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Utilizando pedilúvio para afecções podais

POR DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/09/2008

4 MIN DE LEITURA

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Lesões envolvendo o sistema locomotor são problemas relativamente comuns em sistemas de produção de ovinos, principalmente na estação chuvosa, impactando negativamente áreas como nutrição, reprodução e bem-estar, e consequentemente, ocasionando grandes perdas econômicas.

Dentre as doenças que afetam o sistema locomotor, as afecções podais estão entre as mais importantes e dentre estas é possível destacar a dermatite interdigital (DI), a foot-rot (FR) e a dermatite digital contagiosa ovina (DDCO), além de algumas outras de menor prevalência como erosão do talão, doença da linha branca e hiperplasia interdigital.

O uso de pedilúvios é uma ferramenta essencial no controle das doenças podais, sendo a forma mais fácil de se prevenir e tratar casos de DI e FR - as duas principais afecções podais na ovinocultura. O objetivo aqui é limitar a difusão das doenças reduzindo sua prevalência no rebanho e minimizar a severidade dos casos diminuindo o impacto sobre os animais afetados.

Figura 1. Pedilúvios de passagem, por onde os animais são conduzidos lentamente, são importantes ferramentas na prevenção de afecções podais em rebanhos.


A adoção de pedilúvios deve ser bem planejada e implementada estrategicamente antes e durante o período chuvoso, sendo que os principais produtos utilizados são a formalina (formol), o sulfato de zinco e o sulfato de cobre que, por sua vez, apresentam uma eficácia similar, no entanto, os resultados alcançados dependem da qualidade da preparação, da freqüência de passagem, do dimensionamento e do manejo do pedilúvio em si.

A formalina é uma solução de formaldeído a 40% com propriedade bactericida e que torna o estrato córneo do casco mais espesso e rígido, além de permanecer ativa em meios com alto nível de matéria orgânica (dejetos animais e terra). Portanto, é o produto de eleição nos banhos de passagem de curta duração (< 1 minuto) sob condições de umidade e lama, podendo ser utilizado soluções a 3% e a 5% (volume/volume) diluindo-se 3 litros de formalina em 97 litros de água (ou 5 em 95). Devido ao seu alto poder irritante para as mucosas e pele, é preciso tomar alguns cuidados durante a manipulação da formalina, sendo recomendado o uso de EPI (botas, luvas, máscara e óculos de proteção) quando da produção da solução.

O sulfato de zinco (ZnSO4) apresenta uma das melhores capacidades de penetração e é o mais seguro de todos os produtos disponíveis para elaboração de soluções de pedilúvio, sendo menos desagradável tanto para os animais quanto para os operadores. É um bom antiséptico, não mancha a lã ou pêlo dos animais e é mais resistente à inativação pela presença de matéria orgânica do que o sulfato de cobre. Além disso, por não apresentar limites no tempo de exposição, pode ser utilizado como solução de permanência em pedilúvios estacionários na forma de soluções a 10%, diluindo-se 10 quilos de ZnSO4 em 100 litros de água.

O sulfato de cobre (CuSO4), apesar de ser um bom antiséptico com alto poder adstringente, é inativado mais facilmente na presença de matéria orgânica, além de ser corrosivo, manchar a lã de forma permanente e possuir risco de contaminação ambiental e de intoxicação caso ingerido acidentalmente. Por esses motivos, não é recomendado para uso com ovinos.

Figura 2. Pedilúvios estacionários, onde os animais permanecem em estação por alguns minutos, são úteis em procedimentos terapêuticos individuais ou de pequenos lotes.


Os chamados pedilúvios de passagem, que também podem ser usados como estacionários, devem ter entradas e saídas em rampa, no mínimo 6 metros de comprimento, profundidade aproximada de 12 cm e altura de lâmina d´água de cerca de 6 cm, o suficiente para cobrir até a banda coronária dos ovinos. Aqui os animais devem ser conduzidos lentamente em fila indiana e objetivando a prevenção e o controle estratégico, passagens semanais de curta duração geralmente são eficientes, mas se as condições já são altamente desfavoráveis, com elevada umidade e lama, e já há casos diagnosticados de DI e FR, as passagens podem ser repetidas em intervalos de 5 dias ou 2 vezes na semana com tempo de permanência de no mínimo 15 minutos.

Com a finalidade de otimizar a ação das soluções, recomenda-se construir um lava-pés (pedilúvio contendo apenas água) antes e a 2 metros de distância do pedilúvio propriamente dito para efetuar a retirada de matéria orgânica e demais sujidades que estejam aderidas aos cascos, além de estimular a micção e evacuação neste local, reduzindo a contaminação da solução do pedilúvio. O lava-pés pode ter o mesmo comprimento e profundidade do pedilúvio de passagem, mas uma lâmina d´água um pouco mais alta.

Após as passagens os animais precisam permanecer por no mínimo 2 horas em áreas com solo seco, preferencialmente em apriscos suspensos ou áreas cimentadas previamente desinfectadas, o que pode coincidir com o retorno dos animais no final da tarde para as instalações de pernoite.

Tanto a DI quanto a FR afetam a eficiência de pastejo, o comportamento de monta, produzem desconforto e dor aos animais, comprometem o crescimento, a produção de leite e elevam os casos de cetose e mortalidade neonatal. Dessa forma, o uso de pedilúvios associado a outras práticas como vacinação, pastejo rotacionado, limpeza diária e desinfecção periódica das instalações e instalações bem dimensionadas e estruturadas são fatores cruciais na prevenção e controle das afecções podais dos ovinos.

DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

Médico Veterinário, MBA, D.Sc., especializado no sistema agroindustrial da carne ovina. Consultor da Prime ASC - Advanced Sheep Consulting.

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EURICOS MIRANDA

EM 02/05/2018

MUITO BOM!!
LUIS CARLOS VARGAS

MARINGÁ - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/12/2017

  BOM DIA DR. DANIEL,

PODE MISTURAR HIPPERFORMALDEIDO (FORMOL A 37%) COM SULFATO DE COBRE (25%)? E EM QUE PROPORÇÕES? POIS É O QUE TEMOS DISPONÍVEL.

E FUNCIONA APLICARMOS NOS CASCOS UTILIZANDO BOMBA COSTAL, JÁ QUE NOSSO PEDILÚVIO ESTÁ VAZANDO E AS NOVAS INSTALAÇÕES AINDA VÃO LEVAR UM TEMPO PARA FICAREM PRONTAS? OU ALGUMA OUTRA SUGESTÃO POR FAVOR, POIS TEMOS ALGUMAS VACAS JÁ COM DIFICULDADES DE LOCOMOÇÃO.  

Atenciosamente,

                            LUIS VARGAS
SANTANA

SALVADOR - BAHIA

EM 15/10/2017

Boi noite amigo,

Tenho uma propriedade em Candeias-BA,  onde a predominância do solo e massape. No verão o terreno abre rachaduras de até 10cm de largura, e no inverno ninguém consegue andar na lama. Devido a esse situação meus ovinos e caprinos só andam mancando e com o casco podre, já usei o sulfato de cobre com água,  mas agora pretendo enovar  pra ver se o resultado melhora.

Essa mistura de 5% de formol com 10% de sulfato de zinco misturado em agua pode ser guardado em recipiente fechado por quanto tempo? E esse produto que o assinante sugeriu colocar 1% melhoraria os resultados? Muito obrigado.
EVANDRO JUNIOR

ANÁPOLIS - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/06/2017

Olá, Gostaria de saber se pode-se utilizar amônia + sulfato de cobre na solução do pedilúvio para bovinos leiteiros!
LUIZ SANDI

LAGES - SANTA CATARINA - OVINOS/CAPRINOS

EM 19/01/2017

Que bom que esses artigos ficam livre na internet para serem consultadosca qualquer hora. Parabéns
DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

FORTALEZA - CEARÁ

EM 30/11/2015

Olá Myla,



Obrigado pela participação e sugestões.



Abraços,



Daniel
MYLA MIRANDA

BELÉM - PARÁ

EM 28/11/2015

Ótimo artigo, muito obrigada por disponibilizar informações a respeito do assunto.

Gostaria de sugerir, como finalidade de futura consulta e aprimoramento a dispobilização da bibliografia consultada caso possível.

Muito obrigada! Sucesso!
TIMOTEO FRANCISCO MADEIRA

ESTUDANTE

EM 16/08/2015

Sou estudante na area da pecuaria. Muitissimo obriigado

DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

FORTALEZA - CEARÁ

EM 26/02/2009

Olá Fábio,

Na maioria das situações, em criações localizadas no semi-árido, o uso de pedilúvios é dispensável a priori.

Seria algo a se pensar caso começasse a surgir alguns casos de pododermatite devido a excesso de umidade em um período particular do ano (o que é um pouco difícil).

Assim, em geral, não há necessidade prévia.

Abraços,

Daniel
FABIO VILAS BOAS PINTO

SALVADOR - BAHIA - PRODUÇÃO DE CAPRINOS DE CORTE

EM 12/02/2009

Caro Daniel,

Estou iniciando uma criacao de Boer em Catingal (Manoel Vitorino-BA). Qual a real necessidade de pediluvio no semi-árido?
DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

FORTALEZA - CEARÁ

EM 22/01/2009

Olá Rafael,

Realmente, a utilização do formol (via injetável) em animais pecuários é proibida em alguns países, em função de uma provável tese de que ele pode entrar na cadeia alimentar (se depositando em tecidos e órgãos dos animais) e contaminar consumidores, devido aos seus efeitos carcinogênicos.

No entanto, acho isso pouco provável. No caso do uso em pedilúvios, o contanto do formol é tópico, a nível de casco, de forma que o mesmo não tem como entrar na corrente sanguínea e se depositar em tecidos (músculo, fígado, baço, etc.), claro se não houver feridas abertas ou expostas. Além de que, neste último caso a melhor opção seria o sulfato de zinco (curativo) e não o formol (preventivo).

Até mesmo para o tratamento dos "caroços" de Linfadenite Caseosa (LC), injetando formol dentro do caroço, creio que é pouco provável que o mesmo consiga atingir algum tecido ou órgão específico via corrente sanguínea, até porque o caroço é encapsulado.

Além do fato de que não há estudos científicos que apoiem a tese da "cadeia alimentar". É apenas uma medida preventiva em fase de um suposto potencial de contaminação. Não há nada concreto, provado ou real neste tópico.

Assim, nesses dois casos (pedilúvio preventivo e LC), não vejo problemas e nem maiores riscos com o uso do formol.

Abraços,

Daniel
RAFAEL COLONESE

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 19/01/2009

Caro Daniel,

qual a sua opinião sobre os efeitos da absorção do formol à carcaça do animal.
Em alguns países sua utilização é condenada em virtude de seus efeitos carcinogênicos. Sempre o utilizei em minhas condutas e sem dúvida é o que possui o melhor efeito no controle da "manqueira", entretando ultimamente com estas suspeitas tenho evitado.

Obrigado por sua atenção.
CARLOS AUGUSTO GARRIDO DO LAGO

ANANINDEUA - PARÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 14/09/2008

Obrigado pela atenção.Parabens pelo artigo.
LUIZ ALBERTO OLIVEIRA RIBEIRO

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 08/09/2008

Achei o artigo ótimo pois chama atenção para um problema grave da ovinocultura. Teria dois comentários:

i. O lavapé com sulfato de zinco terá seu efeito aumentado se for acrescentado 1% de sódio lauril sulfato (ODD doméstico) que aumenta a velocidade de absorção do sulfato de zinco pelo casco;

ii. Todo o programa de controle do Footrot com lavapé deve ser acompanhado de prévia apara dos cascos e segregação de ovinos cronicamente infectados. Ainda, o lavapé só deverá ser usado em épocas secas do ano.
DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

FORTALEZA - CEARÁ

EM 05/09/2008

Caros Daniel e Hélio,

Mais uma vez muito obrigado pela participação e palavras de apreço!!

Grande abraço,
HELIO CABRAL JUNIOR

GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS

EM 04/09/2008

Mais uma vez o Dr. Daniel nos brinda com uma boa contribuição sobre um tema que preocupa uma quantidade enorme de ovinocultores de regiões menos tradicionais na atividade como sudeste, centro-oeste e norte e onde há prevalência de uma estação chuvosa bem marcada e de áreas de baixada mais úmidas utilizadas por ovinos.

Nestas condições a tecnologia de pedilúvios com certeza é parte integrante do manejo sanitário preventivo visando um melhor rendimento do rebanho.

Parabéns.

DANIEL DANTAS MARQUES

PATOS - PARAIBA - ESTUDANTE

EM 04/09/2008

Estou muito feliz em ver vários artigos de boa qualidade nesta página, com muita aplicação, a campo e também cientificamente, acredito que é um ótimo suporte para que procura soluções para os principais problemas que acometem os técnicos agro-pecuaristas.

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