Através de agrupamento em lotes separados por peso e condição corporal, para animais em crescimento e, estágio de lactação e produção, para vacas em lactação é possível formarmos, sem grandes dificuldades de 6 a 10 lotes (categorias) que, supostamente deveriam ser arraçoados cada qual com uma dieta específica para atender diferentes demandas nutricionais (diferentes teores de energia, proteína, minerais, vitaminas, etc) visando a melhor relação custo benefício. No entanto, por motivos óbvios, dificilmente encontramos no campo propriedades arraçoando seus animais “individualmente”, ou seja, havendo, hipoteticamente, uma situação de 8 lotes, encontrarmos 8 dietas. Muitos produtores e técnicos, por motivos práticos acabam agrupando algumas categorias que acabam recebendo um mesmo concentrado (ração) em diferentes quantidades.
Qual seria o conceito, então, da “dieta única”? O princípio desta forma de arraçoamento seria formular uma dieta: “padrão” que viesse a atender (satisfazer) de modo significativo os requerimentos nutricionais dos animais em produção, preferencialmente o de maior produção. Esta mesma dieta seria fornecida para os demais lotes em produção bem como animais em crescimento, sendo realizado apenas o ajuste fino no consumo/fornecimento de alimento. Dietas de animais em lactação costumam ter entre 16 a 17% de PB e 72 a 75% de NDT ou 1,65 a 1,70 Mcal/kg de MS. Dietas densas (75% NDT + 17% PB), por exemplo, se encaixam perfeitamente no atendimento dos requerimentos de animais pós-desmama (bezerras/terneiras), por exemplo. Esta mesma concentração de dieta pode ser excedente em nutrientes para vacas no meio e final de lactação e, certamente, extrapola o aporte necessário para novilhas em crescimento (a partir de 200 kg de PV) ou mesmo vacas secas. No entanto, podemos limitar o fornecimento da dieta em termos de consumo, equilibrando, de certa forma, a quantidade total de nutrientes ingerida. O conceito da dieta total está fundamentado mais na quantidade (aporte) total de nutrientes fornecida do que propriamente no teor ou concentração de uma dada dieta “A”, “B” ou “C”. Sempre no seu emprego poderá haver sobra ou excesso de nutrientes dependendo da quantidade de alimento consumida para uma determinada categoria.
Destacamos que o estabelecimento de uma única dieta para todos os animais é praticamente impossível. O fechamento da mineralização das categorias é um desafio para muitos nutricionistas. Fica claro também que o sistema é falho em alguns aspectos como a sobre ou sub-oferta de nutrientes para determinados animais. Isso pode ser interpretado por muitos como uma maneira não racional do emprego do dinheiro e/ou eventual margem para aumento nos custos de produção. Na teoria tal conceito é cabível, na prática, os animais mais sadios com melhores índices reprodutivos (como idade ao primeiro parto) que conheço são de rebanhos com o emprego de dieta única (sistemas com 2 ou, no máximo, 3 formulações).
Recomenda-se atenção no manejo alimentar de vacas secas, principalmente no período de transição, sobretudo, no que se refere à quantidade e formulação do núcleo mineral utilizado. Desta forma, mesmo implantando dieta única, dificilmente uma fazenda escapará de um arraçoamento específico para estes animais. O aspecto prático que envolve a adoção da dieta única está associado ao velho conceito das “dietas” existentes numa propriedade: dieta formulada pelo nutricionista, dieta batida (concentrado) na fábrica de ração, dieta misturada/carregada (no vagão total mix), dieta distribuída, dieta consumida e, finalmente: dieta digerida (uma vez que há variação no metabolismo e conversão alimentar de cada indivíduo/vaca). Com todas estas variáveis que acumulam “erros” mais a implantação de manejos complexos com diversas formulações e maior custo operacional, a busca pela simplificação do trabalho ao máximo possível tem gerado resultados animadores e satisfatórios em muitos sistemas de produção. Recomendo, conheço e tenho trabalhado desta forma.