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Cuidado com o teor de energia para vacas no pré-parto

POR ALEXANDRE M. PEDROSO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/05/2014

5 MIN DE LEITURA

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O manejo das vacas leiteiras no período pré-parto é crítico para que o desempenho produtivo e reprodutivo dos animais seja satisfatório. O que acontece com a vaca durante a lactação, especialmente no período inicial, depende diretamente do que foi feito com ela nas 3-4 semanas antes do parto. Um dos aspectos mais discutidos é o escore de condição corporal (ECC) das vacas no momento da secagem e do parto. A recomendação clássica é ter vacas chegando ao parto com ECC em torno de 3,25. Vacas parindo muito magras ou muito gordas têm muito mais chances de ter problemas ao parto e no início da lactação. O ideal é que as vacas já cheguem ao momento da secagem com o ECC correto para o parto, o que nem sempre acontece.

Se a vaca chega ao parto com ECC acima de 3,50 ela terá maior risco de desenvolver diversos distúrbios metabólicos, como cetose, febre do leite (hiopocalcemia), deslocamento de abomaso, etc. Além disso vacas mais gordas apresentam menor ingestão de matéria seca (IMS) após o parto, o que agrava ainda mais os problemas. Entretanto, se o ECC ao parto for menor que 3,00 a produção de leite tende a ser menor, o animal não atinge o pico esperado de produção e pode perder peso em excesso, o que será desastroso para a eficiência reprodutiva.

Até hoje temos utilizado o ECC como um dos parâmetros principais para monitorar a condição das vacas no período de transição, mas trabalhos recentes de pesquisa mostram que talvez seja necessário observar outros aspectos também para ser mais eficiente no manejo das vacas nessa fase, especialmente para a prevenção dos distúrbios metabólicos que causam tantos prejuízos nos rebanhos leiteiros. O estudo de Dracley et al. (2014), que acaba de ser publicado no Journal of Dairy Science, traz considerações sobre o efeito dos depósitos de gordura visceral sobre a saúde das vacas leiteiras, e as relações disso com o ECC e o manejo nutricional dos animais.

Pesquisas biomédicas recentes têm focado no papel do aumento dos depósitos de gordura visceral (gordura omental e mesentérica) na patogenia de problemas crônicos em humanos, como síndromes metabólicas e desordens inflamatórias do aparelho digestivo. Em particular, o aumento na quantidade de gordura mesentérica está relacionado ao desenvolvimento de resistência à insulina em ratos e humanos. No entanto, sabe-se muito pouco sobre as alterações na massa ou funções dos depósitos internos de gordura em vacas leiteiras, principalmente no período de transição.

O acúmulo de lipídios no tecido adiposo das vísceras, cuja circulação venosa drena o sangue para o fígado, pode resultar em grande quantidade de ácidos graxos livres chegando a esse órgão, bem como adipocinas inflamatórias, que podem afetar a função hepática, como já demonstrado em outras espécies. O papel desses compostos na ocorrência de problemas metabólicos de vacas leiteiras também já foi estudado. É sabido que a mobilização excessiva de gordura das reservas corporais para atender a demanda energética de vacas no período de transição é o grande determinante dos distúrbios relacionados ao metabolismo de gordura, como a Cetose e a Esteatose Hepática, mas sabe-se muito pouco sobre o papel da mobilização da gordura acumulada nas vísceras, e como isso se relaciona com a nutrição das vacas.

A hipótese do estudo de Dracley et al. (2104) era que vacas não lactantes (secas) recebendo dietas ricas em energia, similares às que causaram Fígado Gorduroso nas vacas em outros ensaios, acumulariam mais gordura nas vísceras do que vacas alimentadas com dietas menos energéticas. Trabalhos anteriores do mesmo grupo de pesquisa mostraram que o controle da ingestão de energia pelas vacas durante o período seco para níveis próximos dos requerimentos para mantença e gestação, evitando excesso de consumo, resultava em melhor balanço energético pós-parto, menos concentração de AGL no sangue e menor acúmulo de gordura no fígado no início da lactação. No entanto o papel dos depósitos viscerais de gordura nesses processos ainda é desconhecido.

O ensaio usou duas dietas que diferiam no teor de energia líquida – 1,62 x 1,35 Mcal/kg MS, fornecendo-as a dois grupos de vacas por 8 semanas, à vontade. O grupo que recebeu a dieta mais energética apresentou maior IMS e maior consumo total de energia, confirmando que acesso livre a dietas ricas em energia leva a consumo exagerado de energia por vacas secas. A IMS das vacas que receberam a dieta mais energética também foi bastante superior à do grupo que recebeu menos energia – 15,9 x 11,2 kg/d, ficando em patamar bem acima da predição do NRC (2001) para vacas secas gestantes (12,6 kg/d). Isso levou a uma diferença de peso vivo entre os grupos ao final do experimento, sendo que, como esperado, as vacas que receberam a dieta mais energética apresentaram maior PV do que as demais (806 x 751 kg). Mas o mais interessante foi que não se observou diferença estatística para ECC entre os grupos (3,52 x 3,47), apesar da grande diferença na massa de gordura visceral entre os grupos.

O ECC estima apenas os depósitos de gordura subcutânea, e os resultados deste experimento apontam para a necessidade de também avaliarmos outros parâmetros para monitorar eficientemente as vacas em transição, a fim de evitar a ocorrência de distúrbios metabólicos no início da lactação. O estudo em questão não avaliou a quantidade de gordura subcutânea, mas como não houve diferença estatística para o peso de carcaça entre os tratamentos, o que indica claramente que a diferença de peso entre os grupos foi devido à diferença na deposição de gordura nas vísceras.

Logicamente são necessários muitos estudos sobre esse assunto para determinar com clareza o papel do depósito visceral de tecido adiposo no metabolismo de vacas em transição e ocorrência de distúrbios metabólicos, mas é muito interessante essa observação de que diferenças na massa de gordura acumulada nos órgãos não são detectadas pela avaliação do ECC. O estudo mostrou claramente que o consumo de mais energia aumenta essa massa gordurosa visceral, e se isso pode representar um maior risco de problemas para a vaca no início da lactação, devemos ficar atentos. O que pode ser feito é avaliar a variação do PV além do ECC, e observar com muita atenção a ingestão de matéria seca e de energia pelas vacas no período seco, a fim de evitar problemas.

Literatura citada:

DRACLEY. J. K. WALLACE, R. L.; GRAUGNARD, D.; VASQUEZ, J.; RICHARDS, B. F.; LOO, J.J. Visceral adipose tissue mass in nonlactating dairy cows fed diets differing in energy density. Journal of Dairy Science, v. 97, n. 6, p. 3420-3430, 2014.




 

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ALEXANDRE M. PEDROSO

Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciência Animal e Pastagens, especialista em nutrição de precisão e manejo de bovinos leiteiros

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MARIANA POMPEO DE CAMARGO GALLO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 30/07/2015

Olá pessoal,



Já estão abertas as inscrições para o Curso Online: "Manejo e alimentação de vacas em transição" com o instrutor Rodrigo de Almeida.



Neste curso você aprenderá a identificar os principais problemas que acometem as vacas nessa fase, como minimizar a ocorrência de distúrbios metabólicos e conhecerá as necessidades nutricionais das vacas neste período, de forma a oferecer a elas uma dieta adequada e balanceada para cada etapa, a fim de maximizar o seu desempenho produtivo e reprodutivo.



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ANDRESSA CAROLINO

PATOS DE MINAS - MINAS GERAIS

EM 26/07/2014

Boa tarde, então se aumentar a energia líquida da dieta aumenta o consumo?

Pode me explicar o porque disso ? Andressa
ALEXANDRE M. PEDROSO

PIRACICABA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 14/07/2014

Alexandre, adicionar uma fonte de fibra longa à dieta de vacas no pré-parto pode ser uma boa alternativa para ajudar com o fornecimento de fibra efetiva, especialmente se a silagem de milho for de alta qualidade. No entanto qualquer material que eleve o teor de potássio da dieta deve ser evitado quando, especialmente quando se trabalha com dietas aniônicas. Ambos os aspectos devem ser pesados e avaliado o custo/benefício de cada possibilidade. Não existe uma recomendação única, que atenda todas as situações.



Abs!
MARIANA POMPEO DE CAMARGO GALLO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 08/07/2014

Para mais informações sobre nutrição de vacas em transição, participem do Curso Online "Manejo e Alimentação de Vacas em Transição".



O curso já está no ar, mas ainda dá tempo de participar e tirar suas dúvidas com: Alexandre M. Pedroso (Embrapa) e Rodrigo de Almeida (UFPR).



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Ou mande e-mail para cursos@agripoint.com.br


EDINALDO DE SOUZA TEIXEIRA

SALVADOR - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/06/2014

Muito bom.Gostaria muito que fosse uma linguagem mais simples.Até hoje não sei  como diferenciar um ECC 3 para um 3,5 ou mesmo 4.Tenho muita dificuldade nisso.Sei que a vaca deve parir com até 3,5 mas como saber isso na prática?

Muito obrigado pelo artigo.

Edinaldo de Souza Teixeira - Produtor de leite.
ALEXANDRE M. PEDROSO

PIRACICABA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 02/06/2014

José Roberto, entendo seu comentário, e sempre temos preocupação em usar uma linguagem que facilite o entendimento por parte dos leitores. O tema tratado no presente artigo realmente é bastante técnico, e pode ser um pouco árido para algumas pessoas, mas também nos preocupamos em oferecer informações atuais e relevantes para os técnicos extensionistas que acompanham os radares técnicos do MilkPoint. Aqui você encontrará muitos artigos interessantes, escritos por diferentes especialistas,que abordam os temas que você citou, acredito que muitas das suas dúvidas poderão ser esclarecidas com a leitura desses textos.



Att,



Alexandre
ALEXANDRE M. PEDROSO

PIRACICABA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 02/06/2014

Alberto, atualmente estamos focando na disponibilidade de proteína metabolizável e não mais no teor de proteína bruta das dietas. As recomendações mais atuais sugerem que as dietas do pré-parto devem ser formuladas para disponibilizar entre 1000 e 1300 g de PM por dia e atender adequadamente os requerimentos energéticos das vacas.



A questão do edema está relacionado ao fornecimento de proteína bruta em excesso, o que sem dúvidas deve ser evitado. E é importante ressaltar que aumentar o teor de PB não significa elevar a disponibilidade de Proteína Metabolizável.



Att,



Alexandre
JOSÉ ROBERTO PASSOS CANDEIAS

ATIBAIA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/06/2014

O artigo  é bom, mas extremamente técnico. Considerando que a maioria dos produtores de leite é de pessoas humildes, torna-se difícil entender do assunto nesse nível. Sugiro que antes de toda essa tecnicidade, seria  melhor esclarecer ao produtor, e de forma prática, como determinar o ECC, como preparar uma ração adequada, como evitar o excesso de gordura visceral tão prejudicial e outros procedimentos práticos no dia a dia, para ter, então, um  resultado satisfatório na subsequente produção de leite.

Obrigado pela atenção. José Roberto Passos Candeias
EVERTON LEITE

JEREMOABO - BAHIA - ESTUDANTE

EM 02/06/2014

muito bom o artigo.
ALBERTO DUQUE PORTUGAL

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/06/2014

Excelente informação. Gostaria que informasse qual deve ser o nível de PB do dieta total para vacas neste período pré-parto, considerando que há informação de que dietas com altos níveis de PB tendem a aumentar edema no pré-parto.
ERNESTO PAULA

CRUZ ALTA - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/05/2014

entendo que o preparto esta relacionado diretamente com o sucesso da lactaçao!!!
JEFERSON FERNSNDES DOS SANTOS

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/05/2014

Muito bom, mas muito técnico.
RODRIGO GREGÓRIO DA SILVA

LIMOEIRO DO NORTE - CEARÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 30/05/2014

Bom artigo.

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