Aspersão
Um aspecto importante a ser ressaltado sobre a aspersão é que ela não tem a finalidade de resfriar o ar. Através dela gotas largas de água são utilizadas para molhar o pelo e a pele das vacas e, com isso, o animal se resfria devido à evaporação da água, trocando calor de forma mais eficiente do que no processo de sudorese.
A aspersão, quando associada à ventilação natural ou forçada, aumenta a eficiência do resfriamento, pois acelera o processo de evaporação e evita que a pulverização das gotas ocorra em um só local, molhando também o piso e a cama dos animais.
Segundo estudos de Chastain & Turner, vacas submetidas à ventilação associada à aspersão em local sombreado possuem menor estresse calórico, havendo um aumentando de 7,8% no consumo de alimento, 12% na produção de leite e, além disso, ainda reduzem de 0,2ºC a 0,5ºC na temperatura retal e 29% na taxa respiratória.
Como utilizar
Para o controle do sistema de resfriamento, pode ser usado um termostato com um ajuste de tempo, que ativa o sistema quando a temperatura chega a 25,6ºC. Quando se usa a ventilação, esta é continuamente empregada mesmo abaixo dessa temperatura. Outra forma de aplicação deste artifício é através de um timer, o qual é ativado de forma intermitente, com períodos de aspersão de 1 min a 3 min, quando a umidade do ar está baixa, seguidos de 4,5 min a 15 min de parada no sistema (CHASTAIN & TURNER, 1994). Entretanto, estudos realizados posteriormente revelam que estratégias distintas de intermitência devem ser adotadas para diferentes níveis de estresse térmico. Além disso, há uma importante consideração a ser feita em relação aos custos. O fato é que este sistema de resfriamento utiliza entre 215 a 456 litros de água/dia/vaca para manter um conforto eficiente, e o uso da água aumenta em 84% o custo do sistema. Portanto, deve-se priorizar o intervalo com a menor taxa de aplicação de água, a fim de evitar desperdícios e preservar esse recurso natural.
A seguir, seguem algumas recomendações desses pesquisadores quanto à utilização do sistema de resfriamento:
• A velocidade do ar promovida pelos ventiladores deve variar de 1 m/s a 2,2 m/s, dependendo da direção do fluxo de ar.
• O sombreamento proporciona a obtenção do máximo benefício do resfriamento evaporativo direto, reduzindo o gasto de água do sistema em 26%.
• O sistema não é recomendado para a redução da temperatura durante a noite. Para essas horas, apenas a ventilação é suficiente, proporcionando uma redução no uso diário de água.
• A duração do tempo do ciclo do resfriamento depende da umidade relativa, das condições de umidade da pelagem dos animais e da carga radiante total incidente no animal.
Alguns pesquisadores enfatizam que os aspersores devem possuir um raio de ação de 180º, estar situados a uma distância de 2,5m entre si. Adicionalmente, eles devem ser posicionados a uma altura de 3 m a 4 m do solo e inclinados cerca de 20º a 30º para baixo, facilitando assim a circulação de ar no dorso dos animais. O sistema pode ser ligado automaticamente, quando a temperatura atinge valores acima de 27ºC.
Resultado de pesquisa interessante
Perissinotto e colaboradores em 2006, realizaram um estudo com vacas de leite, produzindo em média 20kg leite/dia - no terço médio de lactação - , com peso aproximado de 650kg e mantidas em free-stall comercial, para avaliar a preferência desses animais quanto aos sistemas de aspersão ou nebulização. Os animais foram divididos em dois grupos de 10 animais cada, sendo que para o tratamento 1 (T1), os animais foram mantidos em sistema com ventilação forçada e aspersão e para o tratamento 2 (T2), os animais foram submeticos em condições de ventilação forçada e nebulização (Tabela 1).
Nas condições ambientais resultantes do T1 os animais mostraram preferência para ficar parados na área da alimentação (tanto para comer e /ou apenas em pé), quando comparado ao T2. Esse aumento no tempo em pé, junto à área de alimentação, pode aumentar a incidência de problemas de casco, desta forma, vale ressaltar que a climatização no free-stall deve focar também a área das camas, para estimular os animais a permanecerem deitados a maior parte do tempo em que não estiverem consumindo alimento.
Refrigeração da sala de espera
Para finalizar este artigo ressalto a importância de se ter em mãos alguma estratégia para a sala de espera para a ordenha, visto que este é um ambiente com alto potencial para gerar estresse térmico, pois:
• Apresentam alta densidade animal, 1,5 m2/animal;
• Geralmente com ventilação ineficiente e
• Elevada produção de calor e umidade.
Se considerarmos que as vacas permanecem de 15 a 60 minutos, 2 ou 3 X por dia, na sala de espera, o estresse causado neste período pode resultar em uma queda de consumo de alimentos. Logo, alguns cuidados devem ser tomados no momento da construção de salas de espera, como tipo e inclinação de telhado, altura dos beirais, do pé direito e ainda uso de sistemas de resfriamento. Alguns estudos, como o de Huber(1990), mostram que salas de espera com sistemas de resfriamento repercutiram em aumento no tempo em que as vacas ficaram no cocho logo após a saída da ordenha. No Arizona, vacas que permaneciam em sala de espera provida com sistema de resfriamento (ventilação e aspersão), tiveram aumento na produção de 0,79 kg/d, em regime de 2 ordenhas diárias e em Israel, com 5 ordenhas diárias, o resfriamento na sala de espera resultou em aumento de 2,5 kg de leite/d.
Referências Bibliográficas
CHASTAIN, J. P.; TURNER, L. W. Practical results of a model of direct evaporative cooling of dairy cows. In: INTERNATIONAL DAIRY HOUSING CONFERENCE, 3, Orlando, 1994. Proceedings… Orlando: ASAE, 1994. p.337-352.
PERISSINOTTO, M. ; MOURA, D. J. ; MATARAZZO, S. V.; Mendes, A. S. ; NAAS, I. A. . Behavior of Dairy Cows Housed in Environmentally Controlled Freestall. Agricultural Engineering International:the CIGR Ejournal., v. VIII, p. 1-11, 2006.
HUBER, J. T. Alimentação de vacas de alta produção sob condições de estresse térmico. In: SIMPÓSIO SOBRE BOVINOCULTURA LEITEIRA. Piracicaba: FEALQ., 1990. p.33-48. 41
SANTOS, F. A. P; CARARETO, R. P.; PACHECO JÚNIOR, A. J. D. Conforto de Bovinos Leiteiros em Sistemas Intensivos De Produção. 6º Simpósio de Gado de leite – Fealq.