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Anomalias congênitas em bezerros: por que ocorrem?

EDUCAPOINT

EM 27/04/2020

7 MIN DE LEITURA

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Anomalias congênitas apresentam distribuição mundial e podem causar aborto ou morte neonatal, gerando perdas reprodutivas importantes. Embora abortos por anomalias congênitas possam ocorrer sob a forma de surtos, a grande maioria dos casos ocorre sob forma esporádica, envolvendo agentes infecciosos ou não. Algumas vezes podem envolver etiologia múltipla.
 
As causas ambientais dessas anomalias podem ser de natureza infecciosa, quando fêmeas prenhes são infectadas por determinados vírus; de natureza nutricional e também pela ingestão durante a gestação de plantas tóxicas; pela administração ou ingestão acidental de agentes químicos utilizados na agropecuária; como também por insultos físicos como radiação beta e gama e hipertermia.
 
Podemos verificar também que a maioria dos defeitos congênitos hereditários conhecidos é transmitida por genes recessivos autossômicos, que resultam no nascimento de animais defeituosos, cujos progenitores são normais
 
Dos agentes virais, o vírus da diarréia viral bovina (BVDV) é importante causa de hipoplasia cerebelar, braquignatismo, hidrocefalia, porencefalia, artrogripose e desmielinização da medula espinhal em bezerros e fetos bovinos abortados. Adicionalmente, surtos de artrogripose e hidrocefalia em bovinos na Austrália foram associados a altos títulos de anticorpos do Akabane vírus.
 
Causas não-infecciosas de anomalias congênitas incluem genes autossômicos recessivos e ingestão de plantas tóxicas como Lupinus sericus e Lupinus caudatus, cujo consumo entre 40 e 70 dias de gestação pode causar artrogripose e outras malformações em bezerros.
 
Estimativas sobre a prevalência de anomalias congênitas em fetos bovinos abortados variam amplamente. Levantamentos realizados em 265 fetos bovinos no Canadá indicaram que 2,6% dos abortos são devidos a defeitos congênitos, dos quais a artrogripose é a anomalia mais comum. No Brasil, casos de defeitos congênitos já foram mencionados em búfalos, caprinos, ovinos e bovinos, entretanto, informações sobre a prevalência de anomalias em fetos bovinos abortados são limitadas. 

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Desenvolvimento
 
As malformações estruturais resultam de erros durante a organogênese; as deformações caracterizam-se por alterações na forma de uma estrutura orgânica, após sua diferenciação no embrião. Estatísticas apontam uma taxa de prevalência entre 0,5 % e 3% para bovinos. Esses erros durante a organogênese podem ser devido à ingestão de plantas e substâncias tóxicas como Sorgo, Capim Sudão e outros. O gênero Lupinus sp., por exemplo, contém o teratógeno amodendrina, um possível causa de escoliose, artrogripose e fenda palatina. 
 
Também a administração de agentes químicos muito comuns a campo como organofosforados e fármacos como cortisona, sulfonamidas e estradiol. Alguns metais pesados passam através da placenta como o mercúrio, que em sua forma orgânica (metil-mercúrio) produz diversas anomalias congênitas no homem e nos animais. E ainda deficiências nutricionais como a deficiência de vitamina A, manganês e selênio.
 
Muitas infecções virais podem resultar em anomalias nos tecidos e órgãos embrionários. O vírus da diarréia viral bovina (BVD) resulta em braquignatismo inferior. Outro Vírus causador de anomalias é o Akabane que lesa o feto, sendo sempre este do sexo masculino, sem que haja qualquer lesão sistêmica concorrente na vaca prenhe. No neonato, são notáveis a artrogripose e a torção da coluna espinhal em suas diversas formas como escoliose, torcicolo, lordose e cifose.
 
Fatores genéticos também são prováveis causas de malformação, podendo ser transmitidos principalmente por genes recessivos e estão relacionados à ocorrência de consanguinidade. Em bovinos de corte, onde o cruzamento entre raças é comum, um gene mutante pode ser transferido de uma raça para outra.
 
Como há diferenças genéticas entre os indivíduos, animais de diferentes raças ou famílias e rebanhos podem responder diferentemente a determinado teratógeno, o que constitui, às vezes, um importante ponto no diagnóstico. O conhecimento do manejo utilizado no rebanho, da aplicação de medicamentos em determinados períodos da gestação e o reconhecimento das áreas onde os animais permanecem durante a gestação são dados fundamentais para a determinação da etiologia destas enfermidades.
 
As malformações congênitas de uma modo geral tem origem multifatorial e frequentemente apresenta-se acompanhada por outras anomalias anatômicas e neurológicas, incluindo hidranencefalia, escoliose e fenda palatina. 
 
Existem inúmeros casos de anomalias congênitas em bezerros, incluindo anomalias no sistema urinário, cardiovascular, genital, nervoso, etc. Confira abaixo três tipos de anomalias que são relativamente comuns.
 
Artrogripose
 
A artrogripose é uma das anomalias congênitas mais frequentemente diagnosticada em bezerros, e caracteriza-se comumente por deformidade na flexão das articulações com contração persistente. Em geral a afecção é bilateral e simétrica, os músculos exibem atrofia acentuada, com coloração pálida e substituição de várias fibras musculares por tecido adiposo. 
 
Tal condição clínica é atribuída a um defeito primário dos músculos (displasia ou amioplasia) ou atrofia neurogênica resultante da ausência de neurônios motores na medula espinhal ou da desmielinização dos nervos motores, podendo haver o envolvimento de características recessivas hereditárias na gênese da doença, infecções virais (vírus Akabane; vírus da língua azul; vírus da moléstia das fronteiras) e ingestão de vegetais teratogênicos (vegetal do tremoço) durante a gestação.
 
Os animais com artrogripose geralmente nascem de partos distócicos, apresentam dificuldade de se manterem em posição quadrupedal. A enfermidade pode ocorrer bilateralmente e, raramente, apresenta-se como causa primária e sim associada a sinais clínicos de comprometimento do sistema nervoso central.

 
Bezerro recém nascido apresentando artrogripose dos membros anteriores que estão flexionados permanentemente (Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Bezerro-recem-nascido-apresentando-artrogripose-dos-membros-anteriores-que-estao_fig1_262513238) 
 
A Síndrome do bezerro torto, resultante da intoxicação por Tremoço, é uma enfermidade associada à artrogripose, tendo como sinais escoliose, torcicolo e fenda palatina. Outra doença associada é a artrogripose hereditária, tendo como sinais cifose, torcicolo, escoliose e fenda palatina.
 
Fenda palatina
 
A fenda palatina, ou palatosquise, é um defeito da fusão longitudinal, de comprimento variável, e que afeta o osso e a mucosa na linha média do palato duro. Esse defeito na fusão das prateleiras palatinais laterais desde os processos maxilares resulta numa fenda aberta entre as cavidades oral e nasal.
 
Trata-se de uma anomalia congênita de ocorrência infrequente em animais domésticos. Os fatores considerados como envolvidos na sua patogênese são: fatores hereditários, deficiências nutricionais maternas, ingestão de medicamentos, agentes químicos, ou plantas tóxicas teratogênicas durante a gestação, e interferência mecânica com o embrião em desenvolvimento.
 
Os sinais clínicos associados ao palato fendido variam com o grau do defeito e podem incluir crescimento insatisfatório, drenagem de leite pelas narinas durante e após a amamentação, em animais jovens; ainda tosse, esforços para vomitar, espirros durante a alimentação e infecções recidivantes do trato respiratório; em animais idosos podem sofrer infecção respiratória e pneumonia, em decorrência da aspiração dos alimentos.

 
Feto bovino apresentando palatosquise (seta). (Fonte: https://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/h2fEnEiLsxrAvYA_2013-6-25-16-15-59.pdf)
 
Hipoplasia cerebelar
 
Hipoplasia cerebelar é o defeito congênito do sistema nervoso central (SNC), mais frequentemente observado nas espécies domésticas, existindo algumas evidências de ser geneticamente determinado em algumas raças bovinas. A forma melhor definida de ocorrência da enfermidade, entretanto, é a causada pela infecção do cerebelo em desenvolvimento por pelo vírus da diarréia viral bovina.
 
Hipoplasia cerebelar produz sinais clínicos que variam entre uma ataxia discreta ou quase imperceptível nos animais recém-nascidos, até a completa ausência de coordenação e inabilidade de manter a postura normal. Animais severamente afetados são incapazes de se manter em pé e assumem variadas posições, incluindo opistótono. O tônus muscular está normal e os animais respondem normalmente à estimulação sensorial. Tremores da cabeça e nistagmo podem ser, também, observados.
 
Durante as primeiras semanas de vida, pode haver melhora nos sinais clínicos por mecanismos de compensação. A severidade dos sinais clínicos nem sempre é indicativa da severidade da hipoplasia cerebelar ou degeneração observadas na necropsia
 
As expressões anatômicas da hipoplasia, tanto no cerebelo como nas estruturas subcerebelares, são variáveis, porém essa variação é mais em grau do que em tipo. Em alguns casos, o cerebelo pode estar aparentemente normal e o defeito ser detectado apenas microscopicamente.

 
Bezerro com hipoplasia cerebelar mantém os membros abertos para auxiliar no equilíbrio ao se levantar. (Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-736X2011000400005)

 
Cerebelo com desenvolvimento incompleto dos hemisférios e conservação do verme inalterado em um caso de hipoplasia cerebelar. (Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-736X2011000400005)
 
Mais informações:
contato@educapoint.com.br
Telefone: (19) 3432-2199
WhatsApp (19) 99817- 4082
 
Fontes consultadas:

Anomalias congênitas em fetos bovinos abortados no Sul do Brasil (https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-736X2008000300004)
 
ARTROGRIPOSE, BRAQUIGNATISMO E PALATOSQUISE EM BOVINO DA RAÇA NELORE – RELATO DE CASO (https://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/h2fEnEiLsxrAvYA_2013-6-25-16-15-59.pdf)
 
Aspectos clínicos, ocorrência e tratamento da artrogripose cárpica congênita em bezerros em uma população de 27300 bovinos (1984-2004) (file:///C:/Users/julia/Downloads/14784-51615-1-PB.pdf) 
 
FENDA PALATINA EM ANIMAIS DOMÉSTICOS – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA (https://home.unicruz.edu.br/seminario/anais/anais-2011/saude/FENDA%20PALATINA%20EM%20ANIMAIS%20DOMÉSTICOS%20–%20REVISÃO%20BIBLIOGRÃ?FICA.pdf)
 
HIPOPLASIA CEREBELAR E PORENCEFALIA EM BOVINOS CHAROLÊS NO SUL DO RIO GRANDE DO SUL (https://www.scielo.br/pdf/cr/v31n1/a25v31n1.pdf)

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