As previsões climáticas apontam para cenários de escassez hídrica com frequência cada vez maior. Neste ano, o Brasil vem sofrendo uma das maiores crises hídricas das últimas décadas e a falta de água tem impactado fortemente a produção de alimentos. Hoje já são estimadas perdas de milhões de reais devido às quebras de safras de alguns alimentos e commodities.
Na produção de leite, o impacto também é de grande intensidade. Há relatos de produtores que estão vendendo animais e reduzindo a produção, devido à falta de água e de alimento de qualidade para manutenção do rebanho.
Em uma pesquisa realizada no MilkPoint, com participação de 77 usuários, 86 % dos nossos leitores relataram que suas regiões estão sendo impactadas pela crise hídrica.
Fonte do gráfico: pesquisa MilkPoint
Dentre os afetados, 29% alegam estar sendo muito afetados e 44% afetados por este cenário, ou seja, 73% dos participantes sentem os impactos desta escassez de forma significativa.
Fonte do gráfico: pesquisa MilkPoint
Com a falta de chuvas, falta pasto de qualidade para os animais, além de comprometer a produção de outros volumosos, como as silagens. Como a seca já vem de longa data e houve episódios de estiagem nos anos anteriores, a qualidade da silagem produzida – quando há disponível - não é boa.
Isso força o produtor a adquirir mais concentrado para manter a produção. Contudo, os componentes da ração (principalmente milho e soja) seguem com preços elevados, também em consequência da seca, que proporcionou quebra das safras e encarecimento do transporte dos grãos.
Tudo isso aumenta consideravelmente os custos de produção e aperta ainda mais as margens do produtor. Perguntados sobre o conhecimento do encarecimento dos preços de grãos devido as dificuldades de logística e transporte, 21% dos leitores apontaram que não tinham conhecimento do fator.
Fonte do gráfico: pesquisa MilkPoint
Um outro impacto sentido pelos produtores em tempos de escassez é o aumento do valor da energia elétrica. A produção de leite é altamente dependente de energia, sendo esta utilizada em várias etapas do processo, como no resfriamento dos animais com ventiladores e aspersores, nas ordenhadeiras e resfriamento do leite nos tanques.
Como a matriz energética de nosso país é extremamente dependente de água, falta de chuvas afeta consideravelmente o valor dos quilowatts, encarecendo mais esse custo da produção de leite.
Além do encarecimento, as ameaças de apagões são extremamente prejudiciais para a produção, pensando em um alimento tão perecível quanto o leite e que precisa de refrigeração.
Perguntados sobre onde estão sentindo maiores impactos da crise hídrica, os participantes da pesquisa destacaram justamente os custos com alimentação e energia elétrica, evidenciando mais uma vez os prejuízos financeiros que a crise tem trazido.
Além disso, 43% dos participantes apontaram problemas com disponibilidade de água, elemento de extrema importância para toda a produção, não só para dessedentação dos animais, como no manejo diário da fazenda.
Fonte do gráfico: pesquisa MilkPoint
Tendo em vista o atual cenário, o produtor de leite busca alternativas para lidar com a crise hídrica e para redução de custos.
A pesquisa mostrou que grande parte deles tem optado pela utilização de alimentos alternativos, contornado os altos custos com milho e soja. Além disso, muitos estão apostando em novas fontes de energia e no diferimento de pasto.
Fonte do gráfico: pesquisa MilkPoint
Contudo, apesar de boa parte dos produtores estarem buscando alternativas, infelizmente 31% dos participantes relataram que precisaram diminuir o rebanho e a produção diante do cenário desafiador.
E na sua propriedade e região, o que está acontecendo? Conte para nós nos comentários!