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Para que servem as avaliações genéticas de touros?

POR CLAUDIO NAPOLIS COSTA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/01/2006

8 MIN DE LEITURA

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A identificação de indivíduos geneticamente superiores e o seu acasalamento na formação da próxima geração são fatores determinantes do progresso genético nos programas de seleção. Em bovinos de leite, o teste de progênie é o principal método para identificar touros geneticamente superiores. Os melhores são selecionados como touros provados.

O teste de progênie mede o desempenho de um touro, baseado na performance média de suas progênies em diferentes rebanhos, comparativamente aos de outros reprodutores em prova. A distribuição das progênies em diferentes rebanhos determina o nível de confiabilidade do valor genético do touro. O aumento da capacidade reprodutiva de touros, para se obter um grande número de progênies distribuídas em muitos rebanhos e assim maior confiabilidade, é viabilizado pela inseminação artificial (IA). Os animais dos rebanhos que adotam a IA e realizam o controle leiteiro constituem a população efetiva ou população base do programa de seleção.

Em geral, os resultados da avaliação genética são apresentados em um sumário, com a lista de touros classificados pelas estimativas de seu mérito genético relativas à base genética da raça e as respectivas confiabilidades. Os aspectos importantes na escolha de touros para uso no rebanho são o mérito genético, a confiabilidade da prova, o preço do sêmen, o pedigree, e obviamente, os objetivos do programa de seleção.

No contexto de um programa de seleção que está sendo estruturado para a raça holandesa no Brasil, consolida-se a organização das bases de dados de desempenho e a sua utilização na identificação do que melhor se tem disponível de material genético comercializado pelas centrais/empresas de inseminação artificial atuantes no Brasil.

O sumário das avaliações genéticas de touros da raça Holandesa, ano de 2005, foi divulgado na Exposição Nacional da raça realizada em setembro passado, em Três Corações, MG. Em 2005 foram avaliados 1869 touros, 61 a mais que em 2004.

O progresso genético na raça vai se realizar, entre outros fatores, por meio da utilização mais intensa dos melhores touros. Assim, é necessário que os criadores/produtores de leite percebam a importância destas avaliações genéticas de touros e nelas também se orientem para a compra de sêmen e decisões de acasalamento para melhoria dos níveis de produtividade dos animais nos seus rebanhos.

Inicialmente as avaliações genéticas classificam o material genético usado no Brasil, em termos de origem e do potencial de cada touro individualmente. Os resultados podem ser apropriados pelas empresas na valorização do mérito genético dos touros que comercializam, conforme a sua ordem de classificação, o que poderia dar a eles um maior (ou menor) valor nas condições do mercado brasileiro.

Um maior número de touros positivos, no topo do ranking nacional nos diria quais empresas têm material genético mais adequado, ou com maiores potenciais de realização de progresso genético nos rebanhos nacionais. Este progresso genético se observa na maior produção das filhas dos touros e, por conseguinte em maior produtividade do rebanho.

Para os criadores e produtores de leite, os resultados podem indicar o nível genético de seus rebanhos, em função do número de progênies ou vacas em produção, filhas de touros classificados no sumário. Quanto mais filhas ou vacas progênies dos touros melhores classificados, maior é o nível genético do rebanho. Os resultados apresentados no sumário também são uma orientação aos criadores/produtores sobre os touros que têm utilizado, possibilitando verificar se efetivamente eles correspondem ao anunciado pelas empresas, ou seja, se estão promovendo melhoria genética em seus rebanhos, desde que apresentem provas positivas para as características avaliadas.

Pelo segundo ano consecutivo disponibilizaram-se no sumário as avaliações genéticas para as produções de gordura e proteína. Com a estruturação da Rede Brasileira de Laboratórios de Qualidade de Leite (RBQL), o número de registros de animais com análises para tais características aumentou, possibilitando avaliar um maior número de touros. Para a produção de proteína no leite foram avaliados 667 touros em 2004 e 745 em 2005. Estes resultados têm importância considerável uma vez que as indústrias estão estimulando a melhoria da qualidade, ou de maior conteúdo de sólidos, com bonificações no preço base, devido ao maior rendimento no processamento industrial de lácteos.

Neste cenário, procurou-se destacar, nas avaliações genéticas de 2005, os touros mais novos usados no Brasil, cujas progênies vem sendo submetidas ao controle leiteiro das associações estaduais de criadores da raça. Foram identificados doze touros, nascidos após 1995, cujos resultados constam na Tabela 1.

Observa-se que, com exceção do touro AX102590 com suas provas para gordura e proteína, a classificação geral destes touros mais novos não é das melhores entre os touros avaliados. Para a produção de leite (PTAL) o primeiro da lista está na 134a posição, ou seja, há mais de cem touros até então utilizados nos rebanhos nacionais, com melhor potencial genético do que eles. Esperava-se que estes touros mais jovens (e não são tão novos assim, pois têm 9-10 anos) estivessem no topo da lista de classificação. Duas constatações:

1. Está havendo uma demora em se usar material genético da última geração de seleção dos paises exportadores no Brasil e,

2. O material genético que está sendo usado mais recentemente não está apresentando resultado/qualidade superior ao que vinha sendo usado anteriormente.

Dos doze touros, seis são positivos para leite, quatro para gordura e oito para proteína. É importante observar que nem todos os touros têm progênies/filhas com resultados para a produção de proteína e que para aqueles que as têm, as confiabilidades podem ser menores do que para leite ou gordura. Explica-se: a base de dados para a produção de proteína é menor do que as outras, pois apenas recentemente houve maior disponibilidade de registros para a porcentagem de proteína do leite de vacas controladas, obtidas de amostras analisadas nos laboratórios da RBQL.

Touros com provas obtidas em muitos rebanhos geralmente têm valores de confiabilidade maior que 80%. Os valores de confiabilidade não devem ser usados como critério de seleção dos touros, mas uma orientação do número de doses de sêmen a adquirir para cada um. Touros com provas elevadas e baixas confiabilidades devem ter uso limitado.

De posse destes resultados, decidiu-se verificar sobre a disponibilidade de avaliações genéticas destes touros, de sêmen importado, junto ao Interbull. Utilizou-se como referência a base genética norte-americana, por meio de consulta ao sítio (https://aipl.arsusda.gov/cgi-bin/general/Qpublic/do.Q.cgi?qname=bullname&single). Foram obtidas avaliações genéticas de apenas sete, dentre os doze touros pesquisados. Os resultados, obtidos da consulta, referentes à avaliação de agosto de 2005, para as mesmas características avaliadas no Brasil, são apresentados na tabela 2.

Observa-se que para a produção de leite há uma grande correspondência entre os resultados do Brasil e os do sítio do USDA. Para a produção de gordura há diferenças, o que também se observa para a produção de proteína. Interessante notar que nas duas tabelas/avaliações há touros positivos para leite e negativos para gordura e/ou proteína e vice-versa.

Individualmente o touro AX104845 mostrou-se com bom potencial genético para a produção de proteína, nas duas avaliações. O touro AA007929, por sua vez, não se apresentou como recomendável para a produção de leite ou de proteína, embora seja positivo para gordura. Suas provas coincidem em ambas as avaliações.

De posse destes resultados, é possível elaborar algumas considerações:

- as coincidências existentes entre avaliações indicam que o Sistema de Avaliação Nacional demonstra confiabilidade. De modo geral espera-se que touros positivos no cenário internacional sejam também positivos no Brasil. O aumento das bases de dados, com maior uso da IA e do controle leiteiro é fundamental para a melhoria dos procedimentos de avaliação e da confiabilidade de seus resultados.

- há diferenças, a despeito da menor base de dados nacional, para o nível do potencial genético e para a classificação de touros entre outros países e o Brasil. A base destas diferenças, já esperadas, deve-se à interação genótipo-ambiente, entre outros fatores. Esta constatação é consenso internacional, e dela resulta a importância do Interbull. Neste contexto está a oportunidade para a melhoria genética, ou a organização do programa de seleção, com o teste de progênie de touros no Brasil.

- talvez seja necessário rever os critérios de disponibilização de sêmen de bovinos no mercado nacional. A existência/comercialização de sêmen de "touros jovens" com provas negativas no próprio país de origem compromete o progresso genético esperado no Brasil. Criadores e produtores devem estar atentos às ofertas de sêmen, eventualmente baseadas em menor preço, para evitar investimentos em touros de potencial genético baixo/negativo.

- é preciso rever os critérios que vem orientando a importação de sêmen, no que diz respeito ao valor genético do touro, ou da qualidade intrínseca daquilo que se importa. A importação e o uso de touros de valor genético negativo comprometem o nível esperado de maior produtividade dos rebanhos e a expectativa de melhoria genética da raça no Brasil.

- o melhoramento genético deve ser entendido pelos produtores/criadores como um investimento de médio/longo prazo. Na medida em que o mercado ou a indústria de laticínios nacional sinaliza para a valorização do conteúdo de sólidos no leite, touros com valor genético negativo para os componentes de gordura e proteína comprometem a realização futura de maior preço na comercialização do leite e a obtenção de maior rentabilidade na atividade leiteira.


Tabela 1 - Avaliações genéticas de 2005, para as produções de leite, gordura e proteína de touros da raça Holandesa nascidos após 1995, com progênies submetidas ao controle leiteiro em rebanhos supervisionados pelas associações estaduais de criadores da raça, filiadas à ABCBRH.

Clique aqui para ver a tabela 1.

Tabela 2 - Avaliações genéticas para as produções de leite, gordura e proteína de touros utilizados no Brasil, obtidas no sítio (https://aipl.arsusda.gov/cgi-bin/general/Qpublic/do.Q.cgi?qname=bullname&single) referenciadas para agosto de 2005.
 


Registro genealógico na ABCBRH; Origem definida na identificação do touro, no sitio consultado, CAN: Canadá, ESP: Espanha, HOL: Holanda, USA: Estados Unidos; PTA: Valor genético (kg) para a característica i=Leite, Gordura ou Proteína; Conf: confiabilidade; NF: número de filhas; NR: número de rebanhos; NP: numero de paises com informações do touro no Interbull.
*Touro não localizado na base de dados do sítio consultado.

CLAUDIO NAPOLIS COSTA

Zootecnista, UFV 1977
MS Zootecnia, UFV 1980
Ph. D. Melhoramento Animal, Cornell University 1998
Pesquisador Embrapa Gado de Leite

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