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Planejando a estação de monta em ovinos (parte 1)

POR JORDANA ANDRIOLI SALGADO

E STHEFANY KAMILE DOS SANTOS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/02/2019

6 MIN DE LEITURA

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Na ovinocultura de corte, a venda dos animais para abate proporciona uma parte considerável da renda das propriedades. Sendo assim, é fundamental garantir alto número de nascimentos, altas taxas de sobrevivência e o bom desempenho dos cordeiros produzidos.

Tendo em vista que a produção de cordeiros depende diretamente do encarneiramento das ovelhas, ou seja, da monta, atenção especial deve ser dada a esta etapa a fim de melhorar a eficiência reprodutiva do rebanho.

A Estação de Monta (EM) é uma ferramenta que favorece o maior controle do rebanho, pois consiste na separação de um lote selecionado de ovelhas que é colocado por um período limitado junto com o carneiro para reprodução (geralmente um período entre 45 a 60 dias de monta, conforme o objetivo e necessidade de cada propriedade).

Esta técnica não apresenta custos e é de fácil aplicação. Através dela é possível o melhor aproveitamento da mão de obra, uma vez que limitando o tempo de exposição ao macho, as ovelhas irão parir de maneira concentrada, facilitando a organização das práticas de manejo com estas categorias, seja vacinação ao final de gestação, ajuste de dieta, cuidados à parição e atenção aos neonatos.

Além disso, a EM favorece a padronização dos cordeiros quanto à idade, peso e acabamento, favorecendo a comercialização de lotes mais uniformes ao mercado. Assim, uma EM bem definida torna-se muito importante, pois intensifica o sistema de produção.

A reprodução é um processo complexo, mas assegurando técnicas de manejo simples e adequadas é possível garantir que ela ocorra de forma eficiente. A seguir serão abordados alguns critérios de seleção de animais para a monta:

Escore de condição corporal (ECC)

Atenção especial deve ser dada ao Escore de condição corporal (ECC) tanto das matrizes, quanto do reprodutor, o qual deve estar entre 3,0 – 3,5 (escala de 1 a 5: sendo 1 animais muito magros e 5 muito obesos).

Figura 1. Representação da cobertura muscular e de gordura da região lombar avaliada por meio do escore de condição corporal (ECC): ECC 1= muito magro/caquético; ECC 2= magro; ECC 3= ideal/normal; ECC 4= gordo; ECC 5= muito gordo/obeso. (Fonte: Adaptado de Pugh e Baird, 2012).

Estudos vêm mostrando que, em fêmeas, o ECC afeta significativamente o número de ciclos estrais manifestados, as taxas de concepção, o peso dos cordeiros ao nascimento, a ocorrência de partos gemelares e a taxa de desmame.

Os melhores resultados são verificados em escores medianos (3,0 - 3,5), fêmeas muito magras ou muito gordas apresentam declínio na sua eficiência produtiva. Sejian et al. (2010) verificaram que ovelhas com escores intermediários apresentaram 90% de concepção, enquanto que os animais com escores baixos (2,5) ou altos (4,0) conceberam apenas em 40%, o que compromete os índices dentro da propriedade.

Além disso, em ovelhas mais gordas, os problemas ao parto, devido à distocia, podem ocorrer com maior frequência, onde sem uma assistência adequada, os cordeiros podem vir a óbito.

A mesma recomendação de ECC se aplica para os carneiros, visto que machos muito magros ou muito gordos também têm a função reprodutiva comprometida, pois o comportamento sexual, as medidas testiculares, a concentração de testosterona e os parâmetros seminais (qualidade do sêmen) ficam prejudicados. Sabendo que um único carneiro é capaz de cobrir várias fêmeas, é fácil entender que um animal ruim atrapalha grandemente no sucesso reprodutivo do rebanho.

Dessa forma, ao planejar a estação de monta, é necessário traçar estratégias nutricionais lançando mão, conforme a necessidade, de uma suplementação alimentar com concentrados, ou ainda, uma restrição alimentar, reduzindo a proporção de alimentos concentrados da dieta, ou remanejando os animais para um piquete com pastagem de menor qualidade, a fim de adequar o ECC das matrizes e reprodutores.

Idade e peso à primeira monta:

Várias questões podem afetar a puberdade dos animais, como a genética, fatores ambientais, o tipo de parto, nutrição, idade e o peso corporal (Sá e Sá, 2001). Sendo assim, para que possam desempenhar com eficiência o seu papel reprodutivo na primeira estação de monta, o animal deve ter peso e idade adequados.

Existe uma relação muito próxima entre o crescimento corporal e o desenvolvimento dos órgãos reprodutivos, por isso a necessidade de melhorar a nutrição, predominantemente das cordeiras e borregas, conseguindo antecipar a puberdade destas categorias.

De maneira resumida, os animais podem estar aptos a reproduzirem quando apresentarem ≥70% do peso vivo adulto (entre 8 meses a 1 ano de vida). No caso das fêmeas, as borregas devem ter tamanho suficiente, compatível com o tamanho do reprodutor, para que possam suportar a monta e prevenir-se de problemas ao parto.

Esses animais devem estar com adequado escore de condição corporal, como já mencionado, para haver condições de maturidade sexual (hormonal e anatômica). Esse fato é importante porque as borregas prenhes (especialmente no final da gestão) serão uma categoria de alta exigência nutricional, já que estarão em crescimento, gerando o feto e produzindo leite para a prole.

Apesar do grande desafio produtivo, aproveitar a idade mínima de monta otimiza o tempo de serviço das matrizes e reduz o tempo ocioso na propriedade. O interessante é que as borregas tenham o seu primeiro parto, com no máximo 2 anos de idade para aproveitar o potencial produtivo desses animais.

Figura 2. Borregas Santa Inês com 1 ano de idade (>70 do peso vivo adulto) em estação de monta.

No caso do macho, os espermatozóides devem estar competentes e o animal deve ter libido (interesse pela fêmea). Normalmente, a maturidade sexual é atingida entre 5 e 9 meses de idade. Porém, embora a puberdade tenha sido atingida com essa idade, o carneiro só deverá ser considerado um reprodutor após aprender o comportamento sexual inerente à espécie (Barbosa, 2008).

Por volta de 1 ano de vida, na maioria das vezes, os machos já estão aptos à reprodução, desde que sejam selecionados e testados previamente por exames reprodutivos (andrológicos).

Há sistemas de produção em que o macho inicia a monta com 7 meses e desempenha bem o seu papel reprodutivo, como ocorre em alguns locais na Nova Zelândia, por exemplo. O que vai ditar a idade neste caso é a genética, a nutrição e condições dos sistemas de produção.

Figura 3. Carneiro jovem em salto para cobertura da ovelha na estação de monta.

Além dos pontos discutidos, vale ressaltar que outros manejos são importantes, a apara dos cascos é um exemplo, visto que animais com problemas podais terão dificuldades na monta. Ainda, outras doenças como verminoses, distúrbios metabólicos e nutricionais podem comprometer significativamente o sucesso da monta.

Esta primeira seleção dos animais, que serão as matrizes e os reprodutores da estação de monta, é fundamental pois é de onde virá toda a genética do rebanho. Uma vez que a seleção foi realizada com eficiência, pode-se lançar mão de estratégias que auxiliem a melhorar os índices na estação de monta. No próximo texto (parte 2) será abordado sobre estas estratégias que auxiliam a otimizar a monta: efeito macho, efeito flushing, relação macho: fêmea, identificação de animais cobertos, época e controle da monta.

Referências:

BARBOSA, D. S. Manejo Reprodutivo do Macho - itens para otimizar meu reprodutor. 2008. Disponível em: https://www.milkpoint.com.br/artigos/producao/manejo-reprodutivo-do-macho-itens-para-otimizar-meu-reprodutor-43842n.aspx. Acesso em: Janeiro de 2019.

MAIA, M. da S.; MEDEIROS, I. M.; LIMA, C. A. C. Características reprodutivas de carneiros no Nordeste do Brasil: parâmetros seminais. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v. 35, n. 2, p. 175-179, 2011.

OTTO DE SÁ,C. & SÁ,J.L. IDADE À PRIMEIRA CRIA DE BORREGAS. 2001. Diponível em: https://www.crisa.vet.br/exten_2001/borrega.htm. Acesso em: Janeiro de 2019.

PUGH, D. G.; BAIRD, A. N. Feeding and Nutrition. In: Sheep and Goat Medicine. Ed.: Elsevier (2 ed.). Missouri, p. 32-33, 2012.

RIBEIRO, L. A.; DREYER, C.; LEHUGEUR, C. M. Manejo da ovelha durante o encarneiramento ea parição: novas técnicas para reduzir perdas reprodutivas. Rev Bras Reprodução Anim, v. 35, n. 2, p. 171-4, 2011.

SEJIAN, V. et al. Effect of induced body condition score differences on physiological response, productive and reproductive performance of Malpura ewes kept in a hot, semi-arid environment. Journal of Animal Physiology and Animal Nutrition, v. 94, n. 2, p. 154-161, 2010.

 

JORDANA ANDRIOLI SALGADO

Médica Veterinária (UFPR).
Mestre em Ciências Veterinárias (UFPR/LAPOC).
Doutora em Biociências e Biotecnologia (UENF).
Pós doutoranda em Ciência Animal (PUCPR)
Consultora em ovino/caprinocultura e doenças parasitárias.

STHEFANY KAMILE DOS SANTOS

Professora no Departamento de Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de São João del Rei - Campus Sete Lagos (UFSJ/CSL)

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ALEXSANDRO MORAES FERREIRA

COSTA RICA - MATO GROSSO DO SUL - OVINOS/CAPRINOS

EM 26/07/2019

Achei um show, tem me ajudado muito

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