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Minerais na água podem causar problemas para vacas no período de transição

POR JOSÉ ROBERTO PERES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/01/2002

5 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 31/08/2022

Uma área raramente considerada quando se avaliam problemas de vacas recém paridas é o suprimento e qualidade da água. A água pode conter consideráveis quantidades de diversos minerais. O que não se sabe ao certo é se estes minerais na água podem afetar o balanço eletrolítico das vacas pré-parto.

É cada vez mais freqüente o uso de dietas "aniônicas" para as vacas no período pré-parto. Para formulação de tais dietas, os minerais são agrupados de acordo com sua carga fisiológica como cátions [sódio (Na), potássio (K), cálcio (Ca), e Magnésio (Mg)] ou ânions [cloro (Cl), enxofre (S), e fósforo (P)]. A fórmula mais freqüentemente utilizada para cálculo da diferença cátio-aniônica da dieta (DCAD) é: [(Na+K)-(Cl+S)] (o cálculo é feito em miliequivalentes, e não simplesmente utilizando as quantidades destes minerais na dieta).

A tabela 1 lista, como exemplo, os resultados de mais de 2600 determinações de minerais na água feitas por um laboratório americano, paralelamente às variações "normalmente" esperadas. Observe que as médias determinadas ficam, em sua grande maioria, dentro da faixa esperada, com exceção para o cálcio e, especialmente, o sódio. As amostras revelam grande variação - de essencialmente zero a 900 ppm.


Tabela 1: Resultados de 2600 análises de água
 

 


O mineral com a menor variação é o potássio, embora ele seja o mineral que maior impacto exerce nas dietas de transição. Observe que o fósforo não foi detectado em nenhuma amostra, o que pode ser explicado pela sua baixíssima movimentação (lixiviação) no solo.

Estes resultados representam amostras de todos os EUA, e servem para exemplificar as diferenças geográficas, influenciadas pelo tipo de solo, clima, etc. Os autores afirmam ainda que até mesmo a concentração mineral da água de uma mesma fazenda pode mudar consideravelmente ao longo do tempo. As razões para isso não são claras. Em função disso, é recomendável que a água seja analisada pelo menos uma vez ao ano.

O fato é que existe potencial para os minerais presentes na água interagirem com os minerais nos alimentos. Eles citam como exemplo altas concentrações de cloro influenciando o metabolismo de cálcio de tal maneira a causar deficiências de cálcio, caso não seja feita suplementação adicional. Também sulfatos em excesso podem interagir com o selênio, levando à deficiência deste mineral. Isto pode resultar em retenções de placenta, que por sua vez podem levar a cetose, metrite, entre outros problemas.

O DCAD médio da água é negativo (cerca de 1,3 meq/kg). Porém, grandes discrepâncias nos valores de cátions ou ânions podem resultar em DCADs mais negativos ou até mesmo altamente positivos. Dentre as amostras de água anteriormente mencionadas, o DCAD mínimo foi de -8,9 meq/kg e o máximo foi de +3,0 meq/kg.

Se a água apresentar um DCAD altamente negativo, pode ser que os sais aniônicos não sejam necessários. Por outro lado, maiores níveis de sais aniônicos serão necessários quando o DCAD da água for alto. Se estes valores não forem considerados durante a formulação, o uso dos sais aniônicos pode ser inadequado. Isto ocorrendo, as dietas ficam desnecessariamente mais caras, mas, mais importante, ao invés de solucionar poderão conduzir a maiores problemas no período de transição, já que os sais aniônicos não são palatáveis e interferem no consumo.

Um agravante é que os minerais na água serão sempre mais prontamente disponíveis que nos alimentos e forragens. Sendo assim, a água poderá ter maior impacto no DCAD que aquele previsto por algumas equações. Por esse motivo, idealmente ela deve ser considerada nos cálculos.

Diferentes níveis de consumo de água, somados às diferentes concentrações minerais, podem explicar porque muitas vezes as dietas aniônicas funcionam em uma fazenda e não em outra; ou até mesmo porque muitas fazendas têm baixa ocorrência de problemas metabólicos no período de transição, mesmo sem fazer uso desta técnica. É preciso, portanto, contabilizar todas estas variáveis para que se tenha sucesso no emprego deste tipo de dieta.

Para que se entenda melhor, vamos imaginar duas vacas de 630 kg, no período pré-prato, consumindo cerca de 11,5 kg de matéria seca de uma mesma dieta aniônica (-26,3 meq/kg), e bebendo 34 litros de água por dia. Cada vaca está numa fazenda, com fontes diferentes de água, segundo as análises apresentadas na tabela 2.

Tabela 2: Efeito da água no DCAD1de dietas pré-parto

 

 



O DCAD de -26,3 meq/kg de MS é típico de dietas formuladas para prevenir a febre do leite e outros problemas metabólicos no período de transição. Esta dieta forneceria cerca de -300 meq por vaca por dia.

Como pode ser visto na tabela, a água da fazenda "A" tem mais cloro e enxofre. Já na fazenda "B" observa-se mais sódio e potássio. Estas diferenças nas concentrações de cátions e ânions da água são responsáveis pela ingestão adicional de -202,9 meq na fazenda "A" e +37,2 meq na fazenda "B".

Combinando estes valores com aqueles fornecidos pela dieta, as vacas no pré-parto da fazenda "A" receberiam um total (dieta + água) de -502,9 meq/dia, enquanto as da fazenda "B" -262,8 meq/dia. Entre estas duas fazendas, a água causou uma diferença de 30% nos miliequivalentes consumidos pelas vacas, numa mesma dieta. Pode-se imaginar que os resultados não serão os mesmos.

Comentário do autor: quem tem alguma experiência com dietas aniônicas irá concordar que os dados aqui apresentados têm sentido. É muito comum observar dietas aniônicas muito semelhantes funcionarem numa determinada fazenda e não em outra. Se já é raro, por ser difícil e caro, a análise mineral dos alimentos, quem diria da água. Mesmo assim, este procedimento pode ser eficaz na solução de problemas no período de transição, que por sua vez acabam influindo no desempenho (produção e reprodução) da vaca durante toda a lactação subseqüente. A solução, mesmo que de parte destes problemas, pode mais que compensar o custo das análises. Esta pode ser, portanto, uma importante ferramenta de adequação nutricional neste período. Não se deve esquecer, no entanto, da avaliação do pH da urina das vacas pré-parto. Embora difícil de coletar, ele indica, de maneira indireta, a eficácia deste tipo de formulação. Para que se possa considerar que a dieta aniônica está apresentando o efeito esperado, o pH da urina das vacas próximas ao parto deve estar entre 6,2 e 6,8.

Adaptado de: Casper, D., D. Jones and G. Ayangbile. 2001. Minerals in water can cause fresh cow problems. Hoard's Dairyman, October 25.
 

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