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Tripanossomose bovina: relato de caso em um rebanho leiteiro em Esmeraldas/MG

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/11/2018

9 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 29/09/2023

*Autores:

Silvia Amorim Gomes; Graduanda em Medicina Veterinária, Faculdade de Medicina Veterinária, PUC Minas Betim.

Isabella Bias Fortes, Medica Veterinária CRMV-MG 2284, Doutora em Medicina Veterinária Preventiva, docente, Faculdade de Medicina Veterinária, PUC Minas Betim.

Resumo

A tripanossomose é uma doença causada pelo Trypanossoma vivax e foi relatada pela primeira vez em Minas Gerais no ano de 2008. Apesar de ser uma doença de origem africana, o protozoário conseguiu adaptar- se à países da América do Sul mesmo sem seu vetor biológico, a mosca tsé-tsé. No Brasil a transmissão ocorre de forma mecânica, por picadas de insetos como mutucas, moscas dos estábulos e também por fômites contaminados. Desde então, passou a causar diversas alterações nos animais acometidos, refletindo no desempenho e produção dos mesmos. Estes sinais, muitas vezes inespecíficos, dificultam o diagnóstico e  o tratamento desta enfermidade.

O presente trabalho tem como objetivo relatar um surto de tripanossomose em uma propriedade composta por 61 animais em lactação no município de Esmeraldas, Minas Gerais, onde 45 animais do rebanho foram acometidos. O protozoário foi identificado a partir de dois testes parasitológicos, sendo eles, a técnica de microhematócrito de Woo e o teste da gota espessa. Diante da confirmação da doença, foi preconizado o tratamento de todo o rebanho a base de cloreto de isometamidium.

Introdução 

O Trypanossoma vivax é um protozoário que acomete o sistema circulatório dos ruminantes (MIDAU et al., 2016) causando a tripanossomose e acarretando em grandes impactos econômicos em rebanhos leiteiros (ABRÃO, 2009). De origem Africana, este hemoparasita é transmitido ciclicamente pelas moscas tsé-tsé, enquanto que nas Américas, devido a sua capacidade de adaptação, conseguiu se manter na ausência do vetor biológico, sendo transmitido de forma mecânica pela picada de insetos nativos como as mutucas e as moscas dos estábulos (PAIVA et al., 2000). Outra forma de transmissão mecânica já relatada é a forma iatrogênica por fômites contaminados, além da introdução de animais infectados no rebanho (SILVA et al., 1997; BARBOSA et al., 2015).

A tripanossomose geralmente ocorre em forma de surtos causando grandes perdas econômicas, uma vez que tem sido responsável por provocar abortos, infertilidade, queda na produção de leite, anemia, mortalidade, além dos gastos com diagnóstico e tratamento (SEIDL et al., 1999). Os principais métodos de diagnósticos podem ser divididos em três grupos, sendo eles, parasitológico, sorológico e molecular (SILVA et al., 2002). Os métodos parasitológicos são os mais utilizados, dentre esses a técnica do esfregaço, técnica de microhematócrito de Woo e Buffy Coat (SILVA et al., 1997).

O primeiro relato de tripanossomose em bovinos no Brasil foi em 1946 por Boulhosa, no estado do Pará (SNARK, 2017) enquanto que no estado de Minas Gerais somente em 2008 (CARVALHO, 2008). Desde então essa doença vem se destacando por seu crescente impacto econômico em rebanhos leiteiros (ABRÃO, 2009), além do despreparo dos envolvidos perante a tripanossomose. O objetivo do estudo é relatar um surto de tripanossomose bovina em Minas Gerais e evidenciar a importância da profilaxia desta doença infectocontagiosa uma vez que são vários os prejuízos causados.

Casuística 

O estudo foi realizado em uma propriedade rural de criação de bovinos leiteiros, localizada no município de Esmeraldas, Minas Gerais no mês de agosto de 2017. O rebanho era constituído por 61 animais em lactação, divididos em 3 lotes equivalentes a produção, alta, média e baixa. Os animais possuíam uma dieta a base de silagem de milho, cana e capim na época da seca. O lote de alta produção consumia cerca de 6kg de ração por animal/dia. O manejo de ordenha era realizado duas vezes ao dia, com auxílio de hormônio ocitocina antes da ordenha e não era realizada a troca de agulhas entre os animais, apenas imersão em uma solução desinfetante.

Na anamnese, segundo o proprietário, cerca de 10 animais haviam morrido e apenas as fêmeas adultas apresentavam o quadro clínico. Há 30 dias antes do surto, houve compra de animais oriundos da cidade de Rio Manso, Minas Gerais. Os sinais clínicos apresentados foram:

  • diarreia fétida;
  • geofagia (consumo de terra); 
  • agravamento nos problemas de cascos;
  • abortos;
  • perda de escore corporal e;
  • significativa queda na produção de leite, sendo que aproximadamente 20 animais tiveram sua lactação interrompida devido à baixa produção.

A partir do quadro que os animais apresentavam, além do uso inadequado de ocitocina no manejo de ordenha, sendo esta, uma causa de transmissão iatrogênica, suspeitou-se que os animais estavam infectados por T. vivax. O diagnóstico foi feito a partir de dois testes parasitológicos, sendo eles, a técnica de microhematócrito de Woo e o teste da gota espessa (SILVA et al., 1997). Para isso, de cada animal em lactação, foram colhidos em torno de 2 ml de sangue por venopunção da veia epigástrica cranial superficial utilizando-se agulhas 25x0,8 mm em tubos contendo anticoagulante (EDTA), para realização do procedimento.

Avaliou-se também o volume globular dos animais. Os animais positivos para Trypanossoma spp. no teste de gota espessa eram confirmados como infectados, entretanto, os animais que foram negativos nesse teste foram submetidos ao teste método de Woo, uma vez que esse apresenta maior sensibilidade e é considerado o melhor teste para ser feito à campo (BASTOS, 2015). Ao teste de gota espessa, 57% dos animais mostraram-se positivos enquanto que no teste de Woo, 73% dos animais foram positivos. Além disso, foi constatado que 60% do rebanho apresentou quadro de anemia.

Foi preconizado o tratamento para todo o rebanho em lactação, utilizando a base cloreto de isometamidium na dose de 1,0 mg/kg de peso vivo, sendo necessário 3 aplicações com intervalo de 4 meses, juntamente com uma terapia suporte de fluidoterapia aos animais anêmicos graves e que não estavam se alimentando. A fluidoterapia oral utilizada era constituída de 160 gramas de cloreto de sódio, 20 gramas de cloreto de potássio, 10 gramas de cloreto de cálcio, 300 ml de propilenoglicol, misturados em 20 litros de água morna, sendo administrados uma vez ao dia.

Após 50 dias do início do tratamento, retornou-se à propriedade para avaliar a resposta dos animais diante da primeira dose do tratamento preconizado. Foi relatado que os animais haviam cessado o hábito de geofagia, os quadros de diarreia e os abortos. Outros valores relevantes são que 16 animais vieram a óbito desde o início do surto e a média de produção de leite do rebanho caiu em 4kg por animal/dia. 

Novas amostras de sangue foram coletadas nos animais em lactação e de algumas vacas secas para que fosse feito o teste de gota espessa, o método de Woo, e avaliação de quais animais ainda estavam em um quadro anêmico. Todos os animais foram negativos aos dois testes parasitológicos, 7% dos animais ainda apresentaram um quadro de anemia. Tal resultado demonstrou a eficiência em resposta a primeira dose do tratamento, como também uma consequência resultante da parasitemia.

 

"Outros valores relevantes são que 16 animais vieram a óbito desde o início do surto e a média de produção de leite do rebanho caiu em 4kg por animal/dia". 

Discussão

Dentre os fatores que acentuaram a ocorrência da doença nessa propriedade incluem o compartilhamento de agulhas entre os animais para aplicação de endovenosos como relatado por Cadioli et al, 2012, principalmente a administração de ocitocina. Segundo Bastos et al., 2013, normalmente é utilizada a mesma agulha para todo o rebanho, sendo então uma forma de transmissão de patógenos, além de levar as flebites e o incomodo na hora da aplicação - fato que também foi encontrado nos animais doentes.

Além disso, outro fator relevante foi a entrada de novos animais na propriedade que até então era uma área livre. Oliveira et al., 2009 afirmam que o trânsito de animais para diferentes regiões favorece a disseminação da enfermidade. Apesar do contínuo fornecimento de alimentos, observou-se o emagrecimento progressivo dos animais, decorrente da diminuição do apetite, devido à alta parasitemia e manifestações clínicas como anemia, sendo essa um achado comum em infecções por T. vivax (SEIDL et al., 1999). No presente relato, 70% dos animais apresentaram na primeira visita um quadro anêmico e queda no peso corporal.

Foi relatado que haviam ocorrido casos esporádicos de abortos, número esse que não foi constatado devido à falta de organização e anotações zootécnicas por parte da propriedade. Todavia, SEIDL et al, 1999 afirmaram que apesar da enfermidade não apresentar sinais patognomônicos, o aborto é um dos sinais apresentados por animais infectados por T.vivax.

A morte de animais com um curso clínico inferior a 48 horas e a presença de animais crônicos evidencia que a enfermidade se manifestou na propriedade tanto na forma aguda quanto na forma crônica. ABRÃO, 2009 afirma que podem ocorrer casos agudos e levar o animal a morte ou progredir para uma fase subaguda e crônica, ambos vistos na propriedade.

Conclusões

O estudo permitiu relatar mais uma ocorrência de um surto de tripanossomose bovina no estado de Minas Gerais. As condições identificadas na propriedade, como ambiente propício aos vetores, a introdução de novos animais no rebanho, uso compartilhado de agulhas e seringas para a administração de ocitocina são aspectos importantes que provavelmente estiveram associados à instalação e disseminação do agente no rebanho.

Com toda a complexidade em contabilizar os prejuízos resultantes da enfermidade diagnosticada, uma vez que envolvem mortes de animais, abortos, redução da produção de leite, redução do ganho de peso, problemas de cascos, altos custos das drogas tripanocidas além das despesas com assistência técnica, fica evidente que essas perdas foram significativas na propriedade em questão. 

Referências bibliográficas

ABRÃO, D. C. et al. Impacto econômico causado por Trypanossoma vivax em rebanho bovino leiteiro no estado de Minas Gerais. Ciência Animal Brasileira, Goiânia, v. 1, p.672-676, 2009.

BARBOSA, J. C. et al. Primeiro surto de tripanossomose bovina detectado no estado de Goiás, Brasil. Ars Veterinária, Jaboticabal, v. 31, n. 2, p. 100, 2015.

BASTOS, T. S. A. et al. Surto de Tripanossomose bovina desencadeado após manejo inadequado durante aplicação de medicamento endovenoso. Ars Veterinária, Jaboticabal, v. 29, n. 4, p. 63, 2013.

BASTOS, T. S. A. et al. Detecção de Trypanosoma vivax por diferentes técnicas de diagnóstico parasitológico realizadas à campo. Ars Veterinária, Jaboticabal, v. 31, n. 2, p.181 40, 2015.

CADIOLI, F. A. First report of Trypanosoma vivax outbreak in dairy cattle in São Paulo state, Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, Jaboticabal, v. 21, n. 2, p.118-124, 2012.

CARVALHO, A. U. et al. Ocorrência de Trypanosoma vivax no estado de Minas Gerais. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v. 60, n. 3, p.187 769-771, 2008.

MIDAU et al. The Influence of Age, Sex and Breed on the Susceptibility to Trypanosomiasis in Cattle. Journal of Veterinary Advances, Wilmington, v. 6, n. 2, p.1206-1210, 2016.

OLIVEIRA J. et al. First report of Trypanosoma vivax infection in dairy cattle from Costa Rica. Veterinary parasitology, v.163, n. 1, p. 136-39, 2009.

PAIVA, F. et al. Trypanosoma vivax em bovinos no Pantanal do Estado do Mato Grosso do Sul, Brasil: I – Acompanhamento clínico, laboratorial e anatomopatológico de rebanhos infectados. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, Jaboticabal, v. 9, n. 2, p.135-141, 2000.

SEIDL, A. et al. Estimated financial impact of Trypanosoma vivax on the Brazilian Pantanal and Bolivian Lowlands. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro,nv. 94, n. 2, p. 269-272, 1999.

SILVA, R. A. M. S. et al. Tripanossomose bovina por Trypanosoma vivax no Brasil e Bolívia: sintomas clínicos, diagnósticos e dados epizootiológicos. Embrapa Gado denCorte, Campo Grande, p. 17, 1997.

SILVA, R. A. M. S.; et al. Trypanosoma evansi e Trypanosoma vivax – Biologia diagnóstico e controle. Corumbá: Embrapa, 2002.

SNARK, A. Prevalência e fatores de risco associados a infecção por Neospora caninum e Trypanossoma vivax em bovinos leiteiros e ocorrência de N. caninum e parasitos gastrointestinais em cães de propriedades rurais do Oeste do Paraná, Brasil. 2017. 120f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-graduação em Ciência Animal, Universidade Federal do Paraná, Palotina, Paraná, 2017.

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ELIEZER FURTADO DE CARVALHO

SILVÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/12/2018

Também, já constatamos antibiótico para tratamento de mastite que indica "carência zero", mas que o exame de laboratório acusa presença do antibiótico. Nesta mesma esteira, podemos dizer de qualidade de sêmem, fertilizantes, vacinas e muitos outros insumos.
Em visita que fiz à Delegacia do MAPA em Goiás, para pedir que intercedesse efetivamente no controle de qualidade desses insumos, passei por 5 (cinco) funcionários da área, nenhum se preocupou com a questão; cada um empurrava para o outro e ninguém assumiu sua responsabilidade funcional. Isso é responsabilidade do MAPA.
ELIEZER FURTADO DE CARVALHO

SILVÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/12/2018

A principal razão que me levou a divulgar o fato apontado no artigo foi alertar aos produtores de leite e aos técnicos da área, para que, diante de situações como esta, analisem com todo cuidado as diversas possibilidades que podem estar envolvidas em tais fatos e suas consequências operacionais e financeiras.
Infelizmente, não é somente nesse tipo de insumo que ocorrem fraudes e/ou atuações e informações falsas, que, para que alguém ganhe, os produtores são submetidos a graves prejuízos. Recentemente, em minha fazenda, 7 (sete) vacas foram mortas, por se alimentarem de ração falsamente balanceada e com rotulagem falsa, tendo comprovada elevada deficiência de fósforo em análise de laboratório.
ADRIANA ANDREOLI

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/12/2018

Sim! Você fez bem. :)
ELIEZER FURTADO DE CARVALHO

SILVÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/12/2018

Artigo muito importante para os produtores de leite e profissionais de assistência técnica.
ELIEZER FURTADO DE CARVALHO

SILVÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/11/2018

Sou produtor de leite no Município de Silvânia-GO. Há poucos meses, quando a tripanossomose bovina já estava sendo alardeada por algumas pessoas em todo o País, alguns resultados de exames em vacas leiteiras acusavam, em vários rebanhos de Goiás, índice de 50% de contaminação por tripanossomose (de cada grupo de 10 vacas coletadas, 5 vacas eram dadas como positivas nos tais "exames", e o vendedor da vacina (caríííssssssima) era o mesmo que tirava as amostras de sangue das vacas e passava aos produtores o suposto resultado dos "exames". Na Universidade Federal de Goiás, os exames dos mesmos animais deram negativos.
EDER GHEDINI

TAPEJARA - RIO GRANDE DO SUL

EM 26/12/2018

Triste realidade, o produtor deve estar sempre alerta aos espertalhões. Exigir dados cientificamente comprovados com a participação de instituições idôneas é o ponta pé inicial.
ADRIANA ANDREOLI

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/12/2018

Que absurdo! Denunciaram ao CRMV?
EM RESPOSTA A EDER GHEDINI
LEONARDO CEZAROTTO

TAPEJARA - RIO GRANDE DO SUL - ESTUDANTE

EM 04/06/2019

Teve um cara aqui na região de seberi as vacas davam cria e morriam o veterinário deu diagnóstico de tripanossomose e era anaplasmose, e ainda gastou em exames.
ROBERTO FURTADO

CAMPO ALEGRE DE GOIÁS - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/10/2023

Viva a Universidade pública!
CAIO FERNANDES

EUNÁPOLIS - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 22/11/2018

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