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O uso da cana-de-açúcar como recurso forrageiro - Parte 2/2

POR JOÃO JOSÉ ASSUMPÇÃO DE ABREU DEMARCHI

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/06/2001

5 MIN DE LEITURA

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João José Assumpção de Abreu Demarchi

Com relação ao valor nutritivo, vale a pena relembrar que a cana pode ser considerada um volumoso energético, por apresentar uma alta concentração de sacarose e um teor de proteína muito baixo. Ao contrário de outras gramíneas, que diminuem o valor nutritivo à medida que se aproximam da maturidade, ela mantém o valor nutritivo mais ou menos constante durante todo o ciclo, principalmente na fase de utilização durante o período seco do ano. Devido a esse aspecto, os trabalhos têm mostrado que quanto maior a concentração da sacarose (Brix) maior o valor nutritivo da cana-de-açúcar, ou seja, devemos sempre colher a cana-de-açúcar madura (aproximadamente 1 ano de ciclo de crescimento).

A digestibilidade da matéria seca e o teor de nutrientes digestíveis totais estão em torno de 60%. A cana-de-açúcar apresenta teor muito baixo de proteína (1,5 a 4%, base seca) e de minerais. Portanto um cuidado especial precisa ser tomado no fornecimento deste volumoso, principalmente em relação à categoria animal e função produtiva.

No entanto, além de algumas limitações nutricionais que precisam ser corrigidas no balanceamento das rações, o uso intensivo da cana-de-açúcar apresenta uma restrição muito grande no que diz respeito à mecanização do corte. As máquinas nacionais utilizadas para essa atividade ainda são precárias, apresentam baixos rendimentos, necessidade freqüente de manutenção e, principalmente, o tamanho de corte das partículas não é adequado. Além disso, alguns aspectos de manejo agrícola restringem a expansão da cana-de-açúcar como planta forrageira. A dificuldade de se prever com boa aproximação a produção esperada implica produções acima das necessidades, o que se torna um grande problema, até mesmo em regiões produtoras de açúcar e álcool. A cana bisada apresenta problemas de acamamento que impedem o corte mecanizado, causando grande transtorno para o sistema de produção, o qual se utiliza de pouca mão-de-obra. No entanto, o problema de acamamento não é só no caso da cana bisada, e sim um problema de alta produção que está associado com manejo de adubação e também com efeito varietal. Vale lembrar que a escolha da cana-de-açúcar a ser usada para alimentação animal deve ser realizada sempre dentro das variedades já reconhecidamente indicadas para a indústria e disponíveis na região onde se pretende usá-la.

Por outro lado, há uma grande carência técnico-científica com o objetivo de definir os parâmetros agrícolas do cultivo da cana-de-açúcar para uso como planta forrageira, assim como trabalhos associando as características da cana-de-açúcar com o corte mecanizado e as necessidades nutricionais dos animais. A prática de ensilagem do excesso de produção do ano agrícola deveria ser mais estudada, principalmente porque dos primeiros dados publicados indicarem limitações significativas no processo fermentativo. Resolvido o problema de ensilagem da cana, o problema sério que representa a cana bisada esteria resolvido (BALSALOBRE et al., 1999).

Os principais tópicos agronômicos a serem avaliados pelo pecuarista e por pesquisadores são:

a. Época de plantio (cana de ano - set/out e de ano e meio - jan/mar);
b. Local de plantio - Preferencialmente próximo ao local de uso, com topografia plana ou de meia encosta. Solos férteis, profundos e com boa capacidade de retenção de água, mas não sujeitos ao encharcamento e a geada;
c. Talhões - Subdividir em talhões para cada 30 dias de consumo, o que facilitará o manejo e evitará perdas totais em caso de incêndio;
d. Sulcos - aproximadamente 30 cm de profundidade;
e. Espaçamento - de 0,9 a 1,4 dependendo da bitola do trator e do controle de plantas daninhas;
f. Densidade de gemas - 12 a 16 gemas / metro linear;
g. Mudas - plantio pé com ponta, tirar a ponta para evitar envergamento. Aproximadamente 8 a 10 t de mudas / ha;
h. Plantas daninhas - manejo com herbicidas e mecânico;
i. Adubação - reposição de nutrientes conforme análise de solos.

Para tentar solucionar os problemas acima citados, alguns grupos de pesquisa iniciaram recentemente trabalhos na área de identificação de características favoráveis de cultivares comerciais de cana para fins de alimentação animal, já que, uma vez atendido os quesitos de sanidade, produtividade e teor de sacarose, outros fatores como despalha natural, isto é, perda das folhas secas do colmo naturalmente, resistência ao acamamento, posição das folhas basais, maciez, espessura de colmo, qualidade da fibra e outras seriam avaliadas para definir qual a variedade industrial que mais se adapta à utilização como recurso forrageiro.

Um desses grupos é formado por inúmeros pesquisadores do Instituto Agronômico e do Instituto de Zootecnia. Dentre as metas desse grupo, uma delas visa atender a área de Nutrição e Alimentação Animal nos seguintes aspectos:

a. Identificação de características importantes nas variedades comerciais para fins de alimentação animal, integração com programas de melhoramento da cana para a agroindústria. Programa de Avaliação de Variedades para fins forrageiros (Rede de Ensaios Estadual), similar ao existente com milho e sorgo;
b. Manejo da cana-de-açúcar para a alimentação animal: sistematização de áreas, variedades indicadas, manejo varietal, mecanização e corte manual;
c. Mecanização da colheita para fins de alimentação animal: qualidade das máquinas existentes e desenvolvimento de novas, velocidade mínima de deslocamento dos tratores disponíveis, tamanho de partícula, capacidade de corte, sistematização de áreas, etc. Avaliar possibilidade de executar ensaios de desempenho operacional em conjunto com o Deparetamento de Engenharia Agrícola (DEA);
d. Subprodutos do setor sucroalcooleiro (bagaço, melaço e levedura) de interesse para a alimentação animal: integração das cadeias de carne e leite com a indústria, comercialização de rações prontas, efeitos sinergéticos entre diferentes fontes de carboidratos (bagaço, milho, polpa cítrica e farelo de milho), balanceamento de minerais em dietas à base de bagaço, etc.;
e. Processamento e conservação da cana-de-açúcar: estudo de viabilidade técnica e econômica e da importância de processos como secagem e ensilagem visando otimizar a mecanização e o aproveitamento da cana excedente (bisada)

Comentário do autor: Fica claro que apesar de já sabermos do potencial da cana como recurso forrageiro, o seu uso ainda está abaixo do seu potencial e ainda há um vasto campo para exploração pela pesquisa, principalmente com relação ao manejo agronômico, mecanização colheita e definição de alguns parâmetros a serem inseridos em programas de melhoramento genético de cana para que haja sempre uma atenção especial a possíveis cultivares industriais com um número maior de qualidades para uso na alimentação animal.

Referência: Landell, M.G.A.; Rosseto, R.; Demarchi, J.J.A.A.; Almeida, P.I.R.; Almeida, J.E.M.; Silva, M.A.; Figueiredo, P. e Veiga Filho A.A. Subprograma de Geração e difusão do conhecimento para a cadeia de produção da cana-de-açúcar para a indústria e alimentação animal - Diagnóstico sobre as Demandas de Pesquisa Técnico-Científicas para o período 2000 a 2003, abril / 2000, 63 p.

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fonte: MilkPoint

JOÃO JOSÉ ASSUMPÇÃO DE ABREU DEMARCHI

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