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Pneumonia em animais jovens

POR RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/04/2005

4 MIN DE LEITURA

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As doenças respiratórias em bezerros são afecções complexas que apresentam causas multifatoriais as quais envolvem fatores causadores de estresse, a imunidade do animal e os patôgenos causadores dos distúrbios respiratórios. Após décadas de ocorrências destas afecções em gado leiteiro, já se sabe que a melhor forma de evitá-las é através do manejo preventivo.

Dentre as enfermidades do sistema respiratório, a pneumonia continua sendo a mais importante doença em bezerros e em bovinos adultos. A pneumonia causa inflamação do parênquima pulmonar, podendo também acometer os brônquios e bronquíolos e, mais raramente, a pleura. Muitas vezes, o animal acometido não demonstra claramente os sintomas, mas deve-se lembrar que os sintomas clássicos de bezerros com afecções no sistema respiratório são boca entre-aberta (devido à dificuldade respiratória), tosse e freqüência respiratória aumentada (>40 mov resp/ mim).

As perdas econômicas envolvidas com a doença giram em torno de R$180,00 para cada animal acometido. O cálculo das perdas econômicas deve considerar a redução do ganho de peso, tempo gasto dos funcionários para manejar os animais em tratamento, custos dos medicamentos e honorários do veterinário. As doenças infecciosas do sistema respiratório dos bezerros, principalmente nos três primeiros meses após o nascimento, são preocupantes pela alta incidência e gravidade com que se manifestam levando à alta mortalidade.

Existem pelo menos 4 diferentes fatores que comumente estão associados com a ocorrência da pneumonia:

- Vírus: rotavírus; coronavírus; adenovírus; vírus da parainfluenza-3 (PI3); herpes vírus bovino-1 (IBR); vírus respiratório sincicial bovino (SRB).

- Bactérias: Pasteurella spp.; Haemophilus somnus; Streptococcus; Staphylococcus; Escherichia; Salmonella; Klebsiella; Actinomyces; Mycoplasma e Clamydia

- Parasitas pulmonares: Dictyocaulus viviparus

- Corpos estranhos, químicos e processos congestivos

Dados de pesquisas apontam que em todos os rebanhos estudados, pelo menos um dos patôgenos causadores da pneumonia está presente, fato este que indica que a presença do patôgeno não é o principal fator que implica na presença da doença no rebanho.

A prevenção da pneumonia em bezerros exige o manejo dos seguintes fatores de risco envolvidos com a doença: imunidade dos bezerros, nível de exposição aos patôgenos, instalações arejadas e redução dos fatores de estresse no manejo.

Imunidade dos bezerros:
- A imunidade do bezerro é iniciada com a imunidade da vaca. A dieta da vaca seca e no pré-parto deve ser reavaliada, observe se os níveis de minerais estão corretamente balanceados.

- Um bom manejo do colostro é condição indispensável para a saúde do bezerro e, como não poderia deixar de ser, é um importante fator de risco para a ocorrência da pneumonia.

- Sob condições normais, um complexo mecanismo de defesa bioquímico, fisiológico e imunológico protege as vias respiratórias das partículas inaladas que poderiam ser lesivas ou infecciosas. Os principais mecanismos de defesa incluem filtração aerodinâmica pelas cavidades nasais, espirros, anticorpos nasais locais, reflexo laríngeo, reflexo da tosse, mecanismos de transporte mucociliar, macrófagos alveolares e os sistemas de anticorpos locais e sistêmicos.

- O movimento ciliar é um rotineiro e importante mecanismo de defesa do sistema respiratório, este movimento transporta partículas estranhas ao trato respiratório para a faringe, onde poderão ser eliminadas pela deglutição. Os vírus têm efeito altamente lesivo sobre o movimento ciliar, com conseqüente interferência na limpeza, predispondo a uma pneumonia bacteriana secundária. A infecção por Mycoplasma pneumoniae atrasa a limpeza traqueobrônquica, predispondo também a uma pneumonia bacteriana secundária.

- O reflexo da tosse é um importante mecanismo de defesa, pois remove o excesso de secreção e exsudato inflamatório advindo dos pulmões para as vias aéreas superiores, de onde são eliminados pela expectoração e/ou pela deglutição. Normalmente, a tosse representa um meio muito eficaz de expelir material, todavia nos casos de traqueíte e pneumonia graves, a tosse pode resultar em movimento retrógrado de material infectado para os bronquíolos, favorecendo a disseminação da infecção para as partes distais do pulmão.

Exposição aos patôgenos:

O nível de exposição aos patôgenos é um fator de difícil controle, porém dois fatores são essenciais para se obter este ajuste: evitar altas densidades nos lotes e garantir uma boa ventilação nas instalações. Um ponto relevante que também merece ser lembrado é a movimentação dos animais entre os lotes. A mudança de lotes aumenta o estresse dos animais e aumenta a exposição aos patôgenos, já que os animais introduzidos no lote podem estar carreando novos patôgenos.

Ao aumentar o estresse há uma conseqüente redução da resistência do animal e, com isso, maior oportunidade de multiplicação das bactérias e vírus que ameaçam o animal. Desta forma, o delicado equilíbrio entre o sistema imune e o convívio com os patôgenos, é quebrado, favorecendo ao desenvolvimento dos patôgenos que causarão a pneumonia.

Assim, deve-se monitorar fatores que tendem aumentar o estresse animal com intuito de evitar distúrbios no sistema respiratório. Alguns dos fatores de estresse mais comuns em animais jovens são: alterações na dieta, descorna, tristeza parasitária e desmama.

Instalações

Instalações fechadas têm capacidade limitada de ventilação, por isso ao aumentar a lotação das instalações haverá um aumento da umidade no local e o conseqüente favorecimento da multiplicação de bactérias e vírus, da mesma forma, ocorrerá ainda um maior acúmulo de esterco e uma maior concentração de amônia no ar. O aumento da umidade do ar e o aumento da concentração de amônia são comprovadamente fatores predisponentes para a ocorrência de doenças no sistema respiratório. Por estes motivos, os piquetes, as instalações abertas e os sistemas de casinhas (animais em aleitamento) são as melhores opções para a criação de bezerros.

No próximo artigo, serão abordados aspectos para diagnóstico, achados de necropsia e tratamentos para a pneumonia.

Fonte:

Blood, D. C.; Radostits, O.M. Clínica Veterinária. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1991. p.300-327.

Cusack, P.M.V.; McMeniman, N.; Lean, I.J. The medicine and epidemiology of bovine respiratory disease in feedlots. Aust. Vet. J., v.81, n.8, 2003.

RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

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