Dando continuidade ao segundo dia do Dairy Vision, as oportunidades a partir da agenda ambiental nortearam a discussão do painel. Alexandre Berndt, Chefe Geral da Embrapa Pecuária Sudeste, iniciou o painel abordando a pegada de carbono na pecuária de leite.
Alexandre pontuou que a redução do desmatamento e o reflorestamento são fatores que irão gerar grande impacto para o meio ambiente, mas que o processo produtivo do leite deve ser reestruturado para produzir mais sustentavelmente, devido aos benefícios que isso proporciona, e afirma que essas soluções devem ser pautadas em tecnologia. “A eficiência do sistema de produção reduz a intensidade de emissão, e o segredo para isso é a adoção de tecnologias”, disse.
O metano entérico, dejetos e os alimentos formam 80% da pegada de carbono do leite. Berndt destacou três pilares tecnológicos para o balanço de carbono:
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Manipulação da fermentação: aditivos, rações e pastagens;
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Aumento da eficiência de produção: melhoramento genético, nutrição, reprodução, sanidade, bem estar, gestão
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Ampliar a remoção de carbono: manejo de solo, utilização de ILPF
“Cada estratégia de mitigação de carbono tem um potencial de redução de emissão e ganhos em produtividade”, finaliza ele.
A segunda palestra do painel contou com Luis Fernando Laranja da Fonseca, Sócio Fundador na Guaraci Agropastoril e NoCarbon Milk, que abordou a sustentabilidade e as oportunidades para a indústria láctea. Laranja enfatizou o grande problema climático que estamos vivendo e traçou alternativas. “Temos que transformar e redefinir os modelos produtivos, caso contrário, vamos a passos largos para uma catástrofe climática, e existem duas formas para transformar: por consciência ou por conveniência”, disse.
As pessoas estão buscando alternativas sustentáveis, mas ainda existem poucas opções que englobam esses atributos. Laranja ainda fez uma provocação em forma de incentivo: “Há um claro desejo dos consumidores por produtos com atributos sustentáveis, e qual marca de leite está tentando capturar essa oportunidade?”, destacando a oportunidade de negócio existente.
Fernanda Marcantonatos, Gerente Sr. De Sustentabilidade na dsm-firmenich e Carlos Saviani, Diretor Global de Sustentabilidade na dsm-firmenich, abordaram a jornada de sustentabilidade para o leite brasileiro, a mensuração e redução das pegadas ambientais.
Carlos relatou a importância do trabalho conjunto entre indústria e produção para solucionar juntos o problema das emissões de gases. “O desenvolvimento de projetos só é possível com participação ativa dos elos da cadeia, com seus compromissos e ações”, e destacou a importância de mensurar os dados de emissões, “A gente não consegue melhorar aquilo que não mede, e não consegue comunicar e nem se defender dos dados errados que circulam. Se a gente não falar qual é o nosso próprio número, fica difícil a gente se defender, né? Então é muito importante a gente entender qual realmente é a nossa pegada ambiental”, relata. Fernanda apresentou ainda a solução da DSM voltada a redução de emissão de carbono.
Finalizando a manhã do segundo dia de Dairy Vision, Paul Myer, CEO da Athian Sustainable Livestock Systems (EUA), palestrou sobre o tema “Créditos de carbono podem ser um negócio relevante para o setor?”.
Paul apontou que é importante mostrar para os consumidores a questão da sustentabilidade, mas também é muito importante construir processos eficientes para ter bons e consistentes resultados.
O palestrante também mostrou que o número de empresas comprometidas com a diminuição na emissão de gases de efeito estufa tem crescido nos últimos anos, porém, a resposta para resolver este problema está nos produtores, no campo. A partir disso, Paul exemplificou que a oportunidade de ganho financeiro na produção de leite ao cortar 30% da emissão de carbono é de aproximadamente 13 bilhões de dólares por ano, sendo que a melhor forma de mudar a realidade no campo é mostrando a real importância do problema aos produtores.
Paul também mostrou como o mercado de crédito de carbono já está atuando dentro do setor, onde a empresa Athian calcula a pegada de carbono da produção, mostra soluções para mitigar a emissão e busca empresas da cadeia de suprimentos que queiram auxiliar os produtores nessa solução através do crédito de carbono que será gerado com essa implementação, que deve antes de tudo fazer sentido ao produtor.
Por fim, o palestrante mostrou que o valor dos créditos depende muito da credibilidade do mercado, e que essa credibilidade está muito associada à transparência, ao fornecer dados científicos que comprovam essas reduções nas emissões de gases, fica mais fácil de garantir essa credibilidade ao mercado.
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