Após a identificação das bezerras com diarreia, que são as que têm escore fecal 2 ou 3 (saiba mais: Como gerenciar as diarreias em bezerras recém-nascidas?), deve-se colher as amostras para identificar o agente etiológico.
A identificação do agente causador da diarreia em um bezerreiro específico é essencial para que se promova um plano de controle dessa doença.
A única forma de se identificar com precisão qual o agente causador de diarreia em um bezerreiro é colhendo amostras de fezes dos animais infectados e enviando esse material para análise laboratorial.
Materiais necessários
- 3 copos coletores estéreis, que são vendidos em farmácias convencionais;
- Swab acompanhado de tubo com meio de cultura Stuart para transporte do material fecal;
- Par de luvas estéreis;
- Meio de cultura chamado tetrationato, muito importante no caso de suspeita de Salmonella.
A Salmonella é uma bactéria muito sensível, que morre facilmente. Se a amostra não for colocada nesse meio de cultura, a Salmonella morre no caminho até o laboratório e o resultado do teste será negativo. Assim, em caso de suspeita de salmonelose, deve-se entrar em contato com o laboratório para pegar o meio de cultura tetrationato antes da coleta das amostras de fezes nas bezerras, para evitar resultados falsos negativos.
Coleta das amostras
O passo a passo da coleta das amostras é bastante simples, mas exige muito cuidado para que se obtenha resultados corretos das análises das amostras.
1o Swab
A primeira parte da coleta é feita com o swab, que deve ser introduzido no reto do animal. O swab deve ser esfregado na parede do reto. Em seguida, o swab é introduzido rapidamente no meio de cultura Stuart, que vem junto.
Depois, deve-se identificar a amostra com o número da bezerra.
Figura 1: Introdução do swab no reto do animal
Figura 2: Colocação do swab no meio de cultura Stuart
2o Swab
Novamente é feita a coleta com o swab, que será, dessa vez, colocado no meio de cultura específico para a pesquisa de Salmonella (tetrationato).
Pode ser necessário cortar um pedaço do swab, pois todo seu componente tem que ficar em contato com o meio de cultura.
Figura 3: Corte da ponta do swab
Figura 4: Swab no meio tetrationato
Novamente, identifica-se a amostra para encaminhamento ao laboratório.
Copos coletores
Para a coleta das amostras que serão coletadas dentro dos copos coletores para pesquisa de outros agentes etiológicos, deve-se estimular a região retal da bezerra, para que ele defeque e as fezes sejam coletadas. É importante que a coleta seja feita em três copos coletores, podendo ser feita apenas uma vez e distribuído aos outros dois, ou coletado mais vezes.
Figura 5: Estímulo à região retal do animal
Figura 6: Fezes coletadas no copo coletor
É muito importante que seja realizada toda essa colheita de material.
Figura 7: Todo material coletado
Encaminhamentos
O swab com meio de cultura Stuart deve ser encaminhado para pesquisa de Escherichia coli enterotoxigênicas ou shiga-like. Essa amostra se mantém viável por meses, desde que seja guardada sob refrigeração.
O swab no meio de cultura tetrationato será encaminhado para pesquisa de Salmonella. Devido à maior sensibilidade da Salmonella, essa amostra precisa ser enviada e processada de forma imediata após a colheita.
A suspeita de Salmonella surge quando as bezerras ao redor de 20 a 30 dias apresentarem desinteria, que é um pouco diferente de diarreia, pois, nesse caso, as bezerras apresentam fezes com muito muco, sangue e, às vezes, muito fétida. Isso porque a Salmonella lesiona o intestino da bezerra de uma maneira muito profunda, levando a lesões de vasos intestinais, havendo perda de células junto com as fezes. Os animais infectados com Salmonella também comumente têm febre, ficam apáticos, deitados.
O primeiro copo coletor será utilizado para identificação de Cryptosporidium. Essa amostra pode ser conservada sob refrigeração por até 7 dias, sendo inviabilizadas após esse período.
O segundo copo é utilizado para identificação de agentes virais (rotavírus e coronavírus). Essa amostra precisa ser congelada até o envio ao laboratório.
O terceiro copo é encaminhado para identificação de eimeriose e helmintos, responsáveis pelas verminoses nos bezerros. Essa amostra deve ser refrigerada e deve ser processada no laboratório em até dois dias após a colheita.
Plano de melhorias
Com essa triagem dos agentes etiológicos, é possível traçar um plano de melhorias e controle de diarreia neonatal focado no agente etiológico responsável pela diarreia naquele bezerreiro específico. Somente assim é possível obter algum tipo de sucesso no controle da diarreia neonatal, que tem sido um grande desafio.
O principal problema vinculado às elevadas ocorrências de diarreia, mesmo em rebanhos com maior tecnologia, está relacionado ao desconhecimento do agente etiológico causador desses processos.
Saiba mais: Como gerenciar as diarreias em bezerras recém-nascidas?
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