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Herpesvírus bovino tipo - 1 (Parte 2)

POR RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/01/2003

6 MIN DE LEITURA

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Como já foi citado anteriormente, a BHV-1 se manifesta de forma sutil causando dúvidas e atraso na implementação das medidas de controle, confira agora os principais sinais clínicos desta virose.

BHV-1 e a Reprodução

Atualmente a BHV-1 é reconhecida em todo o mundo como uma importante doença da reprodução em bovinos. Sua transmissão pode ocasionar sérias perdas reprodutivas às vacas, tais como absorção embrionária, lesão nas tubas uterinas e aborto.

Os sinais clínicos que levam o produtor e o técnico a suspeitar da doença são infertilidade temporária, repetição de cios, morte embrionária, abortamentos e natimortalidade. As maiores perdas econômicas estão associadas aos abortos e repetições de cio.

Os abortos associados à BHV-1 ocorrem, geralmente, após o quarto mês de gestação. Raramente os fetos afetados chegam a termo, quando o fazem, são natimortos ou morrem na primeira semana de vida. A expulsão do feto pode demorar até 100 dias após a exposição ao vírus. Até 25% das fêmeas acometidas podem abortar durante um surto da doença.

A vulvovaginite é a forma genital da doença e é disseminada pelo coito. Apresenta um curto período de incubação (1 a 3 dias). A infecção se dissemina rapidamente pelo rebanho, afetando 60 a 90% dos animais. No início, a VPI (vulvovaginite) ocasiona corrimento vaginal mucopurulento, surgem pústulas que podem evoluir para úlceras, sendo facilmente observadas na vulva. O vírus também afeta a mucosa peniana do macho, ocasionando uma balanopostite.

BHV-1 e o Trato Respiratório

A forma respiratória se caracteriza por rinite e traqueíte. Os sintomas podem ser leves ou mais graves, neste caso, quando há presença de pneumonia bacteriana secundária, que é a responsável pelas maiores perdas econômicas. Os animais afetados apresentam anorexia, depressão, tosse, focinho avermelhado, corrimento nasal (inicialmente seroso, passando a mucopurulento) e queda na produção de leite. Os abortos podem acontecer concomitantemente à moléstia respiratória, ou 100 dias após a infecção. Entretanto, a presença dos sintomas respiratórios não é essencial para a ocorrência do aborto.

BHV-1 e a Conjuntiva Ocular

A conjuntivite é a manifestação ocular mais comum nos animais acometidos com o vírus. Para a realização do diagnóstico diferencial, deve-se estar atento para: lacrimejamento excessivo (inicialmente seroso, tornando-se mucopurulento), bilateral ou unilateral, desenvolvimento de placas brancas na superfície palpebral uma a duas semanas após o surgimento dos sintomas clínicos. Diferente da ceratoconjuntivite bovina infecciosa causada pela Moraxella bovis, não causa ulceração. A moléstia pode ocorrer isolada ou acompanhada dos demais sintomas, tais como problemas no trato respiratório e aborto. A recuperação é espontânea, dentro de 10 a 20 dias. Todavia, para que não ocorra uma infecção secundária, pode ser útil o tratamento paliativo. Este tratamento consiste na limpeza do corrimento ocular das pálpebras e aplicação de antibiótico tópico de amplo espectro.

- Diagnóstico

Os rebanhos sob suspeita da doença devem ser submetidos à diagnósticos laboratoriais, sendo esta a única maneira de obter um diagnóstico conclusivo. Confira abaixo algumas das doenças que podem apresentar sinais semelhantes e causar dúvida no diagnóstico clínico da BHV-1.

- Vulvoginite: apresenta sintomas que podem ser confundidos com as infecções ocasionadas pelo Micoplasma bovigenitalium e Ureaplasma diversum.

- Quadros clínicos no sistema respiratório causado pelo BHV-1: apresentam sintomas semelhantes aos ocasionados pelo BRSV, BVD, PI-3 e Pasteurella.

- Encefalites causadas pelo BHV-5: apresentam sintomas semelhantes à raiva, babesiose cerebral, enterotoxemia, toxinfecções, intoxicação por plantas tóxicas, uréia, chumbo, acidentes ofídicos e encefalopatia espongiforme bovina.

- Distúrbios reprodutivos ocasionados pelo BHV-1: os abortos causados pela infecção podem ser confundidos com a brucelose, leptospirose, campilobacteriose, neosporose, tricomonose, BVD, entre outras...

Para o diagnóstico laboratorial da doença as provas sorológicas como a soroneutralização (SN) e o ensaio imunoenzimático (ELISA) são utilizadas como rotina na identificação de anticorpos para o BHV-1. No entanto, a soroneutralização apresenta algumas limitações nos casos em que os animais apresentam baixos títulos de anticorpos para o BHV-1. Além disso, é importante destacar que ambas as técnicas são incapazes de diferenciar os títulos provenientes da exposição ao vírus vacinal daqueles oriundos da exposição natural ao vírus de campo. Nestes casos, o melhor recurso é optar pelo diagnóstico laboratorial etiológico, dentre eles:

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  • Isolamento do BHV-1 em cultivo celular - apresenta custo elevado e necessita de material clínico bem conservado

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  • Imunoperoxidase e imunofluorescência: também necessita de material clínico bem conservado

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  • PCR (Reação da polimerase em cadeia): técnica que apresenta vantagens frente às demais, pois uma ampla variedade de amostras biológicas pode ser utilizada. Além disso, o impacto causado pelo atraso no trânsito das amostras e pela condição inapropriada de transporte até o laboratório é inferior quando comparado aos demais métodos de diagnóstico. A eficácia da técnica de PCR tem sido descrita por inúmeros trabalhos de pesquisa, sendo destacado como um método altamente sensível e específico.

    Como já foi dito, para o sucesso do diagnóstico laboratorial é importante atenção ao remeter o material ao laboratório. Para o isolamento viral e PCR podem ser enviados "swab" nasal, "swab" e raspado vaginal, sêmen fresco ou congelado, fragmentos de tecidos de fetos abortados, gânglios dos nervos ciático e trigêmio. Todo o material deve ser enviado sob refrigeração (não congelar), devidamente identificado e acompanhado de um breve histórico e das alterações encontradas. Para pesquisa de anticorpos por sorologia (soroneutralização e ELISA) enviar soro sanguíneo colhido de forma asséptica (se possível, sem coágulos). O soro deve ser enviado sob refrigeração, devidamente identificado e acompanhado de um breve histórico. Todo o material deve ser coletado e enviado o mais rápido possível. É também importante entrar em contato com o laboratório que irá realizar as análises para pedir maiores informações sobre a coleta e o envio das amostras.

    Os rebanhos com a confirmação laboratorial da doença e com perdas econômicas advindas da sintomatologia clínica da enfermidade devem ser submetidos às medidas de biosegurança que visam reduzir as chances de disseminação da doença, e, conjuntamente, deve-se estudar a possibilidade de um programa de vacinação. A vacinação contra o vírus da IBR não previne a infecção, mas visa proteger os animais contra os danos econômicos das formas clínicas causadas pelo vírus.

    Dentre as medidas de biosegurança que visam reduzir a disseminação da doença pode-se destacar:

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  • Prevenir a entrada de animais infectados

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  • Quarentena dos animais recém introduzidos no rebanho

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  • Checagem dos animais de reposição através de duas sorologias antes da entrada no estábulo de produção de leite

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  • Utilizar somente sêmen livre do vírus

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  • Higiene regular nas áreas de maternidade

    Fonte:

    Alfieri, A.A. Consequências da infecção pelo Herpesvirus Bovino Tipo 1 sobre o sistema reprodutivo de bovinos. Semina: Ci. Agr. Londrina, v.19, p. 86-93, 1998.

    Bradford, S.P. Tratado de Medicina Interna de Grandes Animais. 1ed. Saunders: Manole, 1993. 1661p.

    Takiuchi, E.; Alfieri, A.F.; Alfieri, A.A. Herpesvírus bovino tipo 1: Tópicos sobre a infecção e métodos de diagnóstico. Semina: Ci. Agr. Londrina, v.22, p. 203-209, 2001.

    Kahrs, R.F. Infectious bovine rhinotracheitis: a review and update, J. Am. Vet. Assoc., v.171, p.1055-1064, 1977.

    Roehe, P.M. et al. Diferenciação entre o vírus da Rinotraqueíte Infecciosa Bobina (BHV-1) e herpesvírus da encefalite bovina (BHV-5) com anticorpos monoclonais. Pesq. Vet. Bras., v.17, n.1, p.41-44, 1997.

    Sampaio, S. Rinotraqueíte infecciosa dos Bovinos. Biológico, São Paulo, 47:107-114, 1981.

    Weblein, R. Agentes virais presentes no Sêmen bovino. A hora veterinária, 9 (50):43-47, 1989.

RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

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