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Comparativo entre cana-de-açúcar e silagem de milho na dieta de vacas leiteiras

POR JUNIO CESAR MARTINEZ

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/07/2008

9 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 20/10/2022

O uso de volumosos alternativos e subprodutos na alimentação de bovinos visando à obtenção de melhores desempenhos econômicos têm sido enfatizados na pecuária leiteira, panorama este que tenho sempre que possível discutido aqui neste espaço onde a mais de um ano sou redator. Os volumosos têm participação importante na composição da dieta, uma vez que podem representar até 80% da matéria seca de rações das diversas categorias que compõem o rebanho leiteiro. Além disso, a qualidade do volumoso pode influenciar na quantidade e na qualidade da ração concentrada.

Não é novidade que a cana-de-açúcar é um volumoso de destaque na alimentação de bovinos, em razão da pequena taxa de risco em sua utilização, do baixo custo por unidade de matéria seca produzida, da manutenção do valor nutritivo, da maior disponibilidade nos períodos de escassez de forragens nas pastagens e do melhor desempenho econômico em comparação a outras forrageiras, dependendo da categoria animal.

Existem limitações quanto ao consumo dessa forrageira por bovinos, particularmente os de raças leiteiras com níveis médio e alto de produções de leite, decorrentes, principalmente, da baixa digestibilidade da fibra, o que pode comprometer o consumo voluntário. Além disso, entre outras limitações, encontram-se o baixo teor de proteína, o alto teor de carboidratos solúveis, o pequeno aporte pós-ruminal de aminoácidos e de glicose, o aumento na quantidade de protozoários no rúmen e o desbalanço de minerais. Entretanto, alguns trabalhos recentes da pesquisa científica comprovam a possibilidade do uso de cana-de-açúcar como volumoso para vacas leiteiras de maior potencial de produção. Nesses estudos, os autores consideraram os índices produtivos e econômicos e apresentaram resultados interessantes e promissores quanto à utilização da cana-de-açúcar.

A principal limitação da cana-de-açúcar é a redução de consumo, ocasionada principalmente pela baixa digestibilidade da fibra, uma vez que seu teor médio em FDN é menor que o da silagem de milho (47 vs 60). No caso da cana-de-açúcar, a saída para sua utilização pode ser a redução de seu uso na dieta de acordo com o aumento da participação de concentrado. Estas mudanças podem proporcionar maior aporte de matéria orgânica digestível, o que levaria a um aumento da concentração de energia, diminuição da concentração de fibra de baixa digestibilidade e, conseqüentemente, ao maior consumo de matéria seca para atender às exigências energéticas do animal.

Por outro lado, excesso de concentrado na dieta pode provocar diversos distúrbios metabólicos, como conseqüência do rápido abaixamento do pH ruminal, que vão desde acidoses subclínicas até casos mais severos, levando à morte, principalmente porque a cana-de-açúcar apresenta alto teor de carboidratos prontamente fermentáveis. Além disso, como o custo do concentrado geralmente é alto, elevadas proporções na dieta podem não ser economicamente viáveis.

Assim, em virtude do grande potencial da cana-de-açúcar e da possibilidade de melhoria na sua utilização, realizou- se um trabalho para avaliar dietas com cana-de-açúcar, em diferentes proporções, e concentrado para vacas com potencial para produção média de 6.000 kg de leite por lactação, comparadas à dieta com silagem de milho como base volumosa.

Foram impostos quatro tratamentos. O tratamento 1 consistiu de silagem de milho como volumoso, na proporção de 60% da dieta. Nos tratamentos 2, 3 e 4, foi utilizada a cana-de-açúcar da variedade RB 739735 no seu primeiro corte (cana de ano) como volumoso, nas proporções de 60, 50 e 40%, respectivamente, com base na matéria seca. A todos os tratamentos com cana-de-açúcar, foi adicionado 1% da mistura de uréia+sulfato de amônio na proporção 9:1, com base na matéria natural. Foram utilizados na formulação das dietas, como alimento concentrado, fubá de milho, farelo de soja, farelo de algodão, farelo de trigo e matéria mineral, conforme apresentado na Tabela 1.

Tabela 1. Composição percentual dos ingredientes nas dietas, expressa na matéria seca.


Os consumos médios diários de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CHO), fibra em detergente neutro (FDN), carboidratos não-fibrosos (CNF) e nutrientes digestíveis totais (NDT) são apresentados na Tabela 2.

Tabela 2. Efeito das dietas sobre o consumo de nutrientes.


O consumo de matéria seca (CMS) entre as dietas com cana-de-açúcar foi menor no nível de 60%, intermediário no de 50% e maior no de 40%, que foi semelhante ao CMS obtido com a dieta à base de silagem de milho na proporção de 60%. Em termos percentuais, o consumo observado para a dieta com 60% de cana foi 11,16 e 25,62% menor que nos tratamentos com 50 e 40%, respectivamente. O tratamento com 50% de cana proporcionou consumo 13,00% menor que aquele com 40% de cana.

Ao comparar os tratamentos com mesma relação volumoso:concentrado (V:C) 60:40, entre cana-de-açúcar e silagem de milho, o consumo foi 22,51% maior para a dieta contendo silagem de milho. Esses resultados estão de acordo com muitos outros valores encontrados na literatura nacional, que também observaram valores 15% superiores para as dietas à base de silagem de milho em relação ao tratamento exclusivamente com cana-de-açúcar e mesma
relação V:C.

O consumo de nutrientes seguiu a mesma tendência que os consumos de MS, com valores mais altos para as dietas com 60% de silagem de milho ou 40% de cana-de-açúcar, com exceção dos consumos de extrato etéreo, carboidratos não-fibrosos, fibra em detergente neutro e fibra em detergente neutro expressa em relação ao peso corporal.

O consumo de extrato etéreo (CEE) foi menor para as dietas à base de cana-de-açúcar, o que provavelmente resultou do baixo percentual de extrato etéreo na cana-de-açúcar.

Foi observado maior consumo de carboidratos não-fibrosos para o tratamento com 40% de cana-de-açúcar em relação às dietas à base de cana-de-açúcar e de silagem de milho, que não
diferiram, indicando também maior participação de alimento concentrado na dieta. A explicação é que o consumo de MS na dieta contendo silagem de milho foi maior, uma vez que os teores de FDN das dietas foram próximos, explicação válida quando se compara os tratamentos com silagem de milho e com cana-de-açúcar na proporção de 60%. Quando a comparação foi entre as dietas com cana-de-açúcar, não houve diferenças significativas porque o aumento de consumo de MS compensou a redução do teor de FDN das dietas à medida que houve aumento da participação de concentrado.

A variação de peso corporal foi de 0,287, -0,562, -0,01 e 0,312 kg/dia para as dietas à base de silagem de milho (60%) e com 60, 50 e 40% de cana-de-açúcar, respectivamente. É possível verificar a elevada variação negativa para a dieta com 60% de cana-de-açúcar, com possível mobilização das reservas corporais pelo animal, na tentativa de suprir as deficiências nutricionais ocasionadas pelo menor consumo da dieta de qualidade mais baixa. Esse comportamento também já foi relatado em outras pesquisas, onde essa variação negativa é provavelmente decorrente do menor CMS, uma vez que, neste trabalho a maior participação
de concentrado nas dietas à base de cana-de-açúcar ocasionou aumento do consumo de MS e diminuição ou ausência de variação de peso corporal.

As digestibilidades aparentes médias dos nutrientes são apresentadas na Tabela 3.

Tabela 3. Coeficientes médios de digestibilidade aparente dos nutrientes da dieta.


Não foram verificadas diferenças nas digestibilidades aparentes da MS, MO e CHO entre as dietas. O coeficiente de digestibilidade aparente da proteína foi maior para a dieta com silagem de milho foi maior que para as dietas com cana-de-açúcar. O maior digestibilidades aparentes da PB da dieta à base de silagem de milho pode ser atribuído à maior ingestão de proteína, uma vez que, apesar de as dietas terem sido formuladas para serem isoprotéicas de acordo com dados médios de literatura (com 14,5% de PB), após as análises bromatológicas, foi constatada que a dieta com silagem de milho apresentou maior teor de PB. Não houve diferença entre as dietas à base de cana-de-açúcar.

As dietas com cana-de-açúcar apresentaram coeficientes de digestibilidade do extrato etéreo semelhantes. As digestibilidades aparentes do EE para silagem de milho foi maior que nas dietas contendo 60 e 50% de cana-de-açúcar. Porém, não houve diferença na digestibilidade entre a dieta com silagem de milho e aquela com 40% de cana, provavelmente em razão da maior participação de concentrado e diminuição da participação da dieta com 40% de cana-de-açúcar, provocando aumento do teor de EE.

Não houve diferença entre as dietas à base de cana-de-açúcar para o coeficiente de digestibilidade aparente da FDN. Era esperado maior valor de digestibilidades aparentes da FDN para a dieta com 40% de cana-de-açúcar, em virtude da menor participação da cana-de-açúcar na dieta. Entretanto, autores que trabalharam na avaliação de diferentes níveis de concentrado em dietas para bovinos, observaram efeito depressor na digestibilidade da fibra em elevadas quantidades de concentrados na dieta, embora os trabalhos tenham sido obtidos com novilhos e com volumoso diferente da cana-de-açúcar.

O coeficiente de digestibilidade aparente da FDN na dieta à base de silagem de milho foi superior ao das demais dietas. A digestibilidade da FDN para dietas à base de cana-de-açúcar poderia ser apontada como o principal responsável pela diminuição de consumo de matéria seca.

Entre as dietas com cana-de-açúcar, observou-se menor coeficiente de digestibilidade dos carboidratos não-fibrosos para a dieta com 40%, não havendo diferenças entre as demais. Isso resultou provavelmente do aumento da taxa de passagem, ocasionado pelo maior consumo de matéria seca na dieta com 40% de cana-de-açúcar. As digestibilidades aparentes dos CNF para silagem de milho foi menor do que os obtidos em todas as dietas à base de cana-de-açúcar, em razão do menor teor de CNF dessa dieta.

Os valores médios obtidos para produção de leite (PL), produção de leite corrigida para 3,5% de gordura (PLC) e os teores médios de gordura (GL), proteína bruta (PBL), lactose (LAC) e extrato seco total (EST) são apresentados na Tabela 4.

Tabela 4. Produção e composição do leite.


A produção de leite para os tratamentos à base de cana-de-açúcar foi menor quando utilizada na proporção de 60%, intermediário para a relação 50% e maior na relação 40%, que foi semelhante à dieta à base de silagem de milho na proporção de 60%.

A menor produção de leite para as dietas com maior participação de cana-de-açúcar pode ser explicada pelo menor CMS, o que resultou em menor consumo de nutrientes. Isso pode ser melhor evidenciado se comparados a produção de leite (PL) e o consumo de MS da dieta com 60% de silagem de milho e a dieta com 40% de cana-de-açúcar com as demais.

A produção de leite corrigida para gordura (PLC) apresentou tendência similar à da PL, exceto para as dietas com 60 e 50% de cana-de-açúcar, que foram semelhantes para PLC. Isso pode ter sido conseqüência do aumento do coeficiente de variação, em virtude do mais alto coeficiente do teor de gordura do leite. São unânimes as conclusões entre autores de que as menores produções de leite podem ser atribuídas ao menor consumo de MS, resultando em menor consumo de nutrientes para as dietas à base de cana-de-açúcar.

Não houve diferenças significativas para a composição do leite entre as dietas experimentais. Apesar de não ter havido diferenças significativas entre as dietas para o teor médio de gordura no leite, era esperado menor valor para a dieta com 40% de cana-de-açúcar. O aumento na participação de concentrado na dieta causa diminuição da relação acetato:propionato e, conseqüentemente, redução no teor de gordura do leite.

Contudo, na dieta contendo 60% de concentrado, foram adicionados tampões, o que pode ter influenciado a não-redução do teor de gordura do leite.

Considerações finais

Para vacas leiteiras com produção média de 20 kg/dia de leite, a utilização de cana-de-açúcar corrigida como volumoso exclusivo deve ser na proporção de 40% na dieta total.

A elevada participação de concentrado na dieta com 40% de cana-de-açúcar não deve ser vista como obstáculo à sua utilização, de modo que decisão sobre seu uso passa a ser de ordens agronômica e/ou econômica.

Fonte:
Adaptado de:
COSTA, M.G.; CAMPOS, J.M.S.; VALADARES FILHO, S.C. et al. Desempenho Produtivo de Vacas Leiteiras Alimentadas com Diferentes Proporções de Cana-de-Açúcar e Concentrado ou Silagem de Milho na Dieta. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 34, n. 6, p. 2437-2445. 2005 (supl.)

JUNIO CESAR MARTINEZ

Doutor em Ciência Animal e Pastagens (ESALQ), Pós-Doutor pela UNESP e Universidade da California-EUA. Professor da UNEMAT.

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VALTER ESTACIO MAIA

BRITÂNIA - GOIÁS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 27/07/2022

Gostaria de saber se já há estudo sobre o aproveitamento da ração da casca do baru. Estou produzindo essa ração e confesso que estou meio perdido, pois ninguém sabe me informar sua real potencialidade. Em havendo interesse posso enviar o resultado do exame bromatológico.
JOAO BATISTA DA SILVA

RESPLENDOR - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/08/2014

Gostaria de sabe ser servir o milho no ponto de silagem e o mesmo que silagem. No caso corta o pé de milho no dia e pica e quanto kg tenho que fornecer para cada vaca....obrigado abraço....
NURY JAFAR ABBOUD

ANDIRÁ - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/12/2012

Boa noite Junio, parabéns por esse artigo e por ter levantado de forma clara a discussão em torno do uso  de silagem de cana-de-açúcar e a comparação com a silagem de milho. Eu sou um dos adeptos do uso da cana-de-açúcar, sempre bem orientado por veterinários e nutricionistas. Hoje usamos queimar o canavial antes de fazer o corte, com isso diminuímos o volume de palha e consideramos um aproveitamento melhor da haste, você conhece esse processo? Também usamos cal na ensilagem da cana-de-açúcar.

Lendo todos os comentários sobre a viabilidade econômica entre o uso das duas silagens posso deixar aqui o meu comentário: A silagem de milho tem o custo maior que o da cana-de-açúcar, mas o diferencial é que o silo fechado com milho já é caro por si só enquanto que o de cana-de-açúcar é mais barato e, a correção do valor nutricional do trato é feito no ato, isso pode permitir ao produtor uma liberdade maior na negociação dos componentes do concentrado, podendo então fazer a formulação de acordo com a logística e a sazonalidade dos produtos.



- Um silo de milho com 100 toneladas matéria seca                   = R$ 28.000,00

- Um silo de cana-de-açúcar com 100 toneladas de mat. seca = R$12.600,00.

- A diferença do capital entra as duas opções é de                       = R$15.400,00.



- Uma lavoura de milho sofre muito mais com as intempéries

- O milho é uma lavoura sazonal

- A produção por área de milho é menor que a da área de cana,  até mesmo se compararmos o tratamento dado às duas culturas a produção de proteína pode ser relativa.



ATT:.



NURY JAFAR ABBOUD

Andirá - Pr  
MARCIO GOMES DOS SANTOS

SANTA FÉ - TOCANTINS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 01/11/2012

Bom dia Sr. JÚNIOR,
Parabéns pêlo atrigo, tenha a certeza de ter contribuído com muita gente, inclusive comigo.
Um abraço e fique com DEUS.
  MARCIO GOMES- SANTA FÉ-TO.
ÁLVARO DE OLIVEIRA MONTEIRO

JUSCIMEIRA - MATO GROSSO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/08/2012

Caro Junio,
Obrigado pela atenção! Há algum mal se for fornecido cana triturada e misturada ao farelo de algodão ou Refinasil às vacas leiteiras? Por enquanto elas estão aceitando bem a cana assim preparada (com palha e tudo), misturada com uma ração própria para vacas leiteiras. Preparo apenas na hora de alimentá-las. O perigo é a maior possibilidade de contaminação, ou outra coisa?

Um abraço,

Álvaro
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 07/08/2012

Prezado Alvaro,

O correto não é triturar, mas sim picar a cana. Se puder, adquira uma picadora para processar a sua cana antes de fornecer aos animais. Nunca me deparei com relatos de complementos protéicos que fossem antagonistas à cana. Caso a soja esteja com alto preço, procure por farelo de algodão, ou por Refinasil.
ÁLVARO DE OLIVEIRA MONTEIRO

JUSCIMEIRA - MATO GROSSO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/07/2012

Prezado Junio,

Tenho um lote de vacas leiteiras de baixo potencial de produção (abaixo de 10 l/cab/dia) criadas a pasto (Brachiaria brizantha cv MG5) e uma área plantada com cana-de-açúcar que acabei de formar. Adquiri um triturador para triturar a cana junto com algum outro produto que forneça proteína. Pergunto: 1. Considerando o alto preço da soja e seus subprodutos atualmente, quais seriam as melhores opções para se misturar com a cana. 2. Que proporções devo utilizar? 3. Que quantidades das misturas devo fornecer por animal?   
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/09/2009

Prezado Robledo,
Infelizmente não tenho dados de desempenho das vacas e dados de controle financeiro de um sistema que alimente 5 vezes ao dia o lote de animais nas condições brasileiras, visto que este é um manejo bastante diferenciado. O mais comum são apenas 2 tratos ao dia. No meu entender, com 5 tratos ao dia, independente do tipo de alimentação, o custo para fornecimento do alimento será alto, pois a participação dos custos inerentes ao trato serão proporcionalmente maiores. A única forma deste sistema ser compensador é tendo um excelente desempenho animal que justifique tal manejo e usando ingredientes concentrados de baixo custo. Talvez o lote seja pequeno, talvez a picagem e o fornecimento seja manual, barateando o custo e justificando este manejo. Lembre-se, o melhor trato é aquele que proporciona a maior receita líquida.
ROBLEDO RENE DE MORAES

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/09/2009

Prezado Junio,
Conheço um produtor de leite no sul de Minas Gerais, que tem vacas holandesas de alta produção, com média de 24 kg leite/dia, sendo que o lote 1 fica no free stall recebendo cana picada (ás vezes, silagem de cana) e um pouco de capim picado e média de 40 kg/dia. A cana é fornecida em cinco tratos por dia e as vacas chegam a comer até quarenta kg por dia - é claro que sua dieta é mais cara do que se ele tivesse silagem de milho (ele opta pela cana em razão de sua topografia).

Como minha área tem topografia mais ou menos igual à dele (tenho apenas 3,0 ha para plantio de milho) e o número de vacas é o mesmo, eu pensei em adotar o mesmo trato. Só que o veterinario que me dá assistencia insiste em dizer que para conseguirmos melhorar a genetica e a produçao com custos mais em conta, seria melhor plantar milho para silagem.

Gostaria de saber sua opinião sobre qual o melhor custo/beneficio entre os dois tratos.
FABIO GARCIA RIBEIRO

SOROCABA - SÃO PAULO

EM 26/06/2009

Temos usado muito cana picada em dietas de vacas com produção até 12 kg de leite, utilizando um produto formulado e registrado por nós (Núcleo Connan Cana), enriquecido com uréia de liberação lenta (Optigen), uréia pecuária, lasalocida, leveduras vivas e minerais orgânicos. O produto tem se mostrado bastante eficiente nesse nível de produção, não sendo necessário a adição de concentrado.

Utilizamos até 800 g/cab/dia do produto, e os animais apresentam além da manutenção do mesmo volume de produção, excelente condição reprodutiva. Estamos buscando parceiros para validar esse produto. Gostaríamos de trocar maiores informações sobre o assunto.

Grato
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/10/2008

Prezado Carlos.
Não existe restrição para a mistura de cana com silagem de milho. Entretanto, 60% de cana mais 40% de silagem de milho totaliza 100% da ração, sendo-a portanto, desbalanceada, muito rica em energia e carente em proteína. Recomendo contratar um nutricionista para balancear a ração, incluindo uréia, farelo de soja e minerais em quantidade adequadas, bem como reduzir as porcentagens de cana e de silagem.
CARLOS MAGNO FERREIRA DE ANDRADE

ITAJUBÁ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/10/2008

Gostaria de saber a possibilidade de misturar, no trato, cana(60%) e silo de milho (40%), fornecidos juntos. Isto pode ser feito sem problema?
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/08/2008

Prezado Júnio César

Você não inverteu os valores? Porque, se os valores estiverem corretos, a ponta da cana seria melhor que a cana inteira, já que teria mais proteína e mais FDN, perdendo somente em digestibilidadeda matéria seca. Administrei as pontas ao rebanho e não houve queda da produtividade, que é elevada no meu rebanho (média de 46,5 litros por animal/dia, em regime de estabulação total - indo a pasto somente à noite, após a terceira ordenha).

Mas, advirto que o aproveitamento das pontas não descarta o uso da planta inteira, já que possuo canaviais destinados ao rebanho, em que não há a industrialização de aguardente. O objetivo era saber se poderia aproveitar, sem perdas, o material que seria descartado (pontas), aumentando minha área produtiva.

Obrigado pela atenção e parabéns, ainda uma vez mais, pelo brilhante trabalho. Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 21/08/2008

Prezado Frederico.
A escolha dependerá do custo da silagem de milho, do custo da cana e do preço recebido pelo litro de leite. Dependerá ainda da variação no desempenho das vacas, caso ocorra.
FREDERICO SIMÕES RAIMUNDO DE LIMA

ITABERAÍ - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 19/08/2008

O que seria mais vantajoso então? cana ou silo de milho, para vacas de até 20/kg/dia?
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 19/08/2008

Prezado Guilherme.
Segundo o livro "Tabelas brasileiras de composição de alimentos para bovinos", tendo o Prof. Dr. Sebastião Valadares como o editor chefe, a cana inteira tem 2,74% de proteína, 57,68% de FDN, e uma digestibilidade da Matéria Seca de 60,68%. Também, conforme consta no livro, a cana de açúcar ponta apresenta 5,10% de proteína, 74,64% de FDN e 53,50% de digestibilidade.
Pela tabela do livro, aparentemente a ponta é pior que a cana inteira, mas o problema destes números é que foram obtidos de apenas duas amostras, deixando os dados poucos confiáveis.
Empiricamente, arrisco a dizer que não se terá grande diferença de desempenho.

Prezado Gleisson.
Ração ideal é aquela nutricionalmente balanceada e que seja capaz de permitir ao animal expressar o seu potencial genético em termos de produção e reprodução, ou seja, em produto animal.
Se sua formulação está permitindo que suas vacas produzam leite em volume e composição adequada, que mantenham escore de condição corporal adequado que não prejudique a reprodução, significa dizer que está tudo certo. A checagem dos valores somente é possível colocando a ração dentro de um programa de formulação para bovinos leiteiros.


Prezado Henrique.
Bom, se são 600 litros e 50 vacas, sua média é de 12 litros/vaca/dia.
Com essa produção pode entrar com cana sem medo que não terá problemas.
Apenas lembro-lhe que dependendo da condição corporal das vacas é interessante aumentar um pouco a quantidade de concentrado.
HENRIQUE DE FARIA SANTOS

MATO GROSSO DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/08/2008

Caro companheiro, gostei muito do seu artigo.

Sou produtor de leite em Nova Andradina - MS, temos atualmente 50 vacas em lactação e produção de 600 litros/dia, com fornecimento de silagem de milho e 2 kg de farelo de soja/dia.

Poderia me dar uma sugestão de como posso tratar meus animais, com cana de açúcar + concentrado, ja que na semana que vem termina minha silagem e tenho que entrar com cana de açúcar.

Fico no aguardo de uma resposta.

Abraços, Henrique de Faria Santos
GLEISSON MARQUES LIVRAMENTO

SÃO JOÃO BATISTA DO GLÓRIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/08/2008

Ótimo artigo. Parabéns!

Para vacas recém paridas forneço 1/3 do volumoso de cana-de-açucar e o restante silagem de milho tudo misturado no cocho. Gostaria de saber se isso é o ideal, ou deveria dar a silagem de milho depois a cana?

Um abraço,
obrigado
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/08/2008

Prezado Júnio César: como sempre, brilhante.

Gostaria de saber se as pontas de cana têm o mesmo efeito da cana propriamente dita ou seus ganhos são diferentes. Explico: possuo grande quantidade de cana plantada para produção de aguardente, que não aproveita as pontas das plantas. O fornecimento dessa matéria ao rebanho leiteiro traz os mesmos benefícios que a cana propriamente dita?

Em relação ao capim elefante, qual dos dois seria melhor aproveitado pelas vacas em lactação de média à alta, levando-se em conta o período de seca e a estação das águas?

Parabéns.
Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA -MG
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/08/2008

Prezado Marcio.
A recomendação mais tradicional é de usar 1% de uréia deluida em água e aplicada na cana durante a picagem ou fornecimento no cocho. O importante é que fique muito bem misturada com a cana. O tamanho de partícula teve ser de no máximo 1 cm de comprimento. A cana deve ser picada e não triturada. O sulfato de amõnio pode ser conseguido em casas agropecuárias ou de adubos. A proporçao é de 9 partes de uréia para uma parte de sulfato.

Prezado Paulo.
Não se iluda com a superioridade dos resultados apresentados com a dieta a base de silagem de milho. Lembre-se que esses dados foram obtidos para a micro-região de Piracicaba. Concordo plenamente que a silagem de milho é de valor nutricional superior a silagem de cana ou cana inatura, mas isso não significa dizer que necessariamente ser terá os problemas por ti apresentados no caso de se optar pelo uso de cana para alimentar o rebanho. O cuidado que se deve ter é em formular uma dieta que equacione as limitações apresentadas pela cana e usá-la consciente de que poderá ocorrer uma redução numérica na produção de leite. De posse de deita balanceada, a escolha sobre o que usar se deve mais a questões econômicas do que necessariamente nutricionais ou sanitárias.

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