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Úlceras da lactação - a doença do verão em vacas leiteiras

POR LUCIANE MARIA LASKOSKI

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/05/2011

6 MIN DE LEITURA

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Muitos proprietários de rebanhos leiteiros procuram o serviço veterinário com uma queixa: feridas no úbere de suas vacas leiteiras. Na maioria dos casos, trata-se de uma doença parasitária, a estefanofilariose, a qual pode acometer também outras regiões do corpo, como cabeça, pescoço, dorso e pernas.

A doença, que é causada pelo nematoda Stephanofilaria SP, é transmitida através de moscas, especialmente a mosca do chifre. Esta mosca, como o próprio nome fala, parasita mais a região da cabeça e pescoço, no entanto, em períodos quentes do ano há uma quantidade superior da mesma, e ela então se dissemina por todo o corpo do bovino, injetando o verme na pele dos animais por meio da saliva. As moscas podem se contaminar com o nematoda ao se alimentar de vacas doentes e transmitir depois às vacas sadias.

Esta infecção parasitária é uma zoonose, podendo ser transmitida ao homem, razão pela qual também merece destaque. Estudos demonstram a presença de microfilárias no sangue periférico de bebês recém-nascidos, no teste do pezinho, sendo estes bebês gerados por mâes não portadoras de lesões cutâneas, o que indica que além da transmissão ao homem, ocorre a transmissão placentária do parasito.

A lesão na pele das vacas inicialmente caracteriza-se por uma dermatite, ou seja, uma inflamação da porção cutânea acometida, e que progride para uma área alopécica (sem pêlos) e ulcerada e circular, a qual secreta um conteúdo sanguinolento, e normalmente com bastante prurido, pois se observa várias tentativas da vaca em lamber o local. Esta ferida persiste por longo período de tempo, uma vez que na ferida está presente o parasita, e diversos animais, após o tratamento, tiveram novamente o aparecimento da lesão mesmo após um ano. Em alguns casos, ocorre associação da ferida com miíase (bicheira), o que torna a extensão da ferida ainda maior.

A ferida normalmente se localiza na linha média do úbere, próxima aos ligamentos que dividem os quartos mamários. A maioria está presente na parte anterior do úbere. No Brasil, a predominância das lesões se restringe à glândula mamária, com alguns relatos da lesão ocorrendo em outras regiões do corpo da vaca. Acredita-se que esta diferença se deva aos tipos de parasitos, argumento este ainda não confirmado.

Os produtores de leite afirmam que os animais acometidos apresentam uma redução acentuada na produtividade, além do risco de desenvolvimento de mastite, por causa do intenso desconforto, doloroso e pruriginoso. Observa-se número elevado da doença microbiana após o desenvolvimento da ferida no úbere. Acredita-se que isto ocorra justamente porque a ferida permite maior acúmulo de sujidade e moscas no local, bem como multiplicação bacteriana, facilitando a infecção da glândula mamária.

Propriedades que possuem o sistema semi-intensivo ou intensivo necessitam ter preocupação ainda mais elevada, por serem mais susceptíveis a acúmulo de material orgânico, em especial dejetos dos animais, o qual facilitará a multiplicação das moscas que transmitem o parasita.

A maior incidência ocorre justamente em vacas em lactação, por isso a doença é conhecida como úlcera da lactação. As outras categorias também podem ser acometidas, mas em muito menor extensão. Isso possivelmente acontece por alguns motivos, dentre eles, que estas fêmeas frequentam no mínimo uma vez ao dia o local para ordenha, ambiente menor no qual as vacas ficam mais próximas umas às outras, sadias e doentes, e muitas vezes onde há maior concentração de moscas. Ainda, pertencem a classe dos animais do rebanho que normalmente não são vermifugados, justamente para não excretar o medicamento no leite e assim reduzir a quantia de leite vendável. Sendo assim, justifica-se a maior predisposição da categoria para o desenvolvimento da doença. A doença é mais frequente em rebanhos leiteiros, mas pode aparecer em animais destinados a produção de carne, mais comumente na região do escroto de touros.

Em áreas endêmicas pode-se observar até 90% de animais acometidos, e este índice tem sido associado a bovinos de raças taurinas, especialmente da raça Holandesa e Jersey. Animais Girolandos também apresentam incidência, no entanto menor que os animais puros taurinos.

O diagnóstico definitivo deverá ser feito pelo médico veterinário, o qual pode confirmar a presença do parasita pela coleta de material da ferida e envio a um laboratório de parasitologia veterinária. A melhor observação do parasito se dá pela visualização do mesmo no liquido utilizado para enviar a amostra tecidual ao laboratorio, denominado exame direto, com observação do sedimento em microscópio.

O tratamento é realizado com medicamentos antihelmínticos como ivermectina, levamisol, amitraz, com resultados satisfatórios. Ainda, pode-se recomendar compostos organofosforados para colocação tópica, na ferida, sendo que o ideal é se fazer a associação com a administração parenteral, ou seja, injetável. Deve-se relembrar que alguns medicamentos, como a ivermectina, possuem períodos de carência elevados, motivo pelo qual muitos produtores não realizam o tratamento. O período de tratamento médio ocorre em torno de 30-45 dias, longo, trabalhoso e dolorido aos animais, por apresentar alta sensibilidade na região. Tem-se pesquisado medicamentos fitoterápicos para resolução do problema, os quais ainda encontram-se em teste. Os produtos repelentes usualmente utilizados nas fazendas não apresentam eficácia. Em todo o caso, o tratamento deve ser indicado por um veterinário, o qual fará o acompanhamento do caso e verificará a eficácia dos diferentes métodos.

Silva et al. (2010) fizeram um levantamento do custo para tratamento de vacas acometidas com a parasitose, e concluíram que gasta-se em torno de R$130,00 reais por vaca tratada. Se levarmos em consideração que a doença acomete principalmente vacas em lactação, e que o tratamento mais eficaz é feito pela aplicação de ivermectina parenteral, sendo o leite então destinado somente para alimentação de bezerros por causa do alto período de carência, este tratamento passa a ser então impraticável.

Desta forma, esta é mais uma doença na qual prima-se pela prevenção. O ideal é a identificação dos animais acometidos no início da instalação da doença, pois eles funcionarão como foco de contaminação para as demais. Poucas vacas afetadas poderão ser retiradas da ordenha comercial para tratamento sem apresentar um alto impacto na produtividade. No entanto, uma vez que a doença esteja amplamente disseminada, o ideal é afastar os animais doentes para tratamento de forma gradativa, e até mesmo dividi-las em lotes de animais doentes e sadios.

Independente do tempo que a doença iniciou no rebanho, deve-se fazer controle rigoroso dos disseminadores da doença, as moscas. Existe uma série de substâncias que podem ser administradas aos animais para repelir as moscas, no entanto, são absorvidas pela pele e secretadas também no leite, devendo-se evita-las ou respeitar o periodo de carência para cada droga. Os locais de ordenha e de alojamento de animais, para alimentação periódica ou manutenção efetiva dos animais (sistema intensivo), devem possui limpeza de dejetos e outros materiais orgânicos, os quais aumentarão a quantidade de moscas. Ainda, pode-se utilizar susbtâncias que realizam controle quimico das moscas, como o diflubenzuron e o methoprene, os quais são ingeridos pelos bovinos e eliminados nas fezes, impedindo o crescimento das larvas das moscas. Deve-se ressaltar que este controle leva no mínimo duas semanas para mostrar a eficácia, pois as moscas adultas sobrevivem de 1 a 4 semanas. Estes medicamentos podem ser utlizados por vacas em lactação e para animais destinados a carne, pois não apresentam carência para nenhuma das duas produções.


Figura 1: Lesões circulares, ulceradas e com crostas, na região anterior do úbere.
Fonte: Miyakawa et al. (2009)


Figura 2: Ferida na porção anterior do úbere Figura 3: Ferida entre quartos mamários
Fonte: Silva et al. (2010)


Referências Bibliográficas

DIES, K.H.; PRITCHARD, J. Bovine Stephanofilarial dermatitis in Alberta. Canadian Veterinary Journal, v.26, p. 361-362, 1985

MIYAKAWA, V.I.; REIS, A.C.F.; LISBOA, J.A.N. Aspectos epidemiológicos e clínicos da estefanofilariose em vacas leiteiras e comparação entre métodos de diagnósticos. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 29, n.11, p. 887-893, 2009.

SILVA, L.A.F.; RABELO, R.E.; MOURA, M.I.; FIORAVANTI, M.C.S.; BORGES, L.M.F.; LIMA, C.R.O. Aspectos epidemiológicos e tratamento de lesões parasitárias semelhantes a estefanofilariose em vacas lactantes. Semina: Ciências Agrárias, v.31, n.3, p.689-698, 2010.

WATRELOT-VIRIEUX, D.; PIN, D. Chronic eosinophilic dermatitis in the scrotal area associated with stephanofilariasis infestation of Charolais bull in France. Journal of Veterinary Medicine, B Infectious diseases and veterinary public health, v.53, n.3, p150-152, 2006.

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DOUGLAS RIBEIRO

MIRACEMA DO TOCANTINS - TOCANTINS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/08/2016

Deixar o ambiente sempre limpo, arejado e livre de qualquer contaminaçãp é sempre bem viável! Temos que trabalhar sempre com a causa da doença, no caso a mosca de chifre! separar as vacas doente em piquetes é outra alternativa! soluções tópicas como iodo ajudam bastante na hora do manejo!
ALEXANDRE CASTRO SALIM

RIO ESPERA - MINAS GERAIS - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 12/07/2016

O bico do peito fica tampado e leite não sai o que devo fazer.
MARCOS

JACUTINGA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/08/2014

bom dia tenho duas vacas com este problema dei invermectina estou passando ganadol e não obtive resultado ainda, gostaria que me desse uma opinião, obrigado.
JAIR DALMAGRO

FRANCISCO BELTRÃO - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/03/2014

Ola.

Tenho algumas vacas com esse problema de ulceras, ja usei neguvon associado com ivermectina e a pomada ungüento mas não deu o resultado esperado, da uma melhorada e depois volta. gostaria de saber se tem algum outro tratamento melhor.
MARIA MADALENA DA SILVA

RONDONÓPOLIS - MATO GROSSO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/03/2014

Foi muito construtiva estas informações...
HERMES VERGARA RADMANN

LAJEADO - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/09/2012

Trabalho atualmente com pecuária leiteira pois no dia a dia me deparo com muitos problemas  de  ferida de ubere , tenho testado vários produtos tais como: Eprimex  Pour on (eprimectina)  que é uma molécula mais nova de ivermectina , também usei Neguvon tópico (organofosforado),  Genesis  (ivermectina 1 %) Pour on  no entanto tive melhor sucesso com Tiguvon da Bayer   (Fention)que também e um organofosforado porem e uma molécula que aqui na minha região é pouco usada e ainda não tem resistência,  nesses casos associo também Genesis ou Eprimex para potencializar o tratamento.

Carência no Leite:

Tiguvon: 5 dias

Genesis : zero

Eprimex: zero
OLAVO PASCHOAL

PARAÍSO DO TOCANTINS - TOCANTINS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 21/06/2012

   Estive visitando um cliente de gado leiteiro , o qual me reclamou de uma vaca em lactação, que no inicio era um carôço (hematoma)  localizado na região posterior( de trás)  do úbere, na altura mediana do úbere, ( bem visivel quando estamos por trás do animal) que posteriormente vem a furo e depois se transforma numa ferida larga e aberta,onde se observa ataque de miiases e outras contaminações. Bem provavel que seja mesmo este parasita Estefanofilariose. Este animal acabou perdendo 3 tetas e neste caso provalmente será descartado após o tratamento.   
GIANA SOUZA

ITU - SÃO PAULO - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 07/06/2012

Olá Rogério,

Poderia tentar o tratamento com Levamisol parenteral (Ex.: Ripercol 150F) associado com Coumafós tópico (Neguvon).

Levamisol: período de carência 48hs

Coumafós: período de carência 10hs

Com o período de carência curto o prejuízo se torna menor.
ROGÉRIO OLIVEIRA CORREIA

ORIZONA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 14/02/2012

Muito bom esse radar, mas gostaria q informássemos o tratamento ideal para cura das ulceras.
TIAGO LUÍS RHODEN

CERRO LARGO - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/05/2011

Tive esse problema em uma das minhas vacas, tratei com TERRAMICINA em pó diluída em alcool, aplicava todo dia direto na ferida, em duas semanas estava curada!

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