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Cães e vacas leiteiras: aborto define a relação

POR RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/05/2002

3 MIN DE LEITURA

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O cão é o hospedeiro definitivo e intermediário da neosporose, doença causada pelo parasita protozoário Neospora caninum. Este protozoário vem se destacando como um importante causador de abortos em vacas leiteiras, apresentando uma elevada prevalência nos EUA, Nova Zelândia e Inglaterra. Observe o ciclo de vida do parasita e entenda a relação entre o cão e o bovino (Fig. 1). O N. Caninum infecta diferentes hospedeiros, mas apresenta predileção pelos cães e bovinos. Dentre os hospedeiros intermediários podem ser citados os gatos, ratos, camundongos, coelhos, ovelhas, eqüinos, raposas e macacos.

Figura 1 - Ciclo de vida do Neospora caninum
 


Fonte: Giraldi, J.H., et al. Neosporose canina. Clínica Veterinária, n.34, p.50-56, 2001.

A neosporose é uma doença recentemente diagnosticada. Até 1988, esse protozoário era confundido com o Toxoplasma gondii em virtude da estreita similaridade estrutural e biológica entre ambos. Entre 1989 e 1990, foi identificado como um agente causador de aborto em bovinos. Já em 1991, foi reconhecido como o principal causador de aborto em bovinos no Estado da Califórnia - EUA. Em 1995, o diagnóstico da doença foi implementado pela técnica ELISA. Mas, para a implementação de medidas de controle para a doença, faltava definir qual era o hospedeiro definitivo. Recentemente, pesquisadores constataram que os cães são os hospedeiros definitivos do N. Caninum.

O impacto econômico da doença sobre os custos diretos irá variar de acordo com o valor do feto abortado. Entretanto, os custos indiretos incluem aumento nos dias em lactação, custos em emprenhar novamente a vaca, custos para estabelecer o diagnóstico da enfermidade, possíveis perdas na produção de leite e os custos envolvidos com a reposição animal (caso o aborto leve ao descarte do animal). O Estado da Califórnia - EUA, estima que as perdas econômicas envolvidas com a neosporose alcançam o valor de 35 milhões ao ano, considerando-se o fato de que, na Califórnia, 5 a 15% das prenhezes / ano terminam em aborto, e que cerca de 30% dos abortos (cerca de 40.000 abortos) são ocasionados pela N. Caninum.

O aborto é o único sinal clínico da neosporose na vaca adulta, ele pode ocorrer em vacas de qualquer idade, entre o terceiro mês e o fim da gestação. Alguns pesquisadores destacam como período de maior suscetibilidade o quinto e o sexto mês da gestação. Os fetos podem ser mumificados, autolisados, reabsorvidos, nascer vivos e acometidos pela doença, ou nascer vivos e clinicamente normais, mas cronicamente infectados.

O neonato acometido pela doença pode ser pequeno, apresentar distúrbios neurológicos, flexão ou hiperextensão dos membros e aparente assimetria dos olhos. O neonato cronicamente afetado cresce normalmente, mantém a doença no rebanho, e é futuramente um potencial candidato ao aborto.

O diagnóstico pode ser realizado através de provas sorológicas, utilizando-se a reação de imunofluorescência indireta e o método ELISA, ambos testes de alta especificidade e sensibilidade. A identificação do anticorpo anti-N. Caninum é um indicativo que o animal foi exposto ao parasita. Por outro lado, o resultado negativo exclui o diagnóstico de neosporose. Deve-se enfatizar que o diagnóstico precisa ser feito com amostras pareadas (dois exames intervalados de 30 dias). A imunofluorescência com título menor que 1:200 indica que já houve exposição do hospedeiro ao parasita, mas não à enfermidade. Os casos confirmados de neosporose exibem títulos maiores que 1:200. O exame do feto abortado define o diagnóstico, o ideal é enviar o feto inteiro para o laboratório; todavia, não sendo possível, deve-se enviar o cérebro, coração, fígado e soro. A lesão característica da neosporose é a encefalite focal. É importante ainda, a realização do diagnóstico diferencial, pois muitas doenças podem apresentar sinais clínicos similares, tais como IBR, BVD, Leptospirose, Brucelose, entre outras.

A N. Caninum é transmitida via transplacentária (a vaca infectada contamina o feto através da placenta). Vacas infectadas que já abortaram uma vez, podem abortar novamente. Não existem drogas que previnam a transmissão do parasito da vaca para o feto. Até o presente momento, acredita-se que não ocorra uma transmissão direta de vaca para vaca.

Para controlar a doença deve-se evitar o contato dos cães e das suas fezes com as áreas onde o alimento dos bovinos é armazenado, com os cochos de alimentação e cochos d'água. Além disso, deve-se impedir que os cães tenham contato ou ingiram fetos abortados, placentas ou bezerros nascidos mortos.

Por fim, deve-se ter uma preocupação crescente com a existência de animais domésticos juntamente com rebanhos leiteiros.

Fontes:

Giraldi, J.H., et al. Neosporose canina. Clínica Veterinária, n.34, p.50-56, 2001.

Dubey, J.P. Neosporosis in cattle: biology and economic impact. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.214, p.1160-3, 1999.

RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

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ROBERTO TADANOBU MIYAHIRA

ASSAÍ - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/09/2018

vaca leiteira podem conviver com cães? qual problema comum para a vaca leiteira ?
LUIS GUSTAVO CORBELLINI

OUTRO - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/03/2003

Não necessariamente uma vaca que abortou um feto positivo para Neospora caninum terá títulos maiores que 1:200 na IFI.
O parasito causa encefalite multifocal (não focal), miosite/miocardite, e nossos estudos têm mostrado que pneumonia necrozante multifocal também é comum.
Sinceramente,

Luis Gustavo Corbellini

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