Renata de Oliveira Souza Dias
O principal objetivo da inseminação artificial em bovinos é o rápido melhoramento genético. Entretanto, a transmissão de doenças infecciosas pelo sêmen constitui um risco para a sanidade dos rebanhos. Por isso é necessário um extremo cuidado nas centrais de inseminação com a origem dos animais, a criação dos bezerros e com a qualidade do sêmen propriamente dito.
Este ano foi publicado na Inglaterra um estudo, conforme descrito na
tabela abaixo, sobre as doenças transmitidas pelo sêmen e o seu risco de transmissão.
Mas, afinal, quais são as doenças possíveis de serem transmitidas pelo sêmen?
Tabela 1- Doenças transmitidas pelo sêmen
Baseado nos dados acima pode-se destacar os principais doenças transmitidas pelo sêmen:
IBR / IPV
BVD
Aftosa
Campilobacteriose
Tricomonose
A aftosa é uma doença já erradica em muitos países e, por isto, o risco de sêmen dos EUA ou da Europa estarem contaminados por essa doença é muito baixo. Em países onde a doença ainda está presente, deve-se examinar o sêmen um mês após a coleta. Não é aconselhável o uso de sêmen fresco.
A IBR / IPV é uma doença endêmica nos EUA e Europa. Os touros em coleta devem ser testados um mês após a coleta; o teste visa detectar a presença de anticorpos para o BHV1 (Bovino Herpes vírus tipo 1).
A BVD é uma doença endêmica em todo o mundo. É facilmente transmitida pelo sêmen e por isso merece muita atenção. Os touros em centrais de inseminação devem ser testados mensalmente; o sêmen coletado deve ser também avaliado.
A Campilobacteriose (Vibriose) foi a razão original da adição de antibióticos no sêmen. Quando esse procedimento é realizado corretamente, pode-se considerar o sêmen livre dessa bactéria. As centrais de inseminação devem ser livres dessa doença venérea e os touros devem ser testados em intervalos menores que um ano.
A Tricomonose é uma séria doença venérea, uma vez que o tratamento do animal acometido não é recomendado. Quando o touro é diagnosticado com esse problema ele deve ser abatido e todo o seu sêmen destruído.
Por fim, fica aqui uma recomendação para se atentar sempre que possível para o país de origem, qualidade, seriedade e compromisso das empresas em relação à sanidade do sêmen comercializado. Como indício, destacamos a importância de se atentar para a análise dos pontos críticos (HACCP) a serem controlados durante a coleta, armazenagem e transporte do sêmen.
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fonte: Livestock Production Science, v.62, p.207-220, 2000.