendência e deve ser constantemente priorizada pelas empresas. “Escândalos abalam a confiança do consumidor e alguns riscos estão associados às tendências de consumo e qualidade como, a segurança dos fornecedores, os riscos com regulamentações, os riscos comerciais, entre outros. As empresas devem lembrar que o que é visível para o cliente final é a sua marca”.

Daniela Coco, Gerente da Agribusiness da PwC Brazil.

Daniela frisou que desde antes da porteira há riscos, como por exemplo, o não cumprimento do período de carência dos antibióticos, uso de ração com aflatoxina, mão de obra não capacitada, falta de higiene, etc, fatores que contribuem para a perda de qualidade do produto final. “O transporte de leite no Brasil está sujeito a uma série de fraudes. As indústrias também devem ter alguns cuidados para que os produtos cheguem refrigerados no varejo”, explica.

Em cima disso, a palestrante fez algumas sugestões para melhor gerenciar os riscos na cadeia de fornecimento, como: o mapeamento de processos, identificação de riscos, estabelecimento de pontos de controle, revisão dos fornecedores, acesso a informação financeira dos terceiros, abordagem sistemática com revisões e atualizações periódicas e análise dos dados coletados. “Uma estratégia adequada de gerenciamento de riscos é uma tarefa complexa. Nesse contexto, as certificações e regulamentações são apenas parte da resposta. Vários segmentos do agronegócio estão indo além das certificações e regulamentações”.

Ainda de acordo com ela, a confiança alimentar deve fazer parte da estratégia corporativa da empresa. “O setor lácteo ainda precisa responder a muitos desafios, como uma base genética ruim, baixa produtividade, cadeia produtiva fragmentada, informalidade, ambiente tributário complexo e ausência de estratégias coordenadas. O que podemos destacar de positivo é a voz das associações junto aos governantes e o investimento das empresas em inovações”, finalizou.

Em seguida, Ana Lemos, Suporte técnico global da DSM, discorreu sobre o tema “Resíduos de antibióticos no leite: Como abordar essa questão?”. “Precisamos garantir ao consumidor segurança alimentar, prevenir perdas financeiras e perdas de produção. O Brasil está entre os países que mais utiliza antibióticos a nível de tratamento para doenças”.

Ana Lemos, Suporte técnico global da DSM.

Nessa linha, Ana citou fatores que são afetados devido ao antibiótico encontrado no leite. Para exemplificar, ela apresentou o resultado de uma pesquisa comprovando que quanto maior a quantidade de antibióticos no leite, mais tempo se leva para atingir o pH ideal para a produção de queijo prato.

“O primeiro controle de antibiótico no leite deve ser feito na fazenda. Muitos produtores não o utilizam de forma correta, prolongando a sua utilização, fazendo junções de vários antibióticos e não seguindo as recomendações da bula. Todos os laticínios são obrigados a fazer um teste para saber se o leite está contaminado ou não. Na maior parte dos casos, é um teste enzimático. No entanto, é importante fazer o uso do teste de amplo espectro”, pontuou.

Ana encerrou o painel comentando que a DSM possui um teste rápido, que livra os produtores de multas. O teste é altamente sensível a vários antibióticos.  A palestra gerou um bom debate envolvendo empresas de saúde animal e laticínios. Questionou-se a respeito da dos kits de detecção acusarem presença de antibióticos, porém ao se checar o teor, o valor está bem abaixo do máximo permitido, resultando em incertezas a respeito do destino do leite e de quem arca com o prejuízo. Este é certamente um tema que o setor deve discutir mais a fundo.
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Fernando Ferreira Pinheiro
FERNANDO FERREIRA PINHEIRO

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL

EM 04/12/2015

Excelente artigo.



Os conceitos de segurança alimentar e gestão da qualidade precisam evoluir na cadeia de produção de lácteos. É responsabilidade do setor fornecer alimentos saudáveis ao consumidor. Cada membro da cadeia produtiva possui suas ações e responsabilidades, mas não há dúvida quanto a importância de alimentos seguros e saudáveis.



Além da segurança, quem aplica os conceitos de gestão da qualidade tem a capacidade de reduzir perdas, como o a Dr. Ana Lemos colocou. Quem melhora seus controles passa a diminuir as chances de perder a produção por resíduos de antibiótico, por exemplo. No caso dos antibióticos, o produtor não pode mais ficar atento somente a informação do período de carência e recomendações para uso, é necessário passar a monitorar os animais em tratamento para saber quando realmente não há mais liberação de resíduos, o que pode ser feito com testes após o término do período de carência. Assim a liberação do animal deixa de ser empírica e passa a ser feita com uma informação mais precisa.



As ferramentas talvez não sejam acessíveis para os pequenos produtores e outras ferramentas poderão ser utilizadas. Mas o maior de medicamento estão entre os médios e grandes produtores e hoje já testes que podem ser usados à campo por estes produtores, com custos acessíveis e inferiores a uma carga de leite perdida.



A médio e longo prazo a gestão da qualidade e a produção de alimentos seguros diminuem perdas, aumento a eficiência da atividade e tornam o produtor mais competitivo.
Qual a sua dúvida hoje?