Quais Resultados Podemos Alcançar com uma Nutrição Diferenciada no Verão?

O Stress Calórico em vacas leiteiras, é um assunto muito discutido por diversos autores e pesquisadores do setor leiteiro, os quais trazem principalmente os desafios e problemas que ocorrem durante os meses em que a temperatura ambiente está acima da faixa ideal para os bovinos de leite.

A forma mais comum de mensurar o Stress Calórico em bovinos de leite é através do THI ou ITU (Índice Temperatura Umidade), o qual correlaciona a temperatura ambiente e a umidade relativa do ar. Com valores de THI acima de 68 podemos considerar que os animais estão em stress calórico.

Pensando em uma forma de aliviar o estresse dos bovinos de leite a Cotribá desenvolveu um conceito em nutrição para verão, e lançou no mercado a Ração Cotribá Verão. Sua composição possui uma série de aditivos citados no artigo COMO ESTAMOS ENFRENTANDO OS DESAFIOS DO VERÃO NA NUTRIÇÃO DE VACAS DE LEITE. Ao longo de quatro anos os resultados comprovaram os benefícios de trabalhar o conceito. A seguir apresentamos alguns resultados alcançados.

Para contextualizar os dados que compilamos é interessante entender onde está localizada a fazenda em questão. A região de Ijuí-RS no noroeste do estado possui uma bacia leiteira bastante desenvolvida e com alto uso de tecnologia na produção leiteira. Como estamos falando do assunto estresse calórico a tabela a seguir nos mostra o quão desafiador é o verão na região. Dados compilados de temperatura média mensal dos últimos cinco anos:

fonte: pt.climate-data.org/américa-do-sul/brasil/rio-grande-do-sul/ijui

Para exemplificar quando a temperatura ambiente está acima de 22°C e a umidade relativa do ar está acima de 45% já alcançamos o THI 68. Se considerarmos o período de novembro a março, a temperatura média está acima dos 22°C, com o THI facilmente chegando a 68.

O desafio de superar o estresse calórico, consiste em uma série de medidas a serem tomadas para melhorar o conforto das vacas, algumas básicas como: sombra, disponibilidade de água, ventilação e aspersão são pré-requisitos para um bom resultado produtivo, reprodutivo e de saúde para os animais. Alguns autores relatam que mesmo tomando todas essas medidas para amenizar o estresse calórico a eficiência produtiva da vaca ainda reduz nos períodos de verão.

Nesse sentido consideramos o período de abril a setembro como inverno e de outubro a março como verão, para avaliar a produção de leite nos períodos. Os resultados que serão apresentados são referentes a uma propriedade da região de Ijuí, com 200 vacas em lactação no sistema de Compost Barn, os dados referem-se ao lote alta produção composto por 96 vacas holandesas. O período avaliado foi de outubro 2018 a março 2020.

Para avaliar a influência da estratégia nutricional para o verão, não foram feitas mudanças na rotina da fazenda, as visitas reprodutivas permaneceram com a mesma frequência, utilizamos os mesmos protocolos de IATF, os níveis nutricionais da dieta foram mantidos para a produção e a qualidade do volumoso variou pouco. Foram feitos ajustes na frequência de tratos, utilizados aditivos específicos para o período. Manteve-se os mesmos critérios para separação dos lotes, ou seja, para realmente avaliar se o “Conceito Verão Cotribá” teria influência em saúde, produção e reprodução como é o seu propósito.

O lote produziu de outubro de 2018 a março de 2019 uma média de 36,7 litros/vaca/dia com um DEL médio de 145 dias. No período de abril de 2019 a setembro de 2019 o lote com DEL de 133 dias produziu 42,2 litros/vaca/dia, ou seja, no período do verão a produção foi 5,5 litros/vaca/dia menor que o período de inverno, o que representa aproximadamente 14% a menos na produção.

Em outubro de 2019 iniciou-se o trabalho com o conceito verão que se estendeu até março de 2020. A produção média do lote foi 40,1 litros/vaca/dia com DEL médio de 138 dias. Se considerarmos a produção do “inverno” de 42,2 litros a queda para o verão foi de 2,1 litro/vaca/dia, aproximadamente 5%. Comparando os dois períodos de verão a diferença é de 3,4 litros/vaca/dia.

Outro ponto relevante foi a melhora significativa na reprodução, o gráfico a seguir mostra a evolução do intervalo entre partos projetado (IEPP) ao longo do ano após o uso do conceito verão. Com essa redução conseguiu-se reduzir o DEL geral do rebanho, consequentemente mais vacas em pico de lactação e maior produção de leite distribuído ao longo do ano. Esse indicador era buscado visto que a fazenda vende novilhas, dessa forma houve um incremento na receita com a venda de mais animais.

O gráfico nos mostra uma melhora do IEPP para 2020 em virtude de uma melhora na taxa de prenhez no período do verão. Outro indicador utilizado pela fazenda contabiliza o número de vacas gestantes no rebanho, apresentando um aumento significativo em novembro e dezembro de 2019. Esse acréscimo do número de animais prenhes se manteve após o termino do trabalho, comprovando que as vacas tratadas com o conceito verão tiveram uma reprodução melhor, mesmo após o termino do trabalho.

Em suma podemos concluir que o Conceito Verão Cotribá, unindo condições ambientais aliadas a manejo e estratégias nutricionais propiciam uma redução no estresse calórico, com isso as vacas mantêm uma produtividade mais uniforme ao longo do ano, evitando perdas excessivas e descartes involuntários.

Vinicius Cima Auler

Médico Veterinário

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