ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Fornecimento de gordura para vacas a pasto em início de lactação

POR JOSÉ ROBERTO PERES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/04/2002

5 MIN DE LEITURA

0
0

Atualizado em 12/12/2022

A suplementação de gordura em dietas de vacas em início de lactação pode ser uma estratégia para aumentar a densidade energética da dieta, evitando o fornecimento excessivo de grãos (carboidratos), que podem conduzir à acidose ruminal, com todas as suas conseqüências indesejáveis.

Em animais confinados, com dietas balanceadas de alta energia, com freqüência a produção de leite é aumentada em resposta à suplementação com fontes de gordura. Em sistemas a pasto, a dieta é mais variável e o nível de produção pode ser menor, também em função da baixa concentração energética das forragens. Nestas condições, a resposta à suplementação com gordura pode ser distinta, já que outros nutrientes podem ser limitantes mas, ainda assim, a ingestão de energia é considerada o fator mais limitante para a produção de leite.

Estudos sobre o efeito da suplementação de gordura para vacas mantidas sob pastejo são escassos. Em função disso um estudo detalhado foi realizado na Argentina (Instituto Nacional de Tecnologia Agrícola, Balcarce). Os principais resultados serão aqui apresentados.

Trinta e sete vacas holandesas foram distribuídas em um dos três tratamentos a seguir: T0 - sem adição de gordura; T0,5 - adição de 0,5 kg de gordura/dia; T1 - adição de 1 kg de gordura/dia. A gordura consistiu-se de um óleo parcialmente hidrogenado, que resultou em flocos de gordura (sólidos - ponto de fusão de 58 a 60oC para que permanecesse sólido no rúmen). Uma fonte solúvel de cálcio (cloreto de cálcio) foi adicionada à dieta para compensar qualquer possível perda potencial na digestibilidade do cálcio devido à adição da gordura à dieta.

Todos animais fizeram pastejo rotacionado (1 piquete/dia) numa mesma área que continha uma mistura de alfafa (Medicago sativa, 46%) e "ordhardgrass" (Dactylis glomerata, 49%) e material morto (4%). A área de pastejo oferecia cerca de 30 kg de MS por vaca/dia, para que a ingestão de pasto não fosse limitante. Durante as duas ordenhas diárias foi feita a suplementação com os concentrados descritos na tabela 1 (na realidade o início do fornecimento do concentrado foi cerca de 19 dias antes do parto). Observe que as quantidades oferecidas de concentrados diferiam porque não houve substituição do milho por óleo, mas sim uma suplementação dos 5,4 kg iniciais de ração com mais 0,5 e 1,0 kg de gordura. O fornecimento do concentrado foi interrompido aos 70 dias em lactação, quando todas as vacas passaram a receber o concentrado T0 por mais 30 dias.

O teor de matéria seca da pastagem foi em média de 24,4% e sua composição média era (% da matéria seca): 90,5% de matéria orgânica; 73,2% de DIVMS; 38,3% de FDN; 21,3% de FDA; 23,4% de proteína bruta; 9,5% de carboidratos solúveis e 3,7% de extrato etéreo. Estes valores expressam a alta qualidade da forragem utilizada.

Tabela 1: Composição dos concentrados

 


As quantidades consumidas de concentrado e pastagem podem ser vistas na tabela 2. Conforme a gordura foi adicionada ao concentrado basal (sem substituição do milho) e não tendo sido observadas diferenças significativas nas sobras (alguns experimentos relatam refugo de concentrados, quando seu teor de gordura ultrapassa 22%), as vacas do T 1 acabaram por apresentar o maior consumo de concentrado. Comparadas com o T 0, as vacas do T 1 tiveram menor consumo de matéria seca de pastagem, mas não foram observadas diferenças significativas nas estimativas de ingestão total de matéria seca e energia.

Tabela 2: Consumo de concentrado, pasto e energia

 

 



Durante os primeiros 70 dias em lactação, as vacas produziram quantidade similar de leite. O teor de gordura do leite, a produção corrigida para o teor de gordura e a produção de gordura foram maiores no T 1 em comparação ao grupo controle, mas a produção de proteína do leite não foi afetada (tabela 3). Utilizando os dados de produção de leite na lactação anterior como covariável (P<0,01), a produção média de leite corrigido foi maior (P<0,05) no T1 em comparação ao T0, sem diferenças significativas entre estes tratamentos e o T0,5. As porcentagens de proteína, caseína, nitrogênio uréico e colesterol não foram afetadas.

Tabela 3: Valores médios de produção e composição do leite.

 



Foram avaliadas ainda as concentrações plasmáticas de ácidos graxos não esterificados, insulina, somatotropina, que não apresentaram diferenças entre os tratamentos. As concentrações de triglicerídeos no plasma diminuíram de 318,5 para 271,2 mg/dl, enquanto o colesterol do plasma aumentou de 185,0 para 235,8 mg/dl nas vacas recebendo 1 kg/dia de gordura suplementar em comparação ao grupo controle.

Paralelamente, através do uso de vacas fistuladas no rúmen, foram avaliadas as produções de ácidos graxos voláteis, a relação acetato:propionato, a concentração de nitrogênio amoniacal e o pH ruminal. Nenhum parâmetro foi afetado pela suplementação de gordura. Também o desaparecimento da FDN no rúmen foi monitorado e não foi afetado pelos tratamentos.

Os autores concluem que a hidrogenação parcial do óleo vegetal utilizado aparentemente preveniu os efeitos negativos da suplementação de gordura na digestão ruminal.

Comentário do autor: existem vários pontos interessantes de se observar neste estudo.

1) Em primeiro lugar a ausência de efeito da inclusão de gordura nos parâmetros ruminais, mesmo quando a dieta chegou a ter mais de 8% de gordura (a recomendação padrão é que não se ultrapasse 7%, quando a fonte de gordura é protegida).

2) É interessante notar que as vacas estavam em balanço energético positivo e, mesmo assim, a produção ficou estancada e as vacas chegaram a perder peso (dados não mostrados). É possível que algum outro fator tenha limitado a produção (genética; aminoácidos; suplementação mineral?).

3) As vacas suplementadas parecem ter sido mais eficientes (produziram mais leite em relação ao consumo de MS e de energia); resta saber se a dieta suplementada era mais econômica. Os autores argumentam também que a ausência de significância na diferença de produção de leite (houve diferença numérica) talvez tenha sido função do pequeno número de animais utilizados.

4) Outro ponto interessante é o teor de nitrogênio uréico bastante elevado (já em níveis que podem acarretar problemas reprodutivos). Isto é função do alto teor de proteína bruta, sendo grande parte solúvel na forragem (volumoso), teores estes bem acima das exigências dos animais. A eliminação desta proteína em excesso certamente teve um custo energético. Levando isto em consideração, talvez a suplementação com maior nível de carboidratos fosse mais adequada. Nesse sentido, a utilização de farinha de peixe como suplemento protéico (proteína de baixa degradação ruminal) parece acertada.


Fonte: Schroeder, G.F. et al., 2001. Supplementation with Partially Hydrogenated Oil in Grazing Dairy Cows in Early Lactation. J.D.Sci. 85(3):580-594.
 

0

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures