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Produção de silagem através da mistura de diferentes plantas forrageiras

POR JOÃO JOSÉ ASSUMPÇÃO DE ABREU DEMARCHI

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/08/2003

7 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 30/05/2023

Introdução

Recebemos freqüentemente solicitações de informações sobre a mistura de plantas forrageiras para produção de silagens com as mais variadas situações. Essas misturas podem partir de semeaduras realizadas numa mesma área ou do corte de diferentes plantas forrageiras localizadas em áreas diferentes, mas próximas para viabilizar corte, transporte e mistura no silo. Um dos objetivos dessa ação pode ser a baixa disponibilidade das plantas forrageiras em relação ao tamanho dos silos, exigindo que as mesmas sejam colocadas de uma forma associada para um adequado enchimento destas estruturas, já que isoladas não seriam suficientes para enchê-los. Podem também ter o objetivo de aproveitar uma sobra de uma planta forrageira (ex: cana-de-açúcar, capim elefante, girassol, pastagens, etc) a ser incorporada a uma cultura principal cultivada exclusivamente para esse fim, ou procurando corrigir um defeito de uma planta com a adição de outra, normalmente o baixo teor de matéria seca, açúcar, proteína ou energia (grãos).

Conceitos básicos

Devemos lembrar que a planta de milho é a mais indicada para produção de silagens, não requerendo qualquer tipo de associação ou aditivo para que seja produzida com excelente qualidade, bastando seguir as recomendações gerais para ensilagem, amplamente discutidas neste espaço. Da mesma forma, o sorgo de dupla aptidão, que apresenta as características mais próximas do milho, também não requer qualquer tipo de aditivo ou associação para melhoria da sua qualidade. Essas duas plantas forrageiras, quando ensiladas no estádio correto de maturação dos grãos, apresentam teores de matéria seca próximos de 30%, teores mínimos adequados de açúcar para promover a fermentação e baixo poder tampão para impedir o abaixamento do pH da forragem ensilada. Portanto, não devemos acrescentar nenhum produto ou planta forrageira com intuito de melhorar a sua qualidade.

Entretanto, outras plantas forrageiras apresentam algumas características desfavoráveis ao processo de ensilagem e normalmente requerem alguma ação para evitar maiores perdas na silagem produzida. São exemplos, o capim elefante ou demais plantas forrageiras utilizadas como pastagens, que no momento de melhor valor nutritivo (plantas jovens), apresentam altos teores de umidade, impedindo que o padrão de fermentação seja satisfatório. Da mesma forma, o girassol, que acumula matéria seca com facilidade, apresenta teores de gordura muito elevados, o que normalmente não compromete o processo fermentativo, mas impede que o processo de degradação ruminal da fibra seja satisfatório, reduzindo consumo e desempenho animal. Alguns híbridos podem apresentar problemas com baixos teores de matéria seca. Já a cana-de-açúcar, o excesso de açúcar é que representa perigo para o processo de fermentação, ocasionando uma fermentação com padrão acético e com grande produção de álcool, reduzindo também o consumo e o desempenho animal.

Sendo assim, muitas vezes são viáveis associações entre estas plantas forrageiras entre si e com milho ou sorgo visando um melhor aproveitamento do potencial forrageiro disponível no sistema de produção envolvido, ou a utilização de algum tipo de aditivo que promova a correção do fator restritivo.

Leguminosas

Normalmente há interesse em associar plantas forrageiras da família das leguminosas (soja perene, guandu, ect.) visando um aumento do teor de proteína das silagens, normalmente baixo mesmo em silagens de milho e sorgo. As leguminosas apresentam realmente teores de proteína bem mais elevados que as gramíneas, porém apresentam menor produtividade e crescimento mais lento, o que acaba gerando uma produtividade global menor. A adição de sementes destas plantas durante a semeadura da cultura principal acaba gerando dificuldade na semeadura em função da diversidade de tamanhos e formas destas sementes em relação ao milho e sorgo, especialmente com semeadoras de menor tecnologia. Também apresentam alto poder tampão, o que acaba reduzindo a velocidade de abaixamento do pH da forragem ensilada, ou seja, a qualidade final da silagem pode não ser aumentada e produtividade total reduzida. A utilização da uréia como aditivo pode ser muito mais vantajosa e prática do que a adição de leguminosas.

Aditivos

O termo aditivo representa qualquer produto adicionado ao processo de ensilagem, podendo ser constituído ou representado por uma infinidade de produtos, e também com a finalidade de corrigir diferentes deficiências da planta forrageira que está sendo ensilada. A uréia é um aditivo que tem como objetivo apenas aumentar o teor de proteína da forragem ensilada, conforme citação no item anterior. Outros produtos usados como aditivos como o Refinazil, não só podem aumentar o teor de proteína como corrigir excessos de umidade da forragem. Já a polpa cítrica, por não possuir teores elevados de proteína, só corrigem a matéria seca, porém aumentam a porcentagem de carboidratos facilmente fermentescíveis no rúmen, aumentando o seu potencial energético. O rolão de milho ou outro grão qualquer adicionado ao processo normalmente visam correção da matéria seca da forragem ensilada e também o aumento do teor energético pela presença do amido. Existem também aditivos inibidores de fermentação (ácido fórmico, formaldeído, etc.) que impedem o crescimento de qualquer microrganismo, mas abaixam imediatamente o pH. Por fim há os aditivos microbiológicos (associações entre microrganismos) que são adicionados visando a rápida proliferação das bactérias desejáveis, o que acelera o abaixamento do pH e a melhor conservação do produto final. Podem estar associados ou não a aditivos que aumentem o teor de açúcar, como a cana-de-açúcar ou o açúcar propriamente dito (melaço em pó). São normalmente muito mais práticos de serem utilizados do que a associação de plantas forrageiras por serem utilizados em menores quantidades (0,5 a 15%) e poderem estar disponíveis no momento mais adequado de ensilagem da planta forrageira.

Associações entre plantas forrageiras

A decisão de produzir uma silagem a partir da mistura de duas ou mais plantas forrageiras deve ser bastante criteriosa e deve ter um objetivo claro de melhorar o sistema de conservação de forragens como um todo. A associação entre capim elefante e cana-de-açúcar, por exemplo, depende da disponibilidade do capim no momento mais adequado para ser ensilado e da cana madura com teores adequados de matéria seca e açúcar. Essa adição de cana ao capim visa a elevação do teor de matéria seca, já que o capim deve ter aproximadamente 15 a 20% e a cana 30 a 32% e o aumento da disponibilidade de açúcar para aumentar a produção de ácidos pelas bactérias e garantir um abaixamento do pH para valores próximos de 3,8 a 4,0. Os valores adicionados de cana podem variar de 20 a 50%, dependendo da disponibilidade e do teor de matéria seca de cada uma das forragens. O que se questiona é a praticidade dessa atividade, já que é necessário dispor das duas forragens em estádios de maturação adequados e que a colhedora percorra duas áreas diferentes ou haja disponibilidade de duas unidades simultaneamente, para que as carretas cheguem no silo numa freqüência tal que permita uma boa homogeneidade da massa total ensilada. Normalmente recomendamos a adição de um produto de levada matéria seca - 90% (rolão de milho, milho moído, polpa cítrica, refinazil, etc.), em percentuais ao redor de 10-15%, o que é muito mais prático no dia a dia da fazenda. A mistura das forrageiras só se justificaria para, por exemplo, para aproveitar a cana-de-açúcar que sobrou para que ela não seja utilizada apenas no próximo ano e haja prejuízo no manejo do canavial.

Da mesma forma, pode haver associação entre capim elefante e plantas de girassol, conforme trabalho de REZENDE et al. (2002), onde a adição de 23% de plantas de girassol maduras (125 dias após semeadura e 36% de matéria seca) sobre capim elefante com 70 dias de crescimento, possibilitou um aumento do teor de matéria seca da mistura para valores próximos de 23%, aumento do pH para 3,8, da proteína bruta para valores superiores à 8%, redução do FDN para valores próximos de 60%, elevação do teor de gordura (extrato etéreo) para níveis acima de 4% e aumento da digestibilidade in vitro da matéria para 60%. Concluem os autores que a planta de girassol com alto teor de matéria seca pode ser associada ao capim elefante para ensilar, proporcionando valores nutritivos satisfatórios até o nível de 23%. O que vale a pena salientar é que a silagem de capim sem a adição do girassol também tem uma qualidade satisfatória, apesar de inferior, porém a ensilagem das plantas de girassol como apresentadas proporciona uma silagem de muito menor qualidade, ou seja, a decisão de misturá-la ao capim visa salvaguardar e não desperdiçar a cultura de girassol, e não essencialmente melhorar a qualidade da silagem de capim elefante, além de evitar que o excesso de gordura da silagem de girassol exclusiva reduza a digestibilidade da fração fibrosa e por conseqüência, reduza consumo e desempenho animal. Os autores não discutem os problemas relacionados a disponibilidade das duas culturas em uma propriedade, bem como a operacionalidade das máquinas para colheita e mistura, já que o experimento foi conduzido em pequenos silos experimentais.

COMENTÁRIOS: Conforme já discutido no texto, a opção de misturar duas plantas forrageiras pode trazer benefícios à silagem produzida pela correção de deficiências das plantas isoladas, porém existem estratégias mais práticas com o uso de aditivos. A opção de misturar duas ou mais plantas forrageiras deve ser criteriosa e visar a otimização do sistema de produção de forragens conservadas como um todo, já que a praticidade de tal operação é sempre questionável.

BIBLIOGRAFIA CITADA
REZENDE, A. V.;EVANGELISTA, A. R.; BARCELOS, A. F.; SIQUEIRA, G. R.; SANTOS, R. V.; MAZO, M. S. Efeito da mistura da planta de girassol (Helianthus annuus L.), durante a ensilagem do capim elefante (pennisetum purpureum Schum.) no valor nutritivo das silagem. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 31, número 5, p. 1938-1943, 2002.

JOÃO JOSÉ ASSUMPÇÃO DE ABREU DEMARCHI

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