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Pinkeye: opções de tratamento

POR RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/11/2007

4 MIN DE LEITURA

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A ceratocunjuntivite é um tema de grande interesse, já que sua ocorrência tem sido cada vez maior. Muitas perguntas são enviadas sobre esta enfermidade, sendo que as perguntas mais freqüentes estão associadas ao tratamento desta afecção. Afinal, quais são as opções de tratamento? Porque certos medicamentos funcionam em um rebanho e não alcançam resultados em outros? O que fazer para controlar a rápida disseminação da doença?

Inicialmente, é necessário relembrar algumas informações básicas sobre a doença. A CBI - Ceratocunjuntivite Infecciosa Bovina (Pinkeye, Doença do olho branco) é uma doença infecciosa e contagiosa que afeta os olhos dos bovinos. O termo pink (rosa) eye (olho) descreve a aparência da conjuntiva afetada pela enfermidade. O organismo freqüentemente isolado dos olhos afetados é a Moraxella bovis. Pesquisadores relatam que o Mycoplasma bovoculi e o vírus IBR também são capazes de causar uma infecção ocular semelhante ao Pinkeye.

O animal afetado com Pinkeye apresenta inicialmente uma abundante produção de lágrima e procura ficar com os olhos parcialmente fechados, devido à dor causada pela infecção. À medida que a infecção avança surge uma mancha branca ou opaca no centro da córnea, que de acordo com a severidade e com as condições de tratamento, pode ou não evoluir para uma úlcera (Figuras 1 e 2). A doença pode apresentar curso agudo, subagudo ou crônico, afetando os dois ou apenas um olho.

Esta enfermidade raramente leva à perda do animal, mas os prejuízos são significativos e estão associados à perda de peso, estresse causado pela dor / desconforto, redução da produção de leite e custos com enfermagem e tratamento.

A Ceratocunjuntivite Infecciosa Bovina é uma doença altamente contagiosa, transmitida por contato direto, descarga nasal ou ocular e, principalmente, por vetores mecânicos. As moscas são um importante vetor da enfermidade, provocam injúrias mecânicas na conjuntiva e disseminam a Moraxella bovis de animal para animal. A Moraxella bovis pode sobreviver por mais de três dias nas patas das moscas que se alimentam da secreção ocular ou nasal dos animais contaminados. A pessoa que trata e examina um animal acometido pode também ser um vetor da enfermidade.

Os casos clínicos de Pinkeye são tratados em todo o mundo com antibiótico. A Moraxella bovis é freqüentemente suscetível à gentamicina, cefalosporinas de primeira geração, trimetroprima-sulfonamidas, nitrofuranos e tetraciclinas. Em um estudo realizado nos USA, observou-se que 26% de cepas resistentes à oxitetraciclina e 16,5% à gentamicina. Em outro estudo com cepas da Argentina, Brasil e Uruguai todas as amostras foram sensíveis a ampicilina, cefalosporina, estreptomicina, gentamicina, neomicina, nitrofurantoína, rifampicina e tetraciclina. Sendo 57 e 77 % resistentes à lincomicina e novobiocina, respectivamente. Também ficou comprovado que houve uma redução na suscetibilidade à eritromicina ao longo das duas últimas décadas.

A eficácia da antibioticoterapia depende das propriedades farmacológicas da droga. Quanto maior a lipossolubilidade, melhor será a distribuição pelos tecidos e fluidos corporais. A eritromicina e a tetraciclina, particularmente, apresentam esta característica.

A administração parenteral de formulações LA (longa ação) mantém concentrações nas lágrimas próximas à concentração inibitória mínima (MIC) por 24 horas. Entretanto, as formulações LA não são recomendadas para injeção subconjuntival devido ao risco de necrose. Nos USA, a injeção subconjuntival de antibióticos é freqüentemente utilizada já que constitui uma boa opção para a obtenção de altas concentrações de antibiótico no filme lacrimal, neste caso, o antibiótico mais utilizado é a penicilina.

Uma importante informação para quem irá tratar um rebanho acometido com Pinkeye é que existem diferenças nos padrões de susceptibilidade entre cepas de Moraxella bovis isoladas em locais distintos ou de um mesmo rebanho ao longo de um surto. Este fato é uma informação muito útil para quem tem utilizado um medicamento que não está apresentando a mesma eficácia que em outros rebanhos ou em outros animais. A medida mais correta seria a determinação da sensibilidade in vitro antes de iniciar o tratamento, mas como isso muitas vezes é inviável no dia-a-dia das atividades de um rebanho, fica reservada esta informação para casos de difícil tratamento.

Um bom programa de controle do Pinkeye deve enfatizar a redução da disseminação da doença. O controle de moscas no ambiente é uma importante ação, juntamente com a maior higiene das instalações e um correto manejo do esterco. Além disso, tem sido recomendado o uso de brincos que contêm inseticidas. As vacinas são uma opção que funcionam bem em alguns locais e nem tanto em outros.

As diferenças na proteção induzida por vacinas levam os pesquisadores à hipótese de que existam cepas antigenicamente distintas. A utilização de vacinas de cepas não mais prevalentes na região, ou de outras regiões, a diversidade antigênica do agente etiológico e a ausência de estudos epidemiológicos poderiam explicar as freqüentes falhas das vacinas.

No próximo artigo, o Pinkeye volta a ser abordado, onde serão apresentados dados de uma pesquisa nacional sobre terapia da Ceratocunjuntivite. Serão também apresentadas recomendações práticas sobre tratamento elaboradas pela Universidade de Davis na Califórnia.

Figura 1. Novilha com inicio da lesão, mancha branca no centro da córnea.


Figura 2. Bezerra com um quadro severo de pinkeye.


Fonte:

Brown, M.H. et al. Infectious bovine keratoconjunctivitis: A Review. Journal of Veterinary Internal Medicine, v.12, 1998.

Conceição, R.F.; Turnês, C.G. Moraxella bovis: influence of genotypic and phenotypic characteristics on Infectious Bovine Keratoconjunctivitis control. Ciência Rural, v.33, n.4, 2003.

Hudson, D.; Rice, D. About Pinkeye. University of Nebraska Extension Veterinarians. 2003. On line. Disponivel em: http//vetext.unl.edu. Acessado em 20/10/2007.

RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

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JOSE PEDRO C FERRAO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/10/2013

Bom dia.

Primeiro parabéns pelo artigo.

Não sei se existe por ai, mas uma opção válida é o uso de tulatromicina, quer por administração subcutânea normal na dose equivalente para um bovino,que têm um custo bastante elevado mas em animais difíceis de tratar pode ser uma opção a avaliar, ou mais interessante  e neste caso mais de uso off label é usar com uma seringa fina uma injecçao de 1cm subcutáneamente na pálpebra do bovino no olho afectado, a logica é ter uma concentração elevada de antibiótico, localmente e por um período longo a um custo reduzido. Normalmente a pálpebra incha o que a meu ver ajuda a que o olho esteja mais fechado alguns dias e evite o contágio. Se tiverem alguma experiência semelhante  ou simplesmente não concordarem comentem

Obrigado
VIRGÍLIO JOSÉ PACHECO DE SENNA

SANTO AMARO - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/11/2007

Parabenizo a Dra. Renata Souza pelo excelente artigo, ficaremos sempre aguardando outros artigos sobre o assunto de relevante importância para a saúde animal. Gostaria de mais informaçoes a respeito do Medicamento Homeopatico "Eufrasio", citado pelo Sr Leonardo Cheib.

Muito obrigado pela atenção, parabéns pelo artigo e aguardo outras informações.

Virgílio Pacheco

<b>Resposta da autora:</b>

Caro Virgilio,

Agradeco sua mensagem. O próximo artigo também será sobre Pinkeye e espero que você goste. Também gostaria de abordar aspectos do medicamento homeopático citado pelo Sr. Leonardo, mas ainda não tenho maiores informações a respeito daquele medicamento.

Obrigada pela sua atenção,

Renata Souza Dias
LEONARDO CHEIB

GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/11/2007

Gostatia de lembrar a Da. Renata que o medicamento chamado eufrásia, homeopático, é 100% eficiente contra a ceratocunjuntivite.

Nós usamos em nosso rebaho com sucesso total a vários anos. Não havendo necessidade de uso de antibióticos.

Obrigado pela atenção e parabéns pelo artigo.

Leonardo Cheib

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