Nutricionistas frequentemente almejam a redução no custo por unidade de matéria seca quando da formulação de dietas para vacas leiteiras. Em um mesmo consumo de matéria seca, a dieta de mínimo custo também minimiza o custo diário por vaca. Assumindo que também ocorre constância na produção de leite por animal, a dieta de custo mínimo também minimiza o custo alimentar por litro de leite produzido e maximiza o lucro sobre o custo alimentar, esta última variável a verdadeira meta de trabalho do nutricionista.
O lucro sobre o custo alimentar é calculado subtraindo o custo com alimentação (forragens + concentrados) da renda bruta (produção x preço por litro). Os norte americanos usam o termo "income over feed cost" para esta variável. Este valor representa o montante disponível por vaca para pagamento dos custos não alimentares e para a retirada do lucro. Como a participação da alimentação no custo de produção de leite é próxima de 50%, este parâmetro é uma referência importante na busca de melhor desempenho financeiro.
A avaliação de parâmetros que refletem a eficiência alimentar propiciam o questionamento de alguns conceitos. Tem sido comum afirmar que vacas que consomem poucos alimentos concentrados, muita forragem e que, por conseqüência, têm baixa produção, são aquelas de baixo custo e de melhor desempenho financeiro. Será que o menor custo alimentar por litro de leite produzido e o lucro máximo ocorrem no menor custo diário por vaca ?
"Baixo custo é desejável, mas o produtor não vive de custo mínimo, mas sim de lucro máximo"
Um exemplo simples pode ilustrar a possível incoerência da afirmativa acima. Imagine uma fazenda na qual o rebanho foi dividido em 3 lotes por produção: Lotes 1, 2 e 3. Os animais no Lote 1, por terem maior produção e conseqüentemente maior demanda nutricional, são aqueles consumindo a dieta mais cara por unidade de matéria seca e têm o maior custo diário com alimentação, ambos devido à maior necessidade de alimentos concentrados. O Lote 3 é aquele consumindo a dieta de menor custo, já que proporcionalmente forrageiras têm maior inclusão dietética neste grupo de animais. Se por qualquer motivo fosse necessária a eliminação de um destes grupos de animais, existe algum produtor que não eliminaria o Lote 3 ?
O porque desta decisão unânime pode ser visualizado pelo levantamento de parâmetros de eficiência alimentar. Na tabela abaixo estão relatados dados de 11 rebanhos leiteiros no mês de Outubro de 2002. Os custos estão altos com relação ao obtido 6 meses atrás, reflexo do impacto da alta do dólar sobre os preços da soja, do milho e de seus substitutos. Estes dados representam fazendas que adotam diferentes números de lotes de produção e são aqui mostrados apenas os dados dos lotes de maior produção e de menor produção. E aí ? Quais são as vacas mais lucrativas ?
Dentro de uma determinada opção de sistema de produção de leite, manejar a unidade produtiva (a vaca) da melhor maneira possível, para maximizar a produção por animal dentro do nível de manejo adotado, pode ser mais efetivo para a saúde financeira do que efetuar mudanças drásticas nos modos de produção. Baixo custo é desejável, mas o produtor não vive de custo mínimo, ele vive de lucro máximo.