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Cana-de-açúcar em sistemas de produção de carne e leite à pasto - parte final

POR JOÃO JOSÉ ASSUMPÇÃO DE ABREU DEMARCHI

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/10/2001

6 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 19/10/2022

3. A conservação da cana-de-açúcar na forma de sacharina

Misto de silagem e feno, a sacharina pode se tornar uma alternativa interessante, principalmente para pequenos e médios proprietários interessados em melhorar o desempenho de sua atividade pecuária. Contudo, como qualquer técnica, precisa ser sempre avaliada com bastante cuidado para verificar se esta se aplica ao seu sistema. Cada propriedade possui características próprias, tal como os seres humanos. A disponibilidade da cana, de terreiros de café sub-utilizados, de mão-de-obra, equipamentos, galpões, etc. podem ser decisivos para viabilizar os uso desta técnica. Rebanhos leiteiros ou de corte que apresentem dietas com deficiência protéica e/ou mineral com certeza serão beneficiados. A possibilidade de armazenamento também pode ser um fator importante na utilização ou não desta técnica.

A sacharina é mais uma alternativa, como tantas outras, mas não uma solução para todos os males da pecuária brasileira. Porém, dois pontos são importantes salientar: 1) O produtor nunca deve se iludir com soluções milagrosas, como foram propostas em outras épocas, por exemplo, quando da introdução do Tifton (gramínea para pastagens) no Brasil, ou instalações como o Free-stall, transferência de embriôes, etc. Todas são importantes e viáveis para alguns sistemas de produção, mas a maioria não comporta esses investimentos e 2) Avaliações da relação custo:benefício são fundamentais para adoção de qualquer tecnologia ou produto e devem ser mais valorizados pela pesquisa científica.

Conclui-se sobre essa forma de utilização que o padrão de fermentação é normalmente insatisfatório, seus resultados equivalem a cana in natura, há baixos riscos de intoxicação por uréia, melhora as condições de manejo do canavial, há um aumento no custo de produção, reduz preconceitos e restrições ao uso da uréia, além de aumentar a sua divulgação e é mais uma alternativa como ingrediente. NÃO É RAÇÃO COMPLETA para máximos desempenhos.

Durante a palestra, utilizou-se de fita de vídeo apresentada no programa GLOBO RURAL da rede Globo de Televisão, salientado-se o método de produção, mas principalmente a importância do sistema de produção estar imune às pressões dos meios de comunicação a respeito de novas tecnologias. É preciso que o proprietário avalie o mérito técnico e também a viabilidade da incorporação desta no sistema de produção. HÁ MUITA VULNERABILIDADE NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO! Para reduzir essa fragilidade, acreditamos no aumento do conhecimento técnico dos produtores, treinamento de mão-de-obra, assistência técnica eficiente, pesquisa científica objetiva e divulgação das informações de forma responsável. NÃO EXISTE NADA MILAGROSO!

Observação: Para entender melhor a produção deste tipo de alimento, consultar outros artigos já publicados neste site.

4. Silagem de cana-de-açúcar

Conforme textos anteriores, durante o período das chuvas, não só a confecção de silagem é mais problemática, como também, optando-se pela administração da cana fresca, reduz-se a capacidade de mecanização das operações de campo, dificultando o corte diário e conduzindo a irregularidades no fornecimento do alimento.

Baseado nesta constatação, muito se tem comentado sobre a ensilagem da cana-de-açúcar. O que podemos afirmar é que atualmente se faz necessário o desenvolvimento de trabalhos de pesquisa na área de conservação da cana na forma de silagem, levantando problemas com o processo fermentativo (principalmente produção de álcool), colheita, armazenamento e desempenho animal (consumo de matéria seca, digestibilidade e produção de carne e leite).

Momentaneamente, os resultados de desempenho animal com uso da silagem de cana são freqüentemente inferiores aos encontrados para a cana-de-açúcar in natura. Isso ocorre principalmente pela maior produção de ácido acético e álcool. Por outro lado, há uma grande carência técnico-científica com o objetivo de definir os parâmetros agrícolas do cultivo da cana-de-açúcar para uso como planta forrageira, assim como trabalhos associando as características da cana-de-açúcar com o corte mecanizado e as necessidades nutricionais dos animais. A prática de ensilagem do excesso de produção do ano agrícola deve ser mais estudada, apesar dos primeiros dados publicados indicarem limitações significativas no processo fermentativo. Dessa forma, um grande problema de manejo da cana-de-açúcar estaria resolvido, que é o caso da cana "bis" ou de áreas queimadas indevidamente e que precisam ser conservadas de uma forma total num curto espaço de tempo.

O uso de aditivos microbiológicos à base de bactérias lácticas pode ser uma alternativa para limitar o crescimento de leveduras e, conseqüentemente, o aumento da produção de álcool e redução de consumo, digestibilidade e desempenho animal com o uso dessa silagem. Devido ao alto custo desse aditivo e da falta de garantia de retorno financeiro, não temos recomendado o seu uso. Porém, à medida que estes produtos sofrerem melhoria de qualidade e redução de preço e o processo de produção de silagem (todo o sistema, desde o plantio da cana até o manejo da desensilagem e alimentação) esteja otimizado.

Uma VISÃO MAIS AMPLA DE NEGÓCIO, ou seja, a visão de um sistema de produção de carne ou leite, ao invés de simplesmente avaliar o alimento volumoso individualmente, permitirá ao produtor decidir pela utilização da cana-de-açúcar na forma de silagem ou in natura, concluindo-se que a decisão pode ser mais acertada com qualquer uma, desde que outros parâmetros do sistema indiquem isso, principalmente com relação à disponibilidade da cana (excesso), disponibilidade e custo de mão-de-obra, disponibilidade de silos para armazenamento, disponibilidade de máquinas para colheita e ou picagem e até a TERCEIRIZAÇÃO da colheita. O que atualmente se constata é que a qualidade da silagem é menor do que a cana in natura, tanto do ponto de vista de ingestão de matéria seca como da sua digestibilidade. Porém, ganhos em outros segmentos do sistema de produção podem compensar essa perda e até aumentar a lucratividade do produtor.

O MAIORES ARGUMENTOS PARA A CONSERVAÇÃO DA CANA NA FORMA DE SILAGEM SÃO: MELHOR MANEJO DO CANAVIAL, USO DE SOBRAS DE CANA OU CANAS INDEVIDAMENTE QUEIMADAS E TERCEIRIZAÇÃO DA COLHEITA COM MÁQUINAS MAIS POTENTES. PORÉM, OS CUSTOS PODEM SER ELEVADOS E O VALOR DO PRODUTO FINAL INFERIOR. BASTA PONDERAR OS ARGUMENTOS ACIMA PARA TOMAR A MELHOR DECISÃO. NÃO ESQUECER QUE MAIS DE 80% DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE CARNE OU LEITE PODEM SE UTILIZAR DE CORTE MANUAL DA CANA E AFERIR MAIOR RENTABILIDADE.

Comentário do autor: Apesar do seu reconhecido valor como recurso forrageiro para o período de escassez de pastagens, a cana-de-açúcar ainda está longe de atingir níveis de utilização compatíveis com o seu potencial. Sistemas de produção de leite com médias de rebanho abaixo de 20 kg/vaca/dia podem ser perfeitamente manejados tendo como base esse volumoso. Mesmo sistemas mais produtivos podem utilizar a cana como volumoso para categorias animais menos produtivas, tais como novilhas, vacas em final de lactação e vacas no período seco. Da mesma forma, sistemas de produção de carne que requeiram suplementação volumosa podem recorrer à cana e obter excelentes ganhos de peso por animal e principalmente por área. O que é absolutamente necessário é que o pecuarista tenha uma visão ampla da ração ou dieta utilizada e que a mesma procure atender adequadamente as exigências nutricionais dos animais, o que garantirá que todas as deficiências da cana sejam solucionadas. Apesar da qualidade da cana-de-açúcar ser inferior à de muitos outros volumosos, a sua produtividade por área e o seu baixo custo podem trazer ao pecuarista retornos econômicos satisfatórios quando passamos a avaliar a produtividade animal não mais individualmente (kg/animal/dia) mas por área (kg de carne ou leite / hectare).

Fica claro que, apesar de já sabermos do potencial da cana como recurso forrageiro, o seu uso ainda está abaixo do seu potencial e ainda há um vasto campo para exploração pela pesquisa, principalmente com relação ao manejo agronômico, mecanização colheita e definição de alguns parâmetros a serem inseridos em programas de melhoramento genético de cana para que haja sempre uma atenção especial a possíveis cultivares industriais com um número maior de qualidades para uso na alimentação animal.


Fonte: DEMARCHI, J.J.A.A. Palestra proferida no 18º Simpósio de Manejo de Pastagens da ESALQ, em Piracicaba, SP, de 05 a 06 de setembro de 2001.

JOÃO JOSÉ ASSUMPÇÃO DE ABREU DEMARCHI

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